sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Odete, a amazona do Paranoá


Tempos novos exigem mudanças radicais. Perdi meu Nokia original, e mediante a dor da perda, radicalizei e adquiri uma maravilhosa verve tecnológica da dinastia Ming: Núbia. Sim, ela existe. Seu nome de registro é Nubia Lite Snapdragon, e para mim, apenas Núbia - uau.

Desde então, a vida imitando a arte, me apaixonei pela moça. Noite destas, em deleite extraquântico, Núbia começou a vibrar vibrar vibrar e só então percebi que era Odete do outro lado da célula, tentando incorporar-se no corpo frágil da deusa oriental.

Odete, reza a lenda, nos anos dourados incorporava o espírito de Hipólita entre a nata e a sobrenata do poder provinciano do Paranoá, e fazia coisas espantosamente inenarráveis com o seu cinturão mágico, montando em cavalos mancos e senis, promovendo o delírio mundano aos bons velhinhos da corte.

- Odete, que surpresa agradável!

- Olha aqui, seu tarado, continua de caso com a  Nubia Dragão?

- Olha o ciúme, Odete, é Núbia Lite, e não Nubia, e sim, é da família Snapdragon. Núbia da Casa Snapdragon, Primeira de seu nome, Nascida da Huawei, A Nougat, Mãe dos Dragões, Qualcomm das correntes, Mãe dos Gorilas Glass , Khaleesi dos Snapdragons, Rainha Ming, Rainha de Beijin, Dos Macaus, Dos primeiros Hong-Kongs, Protetora dos sete reinos da Grande Muralha.

- Mas o que é isto? Você está de caso com a Daenerys Targaryen ou está fumando cigarro afegão?  Para de perder tempo com esta parafernália ultrapassada, vem me ter em Brasília.

- Mudando de assunto, para não perdermos o foco, a que devo a honra, querida?

- Humm... querida...gostei disto. Amore, vem me ter, larga deste objeto frio e insensível, vem sentir a realidade superando o virtual, sou de carne, osso e alma, e sou sua deusa, sua ninfa ...

- Nossa! - falando assim desta maneira ..., bem, vamos aos fatos, Odete, quais as novidades?

Amore, como sabe, detesto fofoca. Eu só conto aquilo que tem prova material, espiritual e consensual.

Claro, querida, eu sempre soube disto. Então, tem muitas notícias depois deste desaparecimento por meses?

Uau, amore, ainda sou sua querida? uau!!! Perdão pelo sumiço, mas os ares de Brasilia estão com densidade no limite previsto para as "atms" que pressionam o solo. Mas dias destes estava com Vivi, prima do Valsa, ah! estou lendo você falar sobre ele - figuraça - Valsa é o Forrest Gump tupy-guarany.
Bem, voltando à Vivi, nós duas estávamos despidas de sentimentos na borda de determinado balneário privê de uma instituição pública onde alguns velhinhos sencientes comparecem para acertar argumentos, digamos assim.

Sencientes, Odete?

Amore, puxa vida, tenho que te ensinar tudo, hem! Você não muda nunca. Ah, amore, vem me ter em Brasília, que eu te faço um doutoramento.

Gratidão, Odete, mas Sencientes?

Veja bem amore, nós outros, boderlines do sistema planaltino, denominamos estes vetustos estatutários apegados ao poder como seres sencientes porque supostamente têm a capacidade de sentir. Talvez eles experienciem, de forma consciente, sentimentos de muitos tipos diferentes. A questão que deve ser colocada é sobre se a capacidade que nós, pobres mortais, temos de possuir percepções conscientes dos acontecimentos e da realidade poderá ou não acontecer de igual forma com estes fidalgos, que vivem alienados do povo, do país, da pátria, da nação, de onde fazem jorrar leite e mel apenas e somente apenas para seu deleite.

Caramba, Odete, isto explica tudo. São como a Núbia Lite. Meus deusinhos paraguaios, por que nunca percebi isto? Nossa, estou amazônico, em chamas e partido em pedaços.

Amore, aproveita que está em chamas e vem, vem me ter, vem! Vem, amore, vem!

Eu queria, Odete, alô, alô, Odete? Fora de área ou desligado. Puxa vida, o fogo tomou conta de tudo

É isto aí!








quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Passem logo a faixa para a Anitta

Presidente Anitta

Este blog já sugeriu em 2014 Anitta pra presidente, e agora oficializa: Esta moça vai longe! E tem mais, nunca vai nos decepcionar.

