A primeira questão levantada prendeu-se com as
personagens aí mencionadas, desde cedo identificadas com D. Paay Moniz da
Ribeira e com a sua filha Maria, a célebre “Ribeirinha”, amante do rei
português D. Sancho I, de quem teve três filhos.
Esta identificação condicionou
inevitavelmente a procura da identidade do trovador-autor e, sobretudo, a
datação do texto, ao qual se atribuiu uma cronologia que faria dele “o mais
antigo cantar de amor galego-português”, escrito ainda no séc. XII. Somente
em tempos recentes foi possível estabelecer um consenso em torno da cronologia
do poema, em grande medida decorrente da sua definitiva (?) atribuição a Paay
Soares de Taveiroos,
No mundo nom m’ei parella (No mundo ninguém se assemelha a mim)
mentre me por como me vay, ( enquanto a vida continuar como vai,)
ca ja moiro por vos e ay! (eu cá morro de amor por vós, e ai)
Mia señor, branca e vermella, ( minha senhora, branca e vermelha,)
queredes que vus retraya ( quereis que vos retrate [nos versos])
quando vus eu vi en saya. (quando a vi sem manto, em traje doméstico.)
Mao dia me levantey, (Maldito dia em que me levantei)
que vus enton nom vi fea! ( e que não a vi feia)
E, mia señor, des aquella ( e, minha senhora, desde aquele dia)
i me foy a mi muy mal, ai! (tudo me foi muito mal, ai!)
E vus, filla de don Pay ( E vós, filha de Don Paay Moniz)
Moniz, e ben vos semella (e bem vos pareceria)
d’aver eu por vos guarvaya, (de presentear-me com seu manto real)
pois eu, mia señor, d’alfaya (pois eu, minha senhora, como presente)
nunca de vos ouve nen ey (nunca de vós recebera nada)
valia d’ũa correa. (que valesse um tostão)
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