quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Lo Borges - Sem retrato, posto que é imortal

 

Lo Borges,

Difícil escrever esta carta para você. Não lembro bem como foi a primeira vez que parei para escutar sua voz mineira, num tom  suave e sossegado. Era lá no inicio da década de 1970, em tempos difíceis, de pouca e rara beleza, mas com muita vontade de mudar. 

Sempre o considerei o John Lennon do Clube da Esquina, e acredito que além disto, até para todo o sempre, a sua versatilidade como cantor e compositor, com uma voz que se integrou perfeitamente ao estilo musical inovador do Clube da Esquina, numa mescla da MPB com rock, jazz e ritmos folclóricos, será sempre coisa e propriedade do registro da sua humanidade marcante, com louvor pela sua existência neste belo e imperfeito planeta azul . 

Para você ofereço abaixo, este poema lindo da Cora Coralina, que ele conforte sua nova paisagem da janela lateral de onde se abriga no Paraíso. 

Meu epitáfio (Cora Coralina)

Morto... serei árvore,
serei tronco, 
serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

Fica a saudade, simples como sua vida, sem retratos, sem autógrafos, sem nada, posto que agora é imortal. 

Um abraço!

É isto aí!



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