Anitta é competente, trabalhadora, é carioca, compositora, atriz, apresentadora e produtora brasileira.

Começou a trabalhar aos sete anos de idade em um coral de uma igreja, no Rio de Janeiro; na mesma época já fazia aulas de dança de salão e chegou a dar aulas como professora de dança, e hoje se aproveita de sua habilidade como dançarina em seus shows e videoclipes, com o stiletto, a dança do salto alto.

Aos 16 anos, cursou administração e foi estagiar na mineradora Vale. Segundo Anitta, as aulas de marketing que teve durante o curso de administração lhes são úteis até hoje, e se sente elogiada quando a chamam de um "caso de marketing", pois ela mesma é quem planeja e executa seu próprio marketing.

Desde 2010 é sucesso em cima de sucesso, ganhadora por merecimento de vários prêmios internacionais, sem perder a brasilidade (ela é carioca, ela é carioca, basta o jeitinho dela andar ...).




terça-feira, 27 de agosto de 2019

O Epitáfio de cada dia nos dai hoje


Qual o Epitáfio você vai colocar na sua lápide hoje?
Qual a história seu Epitáfio irá contar hoje?
Qual sonho está morrendo com você hoje?
Qual sonho valeu a pena ter sido realizado antes de morrer hoje?
Qual será a última pessoa que você desejaria ver hoje?
Quais seriam as suas últimas palavras hoje?
Qual seria a roupa com a qual desejaria morrer hoje?
Qual seria a sua última refeição antes de morrer hoje?
Qual pessoa você não quer no seu velório hoje?
Qual pessoa você quer no seu velório hoje?
Quem ficará feliz com a sua morte hoje?
Quem ficará triste com a sua morte hoje?
Quem ficará indiferente à sua morte hoje?

Qual o Epitáfio você vai colocar na sua lápide daqui a dez anos?
Qual a história seu Epitáfio irá contar daqui a dez anos?
Qual sonho estará morrendo com você daqui a dez anos?
Qual sonho valeu a pena ter sido realizado antes de morrer daqui a dez anos?
Qual seria a última pessoa que você desejaria ver daqui a dez anos?
Quais seriam as suas últimas palavras daqui a dez anos?
Qual seria a roupa com a qual desejaria morrer daqui a dez anos?
Qual seria a sua última refeição antes de morrer daqui a dez anos?
Qual pessoa você não quer no seu velório daqui a dez anos?
Qual pessoa você quer no seu velório daqui a dez anos?
Quem ficará feliz com a sua morte daqui a dez anos?
Quem ficará triste com a sua morte daqui a dez anos?
Quem ficará indiferente à sua morte daqui a dez anos?

Qual o Epitáfio você vai colocar na sua lápide daqui a trinta anos?
Qual a história seu Epitáfio irá contar daqui a trinta anos?
Qual sonho estará morrendo com você daqui a trinta anos?
Qual sonho valeu a pena ter sido realizado antes de morrer daqui a trinta anos?
Qual seria a última pessoa que você desejaria ver daqui a trinta anos?
Quais seriam as suas últimas palavras daqui a trinta anos?
Qual seria a roupa com a qual desejaria morrer daqui a trinta anos?
Qual seria a sua última refeição antes de morrer daqui a trinta anos?
Qual pessoa você não quer no seu velório daqui a trinta anos?
Qual pessoa você quer no seu velório daqui a trinta anos?
Quem ficará feliz com a sua morte daqui a trinta anos?
Quem ficará triste com a sua morte daqui a trinta anos?
Quem ficará indiferente à sua morte daqui a trinta anos?

Qual a história seu Epitáfio irá contar daqui a cinquenta anos??

Qual a história seu Epitáfio irá contar? A sua história de vitórias ou de derrotas?

Qual será o seu legado?

É isto aí!


segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Valsa, o retorno

Imagem relacionada
Valsa retornou. Havia esquecido de esquecer que nunca mais outra vez partiria sem antes lembrar-se de procurar por Dadinha, uma mulata louca de amor pela vida. Martinha agora era ontem, passou, acabou, virou retrato em álbum de formatura. O fato é que Valsa soçobrou-se com Martinha

Desceu no ponto conhecido como rodoviária, um ponto com um posto de venda em madeira, ocupando um espaço não definido entre calçada e rua. Em frente, barraquinhas de todas as modalidades de bebidas, tira-gostos e prostitutas.

