segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Cuide-se















Haverá os
dias tristes,
os desditos
dias tristes.

Hão de ser
esses dias
flagelantes
e malditos.

Cuide-se.


É isto aí!




quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Dentro de mim



Por que temos
um ser assim
dentro de nós,

tão poderoso,
tão orgulhoso
e vulnerável?

Nunca basta
meu habitat,
interior e frio,

guardar você
dentro de mim
pela saudade


É isto aí!

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Cuidado com as sinapses


 Neurônio, precisamos conversar...

— Algia, agora não posso.

— Claro que não pode, mas está sempre desocupado para a Sinapse...

— Algia, você entende, mas não quer aceitar a realidade.

— Realidade, Neurônio? Realidade?

— Algia, sua missão é tão nobre quanto qualquer outra missão delegada aos nossos apoiadores da Homeostase.

— Homeostase? Você está brincando comigo, Neurônio. Homeostase é uma chata com perfil fitness! E quer saber? Fique lá com a histérica da Sinapse, mas não diga que não avisei: ela vai com qualquer um...


É isto aí!


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O Guichê 17


Introdução

Às vezes, a burocracia ganha ares de teatro. No balcão dos guichês, entre carimbos, formulários e normas, nasce uma comédia absurda — onde o cidadão se perde em detalhes e o servidor se refugia na arrogância do regulamento.

Foi desse cenário que surgiu dentro do Reino da Pitangueira “O Guichê 17”, uma pequena peça satírica que expõe, com humor e ironia, o choque entre a ingenuidade de quem busca ajuda e a rigidez impessoal do sistema.

No fundo, “O Guichê 17” não é apenas uma cena inventada. É o reflexo de um labirinto cotidiano em que todos nós, em algum momento, já nos vimos presos: entre filas, formulários e respostas automáticas.
A sátira revela o ridículo do excesso de burocracia, mas também nos lembra de algo essencial: a humanidade se perde quando a regra fala mais alto do que a escuta.


Personagens

  • Narrador

  • Atendente

  • Beverlin Rios

  • Voz ao Fundo


Cena única

(Luzes frias. Uma fila silenciosa diante de uma placa que brilha: “GUICHÊ 17”. O Narrador abre a cena em voz grave e metálica.)

Narrador
— Beverlin Rios!! Beverlin Rios!! Quem é Beverlin Rios???

(Beverlin ergue a mão, tímido, com papéis amarrotados.)

Beverlin Rios
— Aqui...

Atendente
— Levante o crachá e se aproxime do guichê 17, por favor.
— Me entregue os documentos na ordem que eu mandar. O senhor entendeu?

Beverlin Rios
— Sim...

Atendente
— Para o senhor e para os da sua espécie, a resposta correta é: “Sim, senhor”.
(pausa didática)
— Só para constar: esse “Sim, senhor”, com a vírgula, separa o advérbio do vocativo.
— A vírgula marca respeito — e a sua ignorância.
— Estamos nos entendendo?

Beverlin Rios
— Sim... acho que sim...

Atendente
Sim, senhor, seu pau de bosta!
— Vá até a bancada popular e preencha este formulário A1/45B com letra cursiva.
— Nome completo, data de nascimento, CPF e nome da mãe.

Beverlin Rios
— Onde encontro essa letra cursiva?

Atendente
— No seu cérebro! Mais alguma pergunta?

Beverlin Rios
— É com caneta ou lápis?

Atendente
— Caneta.

Beverlin Rios
— Azul ou preta?

Atendente
— Azul.

Beverlin Rios
— O senhor pode me emprestar uma?

Atendente
— No edital dizia que a portabilidade da caneta é obrigatória.

Beverlin Rios
— Eu li... mas não sabia o que era portabilidade.

Atendente
— Toma a caneta, seu coisado! Mais alguma pergunta?

Beverlin Rios
— Sim... não entendi esse negócio de nome da mãe... de que mãe estão falando?

Atendente
— Sinto, mas não posso dizer-lhe.

(Beverlin olha para o público, desesperado, mãos ao alto.)

Beverlin Rios
— E agora... quem poderá me socorrer???

Voz ao Fundo
(eco metálico nos alto-falantes)
— O próximo! Pode chamar o próximo...

(O Atendente recolhe os papéis com frieza. Beverlin permanece parado, derrotado. As luzes se apagam.)


É isto aí!

Sobre a imagem:

O Pensador é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna. (Wikipédia)

Artista: Auguste Rodin




quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A História Escondida da Argentina Negra


Foto/Gravura:  
 María Remedios del Valle, mulher afro-argentina considerada a “Mãe da Pátria”.


A História Escondida da Argentina Negra

Fonte Youtube: Canal Legado Africano

Você sabia que há 200 anos, 1 em cada 3 pessoas que caminhavam pelas ruas de Buenos Aires era negra? Em 1778, impressionantes 46% da população argentina tinha origem africana. Então... o que aconteceu com meio milhão de pessoas que simplesmente desapareceram dos registros?

Esta é a história da Argentina - um dos maiores desaparecimentos demográficos da história sul-americana que permaneceu escondido por décadas.

- Como Buenos Aires era uma das maiores concentrações de população africana da América do Sul?

- A história heroica de María Remedios del Valle - "Mãe da Pátria" argentina

- As 4 causas históricas do desaparecimento populacional

- Como o candomblé deu origem ao tango que conhecemos hoje?

- Por que milhões de argentinos não sabem de sua ascendência africana?

- As evidências que ainda existem escondidas em Buenos Aires.


PRINCIPAIS FONTES:

ESTUDOS ACADÊMICOS:
Censo Nacional de Argentina (2010) - População afrodescendente: 149.493 (0.37%)
Andrews, George Reid. "The Afro-Argentines of Buenos Aires, 1800-1900" (University of Wisconsin Press, 1980)
Estudos genéticos (2005): 2.2% de contribuição genética africana em Buenos Aires

FONTES HISTÓRICAS:
Censos Históricos Argentinos: 1778, 1887, 1895
Casa Histórica - Museo Nacional de la Independencia Argentina
Archivo General de la Nación Argentina

PESQUISADORES ESPECIALISTAS:
Miriam Victoria Gomes - Historiadora afro-argentina
Pablo Cirio - Antropólogo especialista em cultura afro-argentina

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Contos passionais


Foi assim: eu estava dormindo ou não, sei lá... acho que não. Mas também, bom, isto não é o mais importante — tão importante quanto achar o til neste teclado moderninho.

Então, ela veio na contramão da minha trilha, linda, linda, linda.

Fale alguma coisa. Diga algo agradável, romântico e verdadeiro. Pense rápido, pense rápido, pense... pense... não tão rápido nem tão devagar.

E foi aí que me deparei comigo mesmo: meus pensamentos embotaram, sabe? Ficaram ali, no tráfego intenso.

E deu que ela passou pelos meus olhos, atravessou minh’alma e seguiu seu destino — e eu fiquei ali, parado no sinal, no meio da faixa onde atravessam todos os sonhos.

É isto aí!