quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Palavras que rimam com você - V

 


Sonho lúcido 
corpo mente 
só nós dois, 
harmônicos 
metais nobres, 
sendo fundidos 
num cadinho 
fogo e paixão.

É isto aí!




quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Isso é amor, e desse amor se morre!


(Juiz) Senhoras e senhores, membros do Júri deste Tribunal da Consciência, hoje julgaremos o réu, aqui presente, pela acusação de ter decidido romper com seu amor eterno, buscando eliminar a saudade, a angústia de quem ama, a tristeza, a melancolia e o complexo elo com a outra parte, que segundo consta dos autos, guardou consigo toda a candura deste amor.  

Feito o introito, passo a palavra ao Promotor de Justiças Passionais:

(Promotor) Meritíssimo Juiz da Consciência, Inconsciência e afins, a Promotoria trabalha na tênue linha de que "se se morre de amor não se morre, quando é fascinação que nos surpreende" como ponderou Gonçalves Dias em legítima e explícita conjugação do verbo amar.

Concluindo este introito, ainda navegando nos ares passionais de Gonçalves Dias, assim o disse na sua autoridade poética aqui citada de forma plana, sem redondilhas, pois não se trata de um sarau:

Sentir, sem que se veja, a quem se adora; Compreender, sem lhe ouvir, seus pensamentos; Segui-la, sem poder fitar seus olhos; Amá-la, sem ousar dizer que amamos; E, temendo roçar os seus vestidos, Arder por afogá-la em mil abraços: Isso é amor, e desse amor se morre!

(Juiz) Com a palavra o nobre advogado dativo da defesa;

(Defesa) Meritíssimo, "Para sempre" é um tempo que não existe. Aqui ouso citar o gênio da sétima arte, o grande Charles Chaplin, a quem esta frase é atribuída, apesar de controvérsias poucas, mas há. Bem, a intenção aqui é explorar a linha de raciocínio do réu, e segundo Chaplin: "Nada é para sempre neste mundo, nem mesmo os nossos problemas" .

(Promotor) Protesto, Meritíssimo. Não temos provas suficientes para garantir de que Chaplin disse isto. E se o disse, não foi, com certeza, em português.

(Juiz) Negado. Prossiga a Defesa.

(Defesa) Senhores e senhoras membros do Júri, o "Para sempre" é de tal de maneira imaterial e desalinhado com a vida, que desindentifica o amor com a real e/ou (que  se danem as redundâncias, já que não bastam a abundância de ausências) suposta saudade carregada cada vez mais dentro de si mesmo com suplício. 

Da mesma forma, deparamos nos autos com estas duas palavras simples, que de uma maneira univitelina, quando juntas, transformam-se num ato de penitência: Falo da sentença social do  "Nunca mais".

O "Nunca mais" surge nas intempéries da dor como um ato indefectível, que não falha, insidiosamente incontestável e infalível. Todos aqui sabem que quando e enquanto se ama alguém, não há o que se pode destruir. Cremos piamente, de forma intuitiva,  que pela natureza elementar e natural das coisas, o amor sempre existirá; será eterno, imutável, indestrutível, imperecível. 

(Promotor) Protesto, está generalizando os sentimentos

(Juiz) Negado. Prossiga.

(Defesa) Pergunto à consciência de cada um neste tribunal, aos membros do Júri e ao Meritíssimo Juiz

- Senhores, quem suporta uma dor assim tão intensa? É possível, no centro de um furacão de sentimentos dolorosos, focar em pensamentos positivos e atos altruístas que teriam a responsabilidade de criar uma nova realidade sem vínculos ou sequer vestígios com a atual?
  
- Senhoras, quem nunca pensou em se entregar à paixões extemporâneas, buscando uma rota de fuga sem eixo de gravidade, sem chão, sem mobilidade tangencial para fugir deste tempo de angústia profunda?

- Quão dolorosa e' a via aos que permitem entregar-se de corpo e alma às repreensões fúteis ou inúteis da sociedade, sufocadas por choros secretos e rotinas maçantes?

(Juiz) Conclua, por favor

Prezados membros do Júri, Meritíssimo, não condenem este homem duplamente pelo mesmo ato. Ele já foi julgado e condenado pela sua experiência pessoal. Deixem-no ir, pois a ausência já o condenou a ser infeliz neste continuum  de dor.