A chuva, o vento e o sol tímido davam as boas vindas - retornara ao ambiente hostil da vida sem graça, sem relevos e sem assentos marcados na viagem da vida. A casa, a família, os amigos e o amor que perdera, o amor que esquecera e o amor que abandonara o aguardavam como se nunca houvesse partido.

Desceu a rua descalça, passou em frente à casa de Martinha, uma casa comum de um lugar comum, com parede desbotada, janelas mal fechadas e porta empenada. Deu vontade de bater, dizer alguma coisa, sempre haveria algo a dizer, mas as palavras fugiram assim que pensou em fazer esta bobagem.

Dobrou a esquina, entre poças d'água e barro liso, com todo o cuidado. No meio do quarteirão parou diante de uma casa com janelas azuis e flores rosas e vermelhas a beijar o chão pela força dos ventos. Emitiu um quase inaudível som agudo produzido pela passagem do ar entre os lábios comprimidos. Dadinha abriu a porta, sorriu e Valsa retornou ao mundo do qual nunca se deu conta que era seu o tempo todo.

É isto aí!

domingo, 25 de agosto de 2019

Fernanda Young, puxa vida! Você não tinha o direito de partir agora.

Resultado de imagem para fernanda young

Abro o jornal e leio sua partida deste mundo. Logo você, puxa vida.

Publico aqui, aleatoriamente, um texto seu, e saiba, estou triste pra caramba:

"Para quem me odeia

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro.
É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira.
Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim.
Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado.
Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito.
Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço.
Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você.
E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos.
Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.
Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco.
Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando.
Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.
Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor.
E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas:
Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo.
Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado.
Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica.
Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso.
Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.

Com amor, da sua eterna.

Fernanda Young"

Fernanda Young
   

sábado, 24 de agosto de 2019

Valsa, fala sobre aquilo.


Todo mundo conhecia Valsa. Todo mundo incluindo a voluptuosa Martinha, moça prendada na arte de fazer arte. Valsa era um sujeito meticuloso, andar lento, movimentos calculados, roupa sem vinco e um jeito leve de ganhar a vida. Passos lisos, sorriso matreiro, enfim, um homem sem ponta solta como definiu o Souza da barbearia.

Ganhou este apelido na juventude, parecia uma valsa, diziam, era leve demais, harmônico. mas o tempo passa, os reclames ficam mais apurados e Martinha, a moça prendada e voluptuosa, entrou na sua vida. Certa noite estavam lado a lado, ombro a ombro, sentados no banco da praça da Matriz, e deu-se o diálogo que mudou tudo.

- Valsa, a gente não deveria estar conversando sobre alguma coisa?

- Martinha, concordo, fale sobre qualquer coisa.

- Sobre o que nós ainda não conversamos, Valsa?

- Olhou profundamente nos olhos de Martinha, mordeu o lábio inferior, coçou o queixo com a mão direita, respirou fundo e sussurrou - sobre aquilo.

- Sim, tem razão Valsa, nestes três anos, aquilo sempre nos deixou sem palavras.

- Sim, Martinha, você tem razão.

- Valsa, vamos comemorar o desaniversário de nunca falar sobre aquilo com uma gargalhada?

- Não sei, Martinha, não sei se deveríamos rir.

- Então começa, Valsa. Dê a sua gargalhada contagiante.

- Martinha ...

- Valsa, você está chorando? Valsa? Fala comigo! Valsa ... para, Valsa ...

- Martinha ...

- Valsa ...

- Martinha, eu, eu, eu ... perdi meu relógio.

- Perdeu aquele relógio? Ah, tadinho ... Valsa, não precisa se preocupar. Eu vou fazer hora para você.

- Jura?

- Juro. Mas só se você parar de chorar e conversarmos sobre aquilo.

- Valsa levantou-se chorando, despediu polidamente da voluptuosa Martinha e nunca mais foi visto.

É isto aí!

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O Putoscópio orientado para Káon

Plêiades

Dia destes era noite, e sob a luz de uma noite sem luar subi no Monte do Bom Senso, onde há o Planetário Imperial do Reino da Pitangueira. Neste Planetário encontra-se um Putoscópio que permite que eu investigue nas Plêiades o Káon, o interessante planeta onde os bósons são nulos.

