terça-feira, 21 de julho de 2015

Odete e a voz rouca do Eixão de Brasília

Liguei para Odete dia destes, assim, do nada e ela não atendeu. Para espanto e frenesi, meu potente Nokia da era glacial dos celulares deu sinal de vida útil às duas da manhã. Acordei sem acordar, confuso e perdido, de maneira que custei a entender que havia vida em sussurros além daquele aparelho analógico.

Do outro lado da célula (quem tem linha é o bom e incomparável fixo), estava Odete. Conta a lenda que certa noite de plena escuridão e abandono da capital tupynambá, num gelado Julho de recesso de todo Plano Piloto, pelos anos 70, comandando um estonteante batalhão de moças de família a partir do Torre Palace (Setor Hoteleiro Norte), Odete puxou a manifestação de duas dezenas de mocinhas entediadas, nuas, em pelo de portentosos espécimes (sic) da cavalaria verde-oliva. Mas é apenas uma lenda, diz ela sempre sorrindo quando ouve falarem deste episódio. 

- Querido, desculpe não ter ligado antes.

- Odete, que saudade, que emoção, que vontade de...

- De estarmos juntos novamente? Hummm, isto é bom!

- Ééé... então, Odete, o que tem de novo em Brasília?

- Querido, de novo no Plano Piloto só mesmo a velha rodoviária repaginada.

- Mas e a crise, Odete? E a tal da Lava-Jato?

- Então, sabe a Cristina Sem, uma vadia que me roubou o Fernandão e namora com o Ruizinho, marido da Estela, que é amante do Geraldão, que é casado com a irmã da cachorra? Então, aquela cadela falou com a Carminha, minha prima, que contou para a Didi, que comentou com a Jurema, que fez uma pelação, melação, delação, felação, sei lá, premiada no Carlinhos Botox, que por sua vez me confidenciou em legítimo segredo num momento único de levantamento de cóccix sem derrubar a taça de dry martini, mas cutucando a azeitona, que a companhia de limpeza não vai perdoar nem o brigadeiro do Leblon. Tudo que está podre, vai aparecer, me disse Carlinhos, aiai... em estase intravenosa.

- Caramba, Odete, então a coisa é séria mesmo.

- Ai, amor, para de falar nestas coisas e vem cá me chamar de penosa... vem...

- Não sei, a ideia é muito... espera.... espera.... pensando bem... alô... alô... droga, o poleiro caiu.

É isto aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!