(Juiz) Culpado. Condenado ao ad aeternum da angústia dos que amam. 

É isto aí!

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Cafubira, o contador de casos



Ô Cafubira, conta aqui pra turma sobre a vez que você encarou uma onça na mão.  

Nossassenhora, essa é fantástica. Foi assim - Estava andando a horas caçando a onça. No cansaço acabei dormindo numa pedreira. Acordei assustado com o canto com ruído grave e ritmo leve de uma coruja, anunciando a morte de alguém. Passei a mão no chão e senti que estava orvalhado. Aquilo era estranho. Abri os olhos bem devagar e pela luminosidade da lua crescente não reconheci o ambiente. Havia uma sinfonia de insetos, pássaros seguidos de silêncios espasmódicos. Só pode ser um daqueles sonhos malucos que vez ou outra me visitam, pensei. Nisto, de repente... 

Credo, Cafubira, você floreia demais.

Floreio nada não, eu vivo a vida intensamente. Agora atrapalhou até a minha linha de raciocínio. Onde eu parei?

Você parou falando - de repente ...

Então, de repente, quando dei por mim, adentrei na sala da casa do Tenorinho, tio da Zeldinha, cunhada da Virgulina e dei de cara com o velório da Virgulina. Crendeuspai. Aquilo foi um baque terrível. Até na noite anterior nós dois nos amassávamos de amor apaixonante no paiol velho do Zé da Noca. Eu assustei ao ver Virgulina, a moça mais bonita do mundo, morta e minguadinha, coitada. Aquela tripinha lerda estirada num esquife de pinus, cheio de brocas e manchas de sebo. Quando aproximei do corpo, a danada arregalou os olhos, segurou apertando minha mão e falou sussurrando - Cafubira, guardei o bilhete premiado da loteria atrás da ... e acabou remorrendo de novo, travando minha mão na dela, e quase que me levou pelo susto.

Cafubira, para com estas histórias, onde já se fui defunta ressuscitar e remorrer?

Aí, vocês tudo pedem para eu contar a verdade e atrapalham de novo. Quer saber como termina ou não?

Está bem, Cafubira, conta aí o resto da história.

Onde que eu parei?

Disse que a sua mão estava travada com a dela.

Ah, lembrei! Estava dormindo na rede do alpendre. Aí minha mão deslizou e parou na mão dela, senti a maciez e o carinho das sua carícias. Puxei ela para o meu peito, travei seu corpinho macio nos meus braços, puxei com força mesmo e a danada veio facinha facinha. Fomos às inimagináveis loucuras de um amor atemporal, forte e contagiante. Acabamos dormindo agarradinhos, e tudo se deu com total volúpia. Fui sendo acordado com total carinho por ela, já  de manhãzinha, ainda sem sol. Quando abri os olhos, era a onça que estava matando as galinhas do quintal. Expulsei a doida a tapas, chineladas e empurrões. Voltou mais uma vezes, a danada, e depois foi sumindo aos poucos.

É isto aí




quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Papo de Esquina 16/outubro/2024


- Por qual razão existem as guerras?

- Deve ser para estarmos sempre tristes, ou angustiados, ou ansiosos, ou coléricos, ou traumatizados, ou endividados ...

- Ou depressivos, ou embriagados, ou alienados, ou submissos, ou desinformados ...

- Acho que vou para casa chorar escondido

- Eu, eu ... não sei para onde ir, eu acho, não sei, deve ser isso ...

- Eu vou ali, mas antes vou tomar alguma coisa ...

É isto aí!


terça-feira, 15 de outubro de 2024

Cartas de Amor LXXXVII


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, somos feitos de orações coordenadas.

Calma meu bem, sei que sua ansiedade a corrói feito uma saudade dolorida, por isto peço que inspire lentamente pelo nariz e expire com naturalidade pela boca, acompanhando o movimento da minha mão direita. Inspire ... expire .. inspire... expire .. não pire ... vai, isso, muito bem, adoro seus olhinhos brilhando na minha memória.