Argonautas transcenderam este conceito quando descobriram que estes bósons  violam a simetria, pois os anti-Káon transformam-se em Káon-0 (Káon Zero) com uma frequência um pouco menor que o inverso.

Aproximando mais a potente lente putástica percebi que, graças aos bósons, há um poço de mágoas que foram se acumulando durante anos de denuncismos, agressões, inverdades, falácias, jornalismos cretinos, jornalistas infames, empresários pusilânimes, políticos medíocres e crenças limitantes, conforme documento VYK389/32 registrado sob o código KPTA, na Junta Maior do Movimento Circular.

É provável que o número de Káon-Zero não tenha atingido a mítica imagem méson por que uma vez que os bósons, neo-bósons, full-bósons, enfim, a maior parte da massa dos bósons provém da energia de ligação e não da soma das massas dos seus componentes, todos os bósons são instáveis, daí cada dia que passa precisam de um escânfalo (Em Káon seria uma corruptela de escândalo fálico) novo para se manterem percebidos.

No canto inferior esquerdo de Káon, há o famoso e incógnito Ponto Estóico, onde a mitologia kaóntica afirma que ali existem pessoas imbecilizadas, gentalhas esquizoides que prezam a fidelidade ao conhecimento, desprezando todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão, a luxúria e demais emoções.

É isto aí!

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O encontro das águas ( Jorge Vercillo / Jota Maranhão)


Sem querer
te perdi tentando te encontrar
Por te amar demais sofri, amor
Me senti traído e traidor

Fui cruel
sem saber que entre o bem e o mal
Deus criou um laço forte, um nó
E quem viverá um lado só?

A paixão veio assim
afluente sem fim
Rio que não deságua

Aprendi com a dor
nada mais é o amor
Que o encontro das águas

Esse amor
Hoje vai pra nunca mais voltar
Como faz o velho pescador
Quando sabe que é a vez do mar

Qual de nós
Foi buscar o que já viu partir
Quis gritar, mas segurou a voz,
Quis chorar, mas conseguiu sorrir?

Quem eu sou
Pra querer
Entender
O amor


quarta-feira, 21 de agosto de 2019

A verdade é que você nunca vem aqui, e tudo isto é seu

Princess punk rock

Mensagens que não deveriam ser mandadas quando escritas em momentos ridiculamente passionais:

Geladeira, liquidificador, cafeteira, panela de pressão ...

Panela de pressão ... de pressão ... depressão ... puxa vida, agora sim consigo entender esta dor, estando só na cozinha. Sinto sua ausência.

Querida, eu não desejei escrever esta mensagem, ela apenas fluiu no meio de uma maratona de espetáculos que assisti dentro de mim nos últimos dias. Eu amo você, amo sua voz, seu corpo, seu andar, suas mãos, amo seu cotovelo quando sustenta seu braço a promover um quadro romântico e colorido, com suas mãos segurando seu queixo, e me expiando com um olhar que não é um olhar apenas. É seu interior fitando meu interior.

Querida, eu nunca me perdoei por não ter perdoado você. Não apenas volte, mas volte para mim, eu amo você e me acovardei diante do fato de ter sido um idiota. A verdade é que você nunca vem aqui, e tudo isto é seu. 

Resposta às mensagens que não deveriam ser mandadas quando escritas em momentos ridiculamente passionais:

Foda-se!!!!!!!!
Efe - o - dê - a - se - Foda-se!!!!!
Foda-se, foda-se, foda-se!!!!!!!!!

É isto aí!



quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Valei-me São Boticário


Valei-me São Boticário
protetor dos frascos 
zelador dos comprimidos
ilumina o vale das sombras
destes neurônios feridos
mortais e fragilizados

Permita-me entender 
o caminho por onde passa
ante ao balcão da farmácia
os canalhas idiotizados
que grassam em falácias
e só olham para seus umbigos.

É isto aí!






segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Diante da Lei ( Franz Kafka )

Franz Kafka / Diante la Lei

Fonte: https://farofafilosofica.com

Diante da Lei há um guarda. Um camponês apresenta-se diante deste guarda, e solicita que lhe permita entrar na Lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixa-lo entrar. O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar.

 – É possível – disse o porteiro -, mas não agora.

