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Hamlet, de Laurence Olivier |
Nesta sexta pela manhã subi a Colina do Bom Senso do Reino da Pitangueira para avistar a bela e recatada idolatrada, deitada eternamente do outro lado da linha que nos une e nos divide concomitantemente. A palavra do dia dita pelos nativos é gangster. Pois bem, aqui é necessário refletir se uma história se repete como farsa ou como aprimoramento.
A origem dos gangsters aconteceu quando lá no norte alguém de boa-fé proibiu a produção e venda de bebidas alcoólicas (toda a inteligentzia sabia que isto teria efeitos colaterais, mas curiosamente deixaram passar). Assim, várias quadrilhas que faziam pequenos serviços ao redor do poder, passaram a também fazer o contrabando de álcool.
Em Pindorama a origem é desconhecida, parece que vieram em alguma das caravelas. O fato é que a crise do fogo amigo entre os gangsters caboclos deu-se quando forças globais começaram a fechar o cerco sobre a produção e venda de combustíveis nativos (toda a inteligentzia sabia que isto teria efeitos colaterais, mas curiosamente deixaram passar). Assim, várias quadrilhas que faziam pequenos serviços ao redor do poder, passaram a também fazer o contrabando de derivados ativos de hidrocarbonetos alifáticos, alicíclicos e aromáticos.
Mais tarde, no norte, quando a proibição ficou sem efeito, supostamente ocorreram várias tentativas para desmantelar as organizações criminosas comandadas pelos poderosos contraventores, mas isso não foi possível, porque eles já tinham atingido uma grande força e autonomia. Alguns ficaram tão famosos quanto artistas de cinema ou celebridades.
Daqui, da Colina do Bom Senso, apesar da baixa visibilidade nacional, vejo e escuto aqui e ali que quanto mais ações coercitivas são feitas para combater os suspeitos de sempre, mais ocorrem estranhos fenômenos paranormais, através de fatos bizarros e coisas exóticas hamletianas bem ao estilo de Laurence Olivier, que retirou toda a discussão política do texto original para promover um drama psicológico - onde já vi isto? Ah, sim, claro - dos simpáticos movimentos pelo direito a liberdade (de quem?) - detesto política, sem politica, sem bandeiras, etc etc etc etc.
No norte, por muitos anos, as famílias andaram se estranhando, invadindo aqui, matando ali, se ferindo lá, tomando um hotel aqui, um cassino ali, enfim, a gula acabou por diluir o poder, que não se acabou, mas profissionalizou-se a ponto de parecer coisa normal, daí virou livros, novelas, filmes, tudo bem romântico.
Em solo caboclo parece que estão nesta fase. Quem viver ou sobreviver verá que tudo mudará para que nada aconteça de novo sob o sol abaixo da linha do equador (mas aí é outro filme dentro do filme - coisas do paraíso tropical), daí haverão livros, novelas, filmes, tudo bem romântico, mas sem política - afinal eles detestam política.
É isto aí!
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