Sei que ao ler o enunciado desta carta, pensará que me refiro às infinitas e extensas  ladainhas e orações coordenadas pelas suas tias Belinha e Estelinha, para purificação da mente e do corpo, em saudosos tempos infanto-juvenis. De certa forma, poderia ser este o caminho para propósitos salvíficos pessoais, mas em outra época e de outra forma adentraremos no mérito desta ação de cunho celestial.

Hoje prefiro falar-lhe no âmbito da sintaxe. Creio que somos orações coordenadas, no sentido gramatical, ora sindéticas ora assindéticas. Nossas ações, nossos verbos, nossos versos, olhares, afagos e saudades são misteriosamente  independentes entre si quando não precisam de outras orações para serem completamente compreensíveis. Nosso amor, mesmo que apareça junto de outra oração, pode ser entendido na sua existência, sem ela.

Queria que esta carta fosse um beijo, então que seja, pronto, é o beijo que o beija-flor há de dar em você ao lê-la. Somos nossas orações coordenadas, querida, é isto que somos. Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

Lembre-se sempre, meu bem, que nossas orações não estão, necessariamente, ligadas por conjunções, mas justapostas, ou seja, uma ao lado da outra, feito nosso destino.

P.S. Se der ou se for possível, mandarei notícias do mundo vindouro.

Saudades

É isto aí!


segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Cartas Avulsas XVI

 


Reino da Pitangueira, 
14 de Outubro de 2024
Por do Sol às 17h52min
Lua na fase Crescente
Estação Primavera


Apesar de, resolvi escrever esta carta. Nada de especial nela, a não ser o rompimento do silêncio.

Sou do tempo em que as cartas eram o que de melhor existia para cobrir distâncias com informes sobre tudo e todos. Receber uma carta era mais do que receber uma visita para o café. Era assunto para ser analisado nas formas, no candor; na análise do quão de  sinceridade e franqueza exteriorizavam no texto. Afora isto, sem recursos maiores do que os livros que atravessavam pelo menos duas gerações, cabia ainda estabelecer relações de sentido e de dependência entre palavras e orações.

Dito assim, não sei como as cartas caíram no desuso de maneira tão abrupta. Ler uma carta exigia dar o máximo de sinapses no Hemisfério esquerdo, que é responsável pela linguagem, raciocínio lógico, cálculos matemáticos, escrita e leitura, enquanto o Hemisfério direito, responsável pela criatividade, emoções, percepção de sons musicais, trazia no campo visionário da saudade o reconhecimento da face vinculando-o ao pensamento intuitivo.

Desta forma, o contorno da alma do/da remetente ia sendo aos poucos materializado e sensorialmente metabolizando um tempo único e privativo, numa outra frequência, numa outra dimensão, numa outra vida destas muitas que habitam em nós, eliminando as distâncias e as intempéries entre um problema  e outro. Enfim, espero ter superado as correntezas do rio de problemas que atravessam o nosso caminho e que se recusa a evitar já à jusante a inundação dos sonhos. 

É isto aí!




sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Indo e voltando ao lado do lado

 

Não sei como será ainda 

o formato deste espaço 

onde reina a Pitangueira. 

Muitas águas passaram 

e eu ainda do lado da ponte, 

que é o lado de cá 

vendo o mundo ao largo 

onde não há certo nem errado, 

só há.


Bem vindo! Não posso prometer flores nem água gelada.

É isto aí!


sábado, 1 de junho de 2024

Cartas avulsas XV (Para tudo há um tempo)


Reino da Pitangueira, 01 de Junho de 2024
Outono

O Blog agradece todo o carinho  e paciência, sou grato a todos os muitos leitores e leitoras nestes 14 anos anos de existência (Ao pé da Pitangueira nasceu em 2010 e os dois primeiros anos não estão mais publicados). 

Estou entrando num tempo de reflexão. Valeu, tudo valeu a pena.                                                      Gratidão, Gratidão, Gratidão! 

É isto aí!


01.Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu:

02.tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou.

03.Tempo de matar e tempo de curar; tempo de demolir e tempo de construir.

04.Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de gemer e tempo de dançar.

05.Tempo de atirar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de apartar-se.

06.Tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora.

07.Tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar.

08.Tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.

09.Que proveito tira o trabalhador de sua obra?