A porta que dá para a Lei está aberta, como de costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guarda vê isso, ri-se e lhe diz:

– Se tão grande é teu desejo, experimenta entrar apesar de minha proibição. Mas lembra-te de que sou poderoso. E sou somente o último dos guardas. Entre salão e salão também existem guardas, cada qual mais poderoso que o outro. Já o terceiro guarda é tão terrível que não posso suportar seu aspecto.

O camponês não havia previsto estas dificuldades; a Lei deveria ser sempre acessível para todos, pensa ele, mas ao observar o guarda, com seu abrigo de peles, seu nariz grande e como de águia, sua barba longa de tártaro, rala e negra, resolve que mais lhe convém esperar. O guarda dá-lhe um banquinho, e permite-lhe sentar-se a um lado da porta. Ali espera dias e anos. Tenta infinitas vezes entrar, e cansa ao guarda com suas súplicas. Com frequência o guarda mantém com ele breves palestras, faz-lhe perguntas sobre seu país, e sobre muitas outras coisas; mas são perguntas indiferentes, como as dos grandes senhores, e para terminar, sempre lhe repete que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se abasteceu de muitas coisas para a viagem, sacrifica tudo, por mais valioso que seja, para subornar o guarda. Este aceita tudo, com efeito, mas lhe diz:

– Aceito-o para que não julgues que tenhas omitido algum esforço.

Durante esses longos anos, o homem observa quase continuamente o guarda: esquece-se dos outros, e parece-lhe que este é o único obstáculo que o separa da Lei. Maldiz sua má sorte, durante os primeiros anos temerariamente e em voz alta; mais tarde, à medida que envelhece, apenas murmura para si. Retorna à infância, e como em sua longa contemplação do guarda, chegou a conhecer até as pulgas de seu abrigo de pele, também suplica as pulgas que o ajudem e convençam o guarda. Finalmente sua vista enfraquece-se, e já não sabe se realmente há menos luz, ou se apenas o enganam seus olhos. Mas em meio da obscuridade distingue um resplendor, que surge inextinguível da porta da Lei. Já lhe resta pouco tempo de vida. Antes de morrer, todas as experiências desses longos anos se confundem em sua mente em uma só pergunta, que até agora não formou. Faz sinais ao guarda para que se aproxime, já que o rigor da morte endurece seu corpo. O guarda vê-se obrigado a abaixar-se muito para falar com ele, porque a disparidade de estaturas entre ambos aumentou bastante com o tempo, para detrimento do camponês.

– Que queres saber agora? – pergunta o guarda -. És insaciável.

– Todos se esforçam por chegar à Lei – diz o homem -; como é possível então que durante tantos anos ninguém mais do que eu pretendesse entrar?

O guarda compreende que o homem está para morrer, e para seus desfalecentes sentidos percebam suas palavras, diz-lhe junto ao ouvido com voz atroadora:

– Ninguém podia pretender isso, porque esta entrada era somente para ti. Agora vou fechá-la.

KAFKA, Franz. A colônia Penal. Editora Livraria Exposição do livro. São Paulo. 1965. p. 71 – 72

domingo, 11 de agosto de 2019

Eu não existo sem você (Vinícius de Moraes/Tom Jobim)


Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo
Levará você de mim

Eu sei e você sabe
A distância não existe
E todo grande amor
Só é bem grande se for triste

Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos
Me encaminham pra você

Assim como o oceano
Só é belo com o luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer

Assim, como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você

Vinícius de Moraes*/Tom Jobim

*As três últimas estrofes - sic - são do Vinícius de Moraes, do seu poema "Assim como o Oceano".



(DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS PARA SOM LIVRE) Programa de Maysa entre 1957 e 1959, onde ela cantava músicas da época. Esta música, gravada ao vivo nos estúdios da TV Record, em 1959.

sábado, 10 de agosto de 2019

Você é desonesto!


Você é desonesto por três motivos básicos e cada motivo tem suas qualidades em menor ou maior grau:

Você não possui honestidade:
Pois é enganador, falso, fingido, insincero, traiçoeiro, torpe, ímprobo, desleal, infiel, prevaricador.

Você engana e ludibria as pessoas:
Portanto é vigarista, trapaceiro, tratante, patife, pilantra, canalha, salafrário, espertalhão, meliante, mau-caráter, biltre, pulha, estelionatário, velhaco, escroque, burlador, bilontra, aldrabão, rato, mariola.

Você não tem honra e decência:
E por isto é indecente, indecoroso, indigno, obsceno, impudico, imoral, desavergonhado, sem-vergonha, inescrupuloso, incorreto, duvidoso, vergonhoso.