10.Vi o trabalho que Deus impôs aos homens, para que nele se ocupassem.

11.As coisas que Deus fez são boas a seu tempo. Ele pôs, além disso, no seu coração, a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina de um extremo ao outro.

12.Assim, concluí que nada é melhor para o homem do que alegrar-se e procurar o bem-estar durante sua vida.

13.Igualmente é dom de Deus que todos possam comer, beber e gozar do fruto de seu trabalho.

14.Reconheci que tudo o que Deus faz dura para sempre, sem que se possa ajuntar nada, nem nada suprimir. Deus procede dessa maneira para ser temido.

15.Aquilo que é, já existia, e aquilo que há de ser, já existiu; Deus chama de novo o que passou.

16.Debaixo do sol, observei ainda o seguinte: a injustiça ocupa o lugar do direito, e a iniquidade toma o lugar da justiça.

17.Então, disse comigo mesmo: “Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para cada coisa e um tempo para cada obra”.

18.Eu disse comigo mesmo a respeito dos homens: “Deus quer prová-los e mostrar-lhes que, quanto a eles, são semelhantes aos animais”.

19.Porque o destino dos filhos dos homens e o destino dos animais é o mesmo, um mesmo fim os espera. Tanto morre um como o outro. A ambos foi dado o mesmo sopro. A vantagem do homem sobre o animal é nula, porque tudo é vão.

20.Todos caminham para um mesmo lugar. Todos saem do pó e para o pó voltam.

21.Quem sabe se o sopro de vida dos filhos dos homens se eleva para o alto e o sopro de vida dos animais desce para a terra?

22.E verifiquei que nada há de melhor para o homem do que alegrar-se com o fruto de seus trabalhos. Esta é a parte que lhe toca. Pois, quem lhe dará a conhecer o que acontecerá com o volver dos anos?

terça-feira, 28 de maio de 2024

Uma viagem


Depressa, apressa, depressa 

agora agora agora

vai, vem, voa meu bem

volta, dê vagarosamente

o retorno de frenagem 

e desapressa, sem pressa

com carinho e apreço,

pousando no oceano

desta leve e astronômica

viagem à constelação

do seu bólido desejo.


É isto aí!


sábado, 25 de maio de 2024

Cartas avulsas XIV



Reino da Pitangueira, 25 de maio de 2024
Outono

Bem antes de você existir no meu sistema vital, processando todas as informações sensoriais à minha racionalidade e à espiritualidade, preciso dizer-lhe que morava dentro de mim, na infância, um ser que voava, sorria, brincava para nunca mais deixar de ser feliz, dava cambalhotas, gargalhadas e travessuras.   

Havia o céu todo para conquistar, a Lua, as estrelas, o chão do terreiro para ser meu mundo e a infância infinita. Tudo isto estava ali, nas mãos inquietas de unhas sujas, nas solas dos pés ágeis, nas asas da imaginação, nos sonhos de resolução de todos os problemas. 

Havia desde as dores do mundo, passando pelos pais eternos, que nunca erravam, nunca mentiam, nunca faziam algo de maneira equivocada. Tinha a professora linda e apaixonante, a escola mágica, as amizades para sempre e a inocência.

Havia os amigos imaginários e a as super qualidades da minha identidade secreta salvadora do mundo. Sim, eu e este universo que existia dentro de mim éramos imbatíveis. Tinha a bola, os amigos pedra, as formigas e seus exércitos do mal, a corrida dos besouros, o banho gelado e o sono reparador. 

De uma maneira que só a vida explica, tudo isto agora faz sentido. Você é parte deste todo do mundo que habita em mim.

Fonte da Fotografia: Pinterest

É isto aí!

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Cartas avulsas XIII



Reino da Pitangueira, 22 de maio de 2024
Outono

A muito tempo não escrevo estas cartas livres sem preocupações outras que não seja a  de apenas escrever. Isto pode parecer estranho, mas estava envolvido num túnel de hiato passional isento dos pecados mortais - graças a Deus - aqueles que todo mundo sabe que existem mas talvez se lembre somente de um ou dois: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba não estavam neste túnel. 