É isto aí!

terça-feira, 6 de agosto de 2019

A Mentira Em Que Vivemos (Spencer Cathcart - The Lie We Live)



Spencer Cathcart

O blog de Spencer (na verdade um conjunto de vídeos) é Freshtastical e aconselho dar uma vista de olho caso o Leitor fale Inglês (pois os vídeos legendados em Português são mesmo poucos).

Agora você poderia estar em qualquer lugar,
fazendo qualquer coisa

Em vez disso está sentado sozinho
diante de uma tela.

Então o que está nos impedindo
de fazer o que queremos,

estar onde queremos estar?

Cada dia acordamos no mesmo quarto e
seguimos o mesmo caminho,

para viver o mesmo dia que vivemos ontem.

No entanto, ao mesmo tempo,
cada dia era uma nova aventura.

Com o passar do tempo, alguma coisa mudou.

Antes nossos dias eram atemporais,
agora nossos dias são programados.

É isso que significa ser evoluido?
Ser livre?

Mas nos somos realmente livres?

Comida, água, terra.

Os principais elementos que precisamos para sobreviver
são propriedade de empresas.

Não há comida para nós nas árvores,

água fresca nos riachos,

terra para construir uma casa.

Se tentar e pegar o que a terra oferece,
você será preso.

Então nós obedecemos suas regras.

Nós exploramos o mundo através de livros.

Por anos nós sentamos e regurgitamos o que nos dizem.

Testados e classificados como sujeitos
em um laboratório.

Não para fazer a diferença neste mundo.
Mas para não ser diferente.

Inteligentes o suficiente para fazer nosso trabalho,

mas não para questionar porque fazemos.

Então nós trabalhamos, e o trabalho nos deixa sem tempo
para viver a vida para qual trabalhamos.

Até que chega o dia que estamos muito
velhos para trabalhar.

É aqui que somos deixados para morrer.

Nossas crianças ocupam nosso lugar no jogo.

Para nós, o nosso caminho é único,

mas juntos somos nada mais do que combustível.

O combustível que alimenta a elite.

A elite que se esconde por trás dos logos de empresas.

Esse é o mundo deles.

E o seu recurso mais valioso não é o chão.

Somos nós.

Nós construimos suas cidades,

executamos suas máquinas,

lutamos suas guerras.

Afinal de contas, o dinheiro não é o que os impulsiona.

É o poder.

O dinheiro é simplesmente a ferramenta
que eles usam para nos controlar.

Pedaços de papel sem valor que dependemos
para nos alimentar,

nos mover,

nos entreter.

Eles nos deram o dinheiro e em
troca demos a eles o mundo.

Onde havia árvores que limpavam o nosso
ar, agora há fábricas que o envenena.

Onde havia água para beber,
há lixo tóxico que fede.

Onde os animais corriam livres,

estão fazendas industriais onde eles são nascidos
e abatidos interminavelmente para nossa satisfação.

Mais de um bilhão de pessoas estão morrendo de fome,
apesar de ter comida suficiente para todos.

Para onde vai tudo isso?

70% do grãos que colhemos é alimento para engordar
os animais que você come para o jantar.

Por que ajudar a faminto?
Você não pode lucrar com eles.

Somos como uma praga varrendo a terra,

despedaçando o próprio ambiente que nos permite viver.

Vemos tudo como algo a ser vendido,

como um objeto ser possuído.

Mas o que acontece quando tivermos poluído o último rio?

Envenenado a última brisa de ar?

Não ter óleo para os caminhões que nos trazem a nossa comida?

Quando é que vamos perceber o dinheiro não se pode comer,
que não tem valor?

Não estamos destruindo o planeta.

Estamos destruindo toda a vida nele.

Anualmente, milhares de espécies são extintas.

E o tempo está se esgotando antes
de sermos os próximos.

Se você mora na América há uma chance
de 41% de você ter câncer.

Doenças do coração matará um em
cada três norte-americanos.

Tomamos medicamentos prescritos para
lidar com esses problemas,

mas cuidado médico é a terceira principal causa de
morte por trás de câncer e doenças cardíacas.

Nos dizem que tudo pode ser resolvido
enchendo cientistas de dinheiro

para que eles possam descobrir uma pílula para
fazer nossos problemas acabar.