Falo do hiato passional como o período sabático que criamos ao alterarmos a rota de colisão da vida com nossos desejos, entrando numa estrada desconhecida, em fuga, e lá longe faz-se a saída numa rota alternativa supostamente mais segura. Enfim, o hiato passional é o período de cicatrização das dores feitas ou recebidas, não importa a origem, dor é dor, alegria é alegria e euforia passa rápido e vicia. 

Nesta manhã de temperatura baixa estava pensando nas músicas que permitiria tocar no meu velório. Sim, é um assunto que parece fúnebre, mas convenhamos, nunca vi e ouvi músicos e músicas de tamanha péssima qualidade como as que são divulgadas pela mídia em massa neste  século XXI, deixando os ouvintes intoxicados por lixo sonoro. Como meus descendentes explicarão aos seus descendentes  que nesta época o lixo muxical imperou na pátria amada, idolatrada salve salve.

E a chuva avança em várias partes do mundo desmatado e desaguado. Vai ser difícil as condições nos próximos cem anos, mas você poderá estar lá para relatar que conheceu árvores frutíferas, frondosas, regatos, córregos, corredeiras, cascatas, rios e lagoas. Lembrará das famosas sacolas de plástico e garrafas PET que entupiram até os oceanos. E tem gente que acha que só aquele artefato bélico, que faz devastação concomitante em massa, seria danoso.

Por hoje é só! Guarde esta carta num cofre, sei lá, pode ser interessante lermos daqui a 40 anos para rirmos um pouco. Ah, e as músicas para tocar no meu velório,  depois escolho, estou sem pressa.

Um abraço!

terça-feira, 21 de maio de 2024

Papo de Esquina 19/05/24



- Eu sou do tempo em que havia tempo para tudo ...

- E hoje o povo sempre  reclama que o tempo passa depressa demais.

- Sabe que é engraçado ter tanta rede social, registrar tudo, e reclamar que não tem tempo ...
  

É isto aí!

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Troco por nada nesta vida ...

Fonte da imagem: Pinterest


Acordou ainda sonolento, vestiu  a roupa amarrotada, fez um rápido ritual de ablução, olhou para os cabelos, passou a água fria neles, enxugou com um pano velho, que um dia foi a camisa com a qual corria as várzeas como um herói da periferia, o xerife do meio de campo do time da comunidade. 

Procurou café, acabou; procurou leite, acabou; procurou pão, acabou; fechou o punho e o encostou na boca, buscando uma solução para a necessidade imediata. Saiu no quintal, puxou um abacate do pé da vizinha, e ao puxar, caíram dois. Partiu-os ao meio cerimoniosamente, raspou com a colher e deu-se por satisfeito. 

Ao sair da casa, percebeu que estava descalço. Retornou, procurou pelas sandálias de couro cru, calçou-as, já bem gastas e manchadas, mas era o que tinha. Pegou a velha bicicleta e atravessou a trilha no meio do mato, ora morro acima, ora morro abaixo,  e com sorte, em cerca de meia hora chegaria ao trabalho.

Na volta passou na venda, comprou café, leite, pão, trigo, maisena, farinha de milho, farinha de mandioca, sal, açúcar, arroz, cachaça e fumo de rolo. Tomou um banho frio, sentou-se com a companheira de longa data, na frente da casa, espiando o por do sol. Daí filosofou em voz alta:

Vidão, hem Nenzinha!!! Troco por nada nesta vida ...


É isto aí!

  

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Conheça o poder do ato de abandono




Jesus disse que não existe novena melhor do que esta (e ela só tem 11 palavras):

Ó meu Jesus,

Eu me abandono ao Senhor!

Jesus, assuma o controle.

Conheça o poder do ato de abandono

Eu peço a Deus tudo aquilo de que preciso. Muito. Às vezes, parece que isso é constante e eu vivo dizendo, de manhã até a noite: “Senhor, por favor me dê isso” ou “eu preciso disso”. Frequentemente, as minhas necessidades também se espalham para as conversas com amigos. Sempre peço que orem em meu nome por diversas intenções.

Embora eu tente não deixar minhas necessidades serem o foco exclusivo da minha oração, isso é quase inevitável. Tanto que, às vezes, eu me pergunto se eu não estaria sendo muito carente.

E chego à seguinte conclusão: todos somos carentes; isso é parte da condição humana. Porém, embora nossa necessidade nos torne um pouco vulneráveis ​​e fracos, Deus vê isso de forma diferente. Ele conhece nossas necessidades. E elas o glorificam, dando-lhe a oportunidade de nos dominar com sua bondade e piedade.

Dolindo Ruotolo, um frade capuchinho que viveu de 1882 a 1970, compreendeu profundamente a relação entre nossa necessidade e a bondade de Deus.

Ordenado aos 23 anos, Dolindo passou a vida em oração, sacrifício e serviço. Ele ouviu confissão, deu orientação espiritual e cuidou dos necessitados. Por um tempo, serviu como diretor espiritual de Padre Pio. Inclusive, quando alguns peregrinos de Nápoles, onde residia Dolindo, iam para Pietrelcina, Padre Pio costuma dizer: “Por que vocês veem aqui, se vocês têm Dom Dolindo em Nápoles? Vão até ele, ele é um santo! ”

O frade tornou-se conhecido por sua espiritualidade de rendição. Bem consciente da fraqueza e da necessidade humanas, Dolindo viu isso como uma forma de promover uma união contínua com Deus.

Ao nos convidar a levar continuamente nossas preocupações e preocupações ao Senhor, ele nos ensina que o foco de nossas orações não deve permanecer em nossas necessidades. Ele nos encoraja a levar nossas necessidades a Deus, deixando-o livre para cuidar de nós em sua sabedoria. Dolindo nos diz que o Senhor prometeu assumir plenamente todas as necessidades que confiamos a ele. 

Nas palavras de Jesus a Dolindo:

“Por que você se confunde com a sua preocupação? Deixe o cuidado de seus assuntos para mim e tudo ficará em paz. Digo-lhe, na verdade, que todos os atos de entrega verdadeira, cega e completa produzem o efeito que você deseja e resolvem todas as situações difíceis. (…)

Mil orações não são iguais a um ato de abandono; nunca esqueça isso. Não há melhor novena do que esta: ó Jesus, eu me abandono ao senhor. Jesus, assuma o controle.”

Muitas pessoas já testemunharam curas e graças obtidas depois de seguir os conselhos de Dolindo sobre a constante realização do ato de abandono à Divina Providência. A oração de rendição também pode ser feita em sua totalidade ou em nove segmentos mais curtos, como uma novena diária.

Eu tenho feito a novena sugerida pelo frade Duolindo há quase um ano e acho que ela não é apenas uma lembrança da importância de trazer minhas necessidades e preocupações ao Senhor, mas também uma fonte de grande consolo e encorajamento.

Dolindo Ruotolo é atualmente Servo de Deus; sua causa de beatificação está aberta.

Ato de abandono à Divina Providência:

“Meu Deus, eu desconheço o que me poderá acontecer neste dia. Sei, porém que tudo o que me acontecer Vós o haveis disposto, previsto para o meu maior bem. Basta-me sabê-lo, ó meu Deus, para sossego e tranquilidade do meu coração.

Sei que tudo estará em conformidade com a vossa vontade e o Amor infinito que me consagrais como Pai, o mais amável e amigo, o mais fiel. Sou qual frágil criança, que nada posso nem na ordem da natureza, nem na graça e nem sequer posso ter um bom pensamento em Vós.

Entrego-me totalmente ao vosso paternal amor, sabendo que, assim como a mãe conduz só para o bem o filho que leva nos braços, assim Vós e melhor do que ela, só podereis dar-me o que for melhor para minha felicidade, santificação e salvação. Abandono-me inteiramente aos vossos santos, impenetráveis e eternos desígnios, e a eles me submeto de todo o coração.

Quero tudo, aceito tudo, tudo Vos ofereço, unindo-me ao sacrifício do Vosso querido Filho Unigênito e meu Salvador. Em nome de Jesus Cristo, pelo seu Santíssimo Coração e pelos seus merecimentos infinitos, peço-Vos a paciência nos sofrimentos e a perfeita conformidade com Vossa vontade por tudo o que Vós quiserdes e permitirdes. Amém”.

Fonte: pt.aleteia.org

Há uma guerra


Nada se fala, mas ...
há uma guerra
louca e fratricida

todas as guerras
são parricidas ... 
pessoas parecidas ...

matar e destruir
sem remorso 
a mística alma

é matar os sonhos
fazendo da guerra
um ser suicida.

É isto aí!

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Cartas de Amor LXXXVI

 


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, vamos mergulhar no Mar dos Sargaços


Calma, meu bem, calma!! Isso... inspire... expire...relaxa, de 10 a 1 bem devagar, sei que você gagueja do cinco para o quatro, mas não vou rir. Não desta vez. Vamos ficar aqui, frente a frente, face a face, olhos fechados, mãos dadas até nossas respirações parearem, até nossos corações serem a mesma batida, está sentindo? Sente as sinapses em luminescência quântica espalhando nosso amor, um no outro, num fluxo contínuo e conjugal?

Saiba querida, que este mar dos Sargaços é o único mar da Terra que não possui costa, nem praia, nem falésias, nem pessoas admirando o sol escaldante de um dia de verão. É uma enorme piscina de água quente e salinidade acima da existente no Oceano Atlântico. Além disto, possui uma enorme massa de algas (Sargassum, daí o nome) que viaja todos os anos da Europa e África Ocidental até o Golfo do México.

Veja, meu bem, o Mar dos Sargaços é um mistério, como o amor é um mistério. Do século XIV até os dias atuais, centenas de histórias, testemunhos e documentos narram desaparecimentos de navegações de vários portes e até aviões. Mergulharmos no Mar dos Sargaços seria como abandonar o padrão do amor deste século que se torna “líquido”, como constatou o sociólogo Zygmunt Bauman

Eis que segundo Bauman, cada um está sendo levado a inventar seu próprio “estilo de vida” e a assumir seu modo de gozar e de amar. Os cenários tradicionais de amor, respeito, parceria, conexão natural, cumplicidade, etc caíram em lento desuso. 

Então, querida, eu convido você a fazermos uma incursão ao desconhecido dos Sargaços. Perdoe, meu bem, não saber dizer de uma maneira mais comum, pois estamos em tempos incomuns, onde a verdade líquida, as fake news, o ódio, o engano, a traição, a violência física, o gaslighting, enfim, todo o mal está concentrado em pelo menos três gerações perdidas.

Eu não sei não amar você. Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado. Saudades!

É isto aí!

Fonte Youtube:   PENAS DO TIÊ (Folclore Brasileiro) Coral Raio de Sol
Página Youtube: Denys Nunes
            Maestro: Kaiky Nunes e Coral Raio de Sol

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Você é um escolhido. Nunca revele estas quatro coisas:


Salmo 1

1 Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

2 Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.

3 Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.

4 Não são assim os ímpios; mas são como a moinha que o vento espalha.

5 Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.

6 Porque o Senhor conhece o caminho dos justos; porém o caminho dos ímpios perecerá.


 Fonte Youtube Manuscrito Sagrado (@manuscritosagrado

Você é um escolhido. Nunca revele estas quatro coisas:


01 Nunca revele suas primeiras vitórias e avanços. Salmo 23,5

02 Nunca revele Planos, Sonhos, Desejos: Seja cuidadoso ao revela-los Proverbio 29,11

03 Nunca revele Assuntos Familiares. São privados. 

04 Nunca revele Encontros Espirituais íntimos com Deus. 

domingo, 12 de maio de 2024

Meu encontro comigo


Certo dia estava numa igreja, contemplando o Divino Eterno, quando sentou ao meu lado um homem que era eu. Como isto pode acontecer - perguntei? Ele estava confuso e disse que não reconhecia nada, sequer arquitetura das casas, traçado das cidade, automóveis, roupas, etc. Como parecia ser alguém em quem confiar, pedi que contasse a sua história. Assim narrou:

"Era domingo, ou sábado, não me lembro bem, mas o dia do mês era três ou seis, ou um dos dois, ou talvez sete. Espera, com certeza era dia oito, uma quinta feira, do mês de setembro do ano de sei lá, isto tem muito tempo.

Naquele dia saí de casa determinado a ser feliz. Parei no sinal para pedestres, demorou muito tempo para ficar verde, atravessei e só vi o clarão seguido de um profundo silêncio. Agora estou lembrando, havia uma senhora que conversou comigo e era muito simpática e um ar de calma. Perguntou meu nome esqueci - caramba - esqueci meu nome e a minha identidade como indivíduo. 

Não havia mais ninguém. Só eu e aquela senhora simpática de sorriso largo. Isto, ela tinha um sorriso largo e dentes alvos. Aproximou delicadamente do meu ouvido e falou algo ininteligível. Enquanto falava ou quando acabou de falar, ouvi passos, e ela desapareceu. Tive a impressão que desintegrou no ar. Estava confuso e quando recordo fico muito mais confuso. 

Escutei sirenes, senti meu corpo amarrado, três ou quatro pessoas em cima de mim falando coisas abstrusas, supostamente complexas, numa enigmática caixa de luz, com vários bips soando a sirene de um lugar sacolejante. O corpo ia ora para a direita, ora para a esquerda, num turbilhão de sacolejos, e vez ou outra sentia meu corpo tentar sair das amarras que o continham.

De repente sofri uma imensa força gravitacional para a esquerda, seguida de várias voltas em torno do próprio eixo da caixa de luz. Levou um tempo infinito até parar de girar. Era um silêncio nunca percebido, a paz me serenou os ânimos e adormeci. Acordei numa confortável cama, e ao meu lado a mesma senhora simpática de sorriso largo.

Olhou para mim sorrindo e sem abrir a boca e disse para meu eu interior - não vai acontecer nada, fique tranquilo, é hora de voltar. Foi então que fechei os olhos e acordei num domingo ou sábado, não me lembro bem, mas o dia do mês era três ou seis, ou um dos dois, ou talvez sete. Espera, com certeza era dia oito, uma quinta feira, do mês de setembro do ano de sei lá, isto tem muito tempo. Chovia muito e resolvi ficar em casa.

Quando saí de casa, não mais reconheci o lugar, comecei a vagar por entre estruturas físicas de onde entram e saem pessoas, devo ter andado por horas, até que uma senhora simpática de sorriso largo me trouxe até a entrada este lugar e disse que neste templo eu me reconheceria. E agora estou aqui "

Ao escutar a narrativa daquele estranho que sou eu, mas não está em mim, corri em direção à porta, que se fechava lentamente. Saltei desesperadamente na intenção de fuga. Passei pela fresta e  só vi o clarão seguido de um profundo silêncio...

É isto aí!


sábado, 11 de maio de 2024

Eu sonhei com você!


Sonhar é a manifestação
da melhor parte da vida.
É render-se à imaginação
desligada da dor profunda

Há o mundo das graças
que não se apagam jamais,
Há o desejo, a falta, o éter
da vida abrindo portas

Sonhar não se restringe
às coisas inatingíveis, 
querer muito alguma coisa
ou pensar insistentemente.

Sonhar é um ato de amor
indelével para consigo,
desejo de paixões vívidas
restritas a si e à alma


É isto aí!




sexta-feira, 10 de maio de 2024

Pindorama e a quadrilha



 Olha o passeio na cidade!

 Balancê! 

Preparar para o cumprimento! 

Damas pra um lado, cavalheiros para o outro. 

Dama cumprimenta cavalheiro! 

Cavalheiro cumprimenta dama! 

Anarriê! 

Olha o passeio na cidade! 

Balancê! 

Preparar para a cesta! 

Cestinho de flor! 

Anarriê! 

Olha o passeio na cidade! 

Balancê! 

Voa andorinha! 

Voa gavião! 

Anarriê! 

Olha a grande roda! 

Preparar o caracol. 

Começar! 

Anarriê! 

Olha o caminho da roça! 

Olha a chuva! 

É mentira! 

A ponte caiu! 

É mentira! 

Olha o pai da noiva! 

É mentira! 

Olha a cobra!

É mentira!

Olha a árvore caída!

É mentira!

Olha a  ventania!

É mentira!

Olha a tempestade!

É mentira!

Olha o buraco!

É mentira!

Olha a vacina!

É mentira!

Olha o aquecimento global!

É mentira

Olha a mentira!

É mentira, quer dizer, é verdade, espera, vou consultar no meu grupo ...


É isto aí!