Mas as empresas farmacêuticas e as sociedades de câncer
dependem de nosso sofrimento para lucrar.

Nós pensamos que estamos alcançando uma cura,

mas na verdade estamos fugindo da causa.

Nosso corpo é um produto do que consumimos

e os alimentos que comemos é projetado
exclusivamente para o lucro.

Nós nos enchemo com produtos químicos tóxicos.

Os corpos dos animais infestados
com drogas e doenças.

Mas nós não vemos isso.

O pequeno grupo de empresas que possuem os meios
de comunicação não querem que nós vejamos.

Nos cercam com uma fantasia e
nos dizem que é a realidade.

É engraçado pensar que os seres humanos uma vez
pensavam que a Terra era o centro do universo.

Mas, novamente, agora vemos a nós
mesmos como o centro do planeta.

Apontamos para nossa tecnologia e dizemos
que somos os mais inteligentes.

Mas computadores, carros e fábricas realmente
mostram o quão inteligente nós somos?

Ou será que eles mostram quão
preguiçoso nos tornamos?

Nós colocamos esta máscara “civilizada”.

Mas quando você remove-a, o que somos?

A rapidez com que nos esquecemos que apenas nos
últimos cem anos permitimos o voto feminino;

permitimos os negros de viver como iguais.

Agimos como se nós fossemos seres que sabe tudo,

ainda há muito que não conseguimos ver.

Andamos pela rua ignorando todas as pequenas coisas.

Os olhos que olham fixamente.
As histórias que eles compartilham.

Vendo tudo como um fundo para ‘mim’.

Talvez nós tememos não estar sozinhos.

Que somos uma parte de uma
imagem muito maior.

Mas não conseguimos fazer a conexão.

Estamos matando porcos,

vacas, galinhas, estranhos de terras estrangeiras.

Mas não os nossos vizinhos,

não os nossos cães, nossos gatos,
aqueles que aprendemos a amar e entender.

Chamamos outras criaturas de estúpidas

e ainda apontamos para eles para
justificar nossas ações.

Mas será que matando simplesmente
porque nós podemos,

porque sempre temos, torna isso certo?

Ou isso mostra o quão pouco
nós aprendemos?

Continuemos a agir primitivamente,
em vez de pensar e de ter compaixão.

Um dia, essa sensação que chamamos
de vida vai nos deixar.

Nossos corpos vão apodrecer, os nossos
objetos de valor recolhidos.

Restará apenas lembranças do passado.

A morte nos rodeia constantemente,

ainda parece tão distante da nossa realidade cotidiana.

Vivemos em um mundo à beira do colapso.

As guerras de amanhã não terão vencedores.

Pela violência nunca haverá resposta;

ela destruirá todas as soluções possíveis.

Se todos olharmos para o nosso
desejo mais íntimo,

veremos que nossos sonhos não
são tão diferentes.

Nós compartilhamos de um objetivo em comum.

Felicidade.

Destruímos o mundo em busca de alegria,

sem nunca olhar para dentro de nós mesmos.

Muitas das pessoas mais felizes são
aqueles que possuem pouco.

Mas será que estamos realmente muito felizes com nossos iPhones, nossas grandes casas, nossos carros de luxo?

Nós nos tornamos desconectados.
Idolatrando pessoas que nunca conhecemos.

Testemunhamos o extraordinário nas telas,

mas o ordinário em qualquer outro lugar.
Nós esperamos que alguém traga mudança,

sem nunca pensar em mudar a nós mesmos.

As eleições presidenciais poderiam
muito bem ser um sorteio.

São dois lados da mesma moeda.

Nós escolhemos a face que queremos
e a ilusão da escolha, da mudança é criada.

Mas o mundo permanece o mesmo.

Nós não percebemos que os políticos não nos servem;

eles servem aqueles que os financiam ao poder.

Precisamos de líderes, e não políticos.

Mas neste mundo de seguidores,
nos esquecemos de liderar nós mesmos.

Pare de esperar pala mudança, e seja
a mudança que você quer ver.

Não chegaremos a este ponto
sentados sobre nossas bundas.
A raça humana sobreviveu não porque
somos mais rápidos ou o mais fortes,

mas porque nós trabalhamos juntos.
Nós dominamos o ato de matar.

Agora vamos dominar a alegria de viver.

Não se trata de salvar o planeta.

O planeta estará aqui quer estejamos ou não.

A Terra já existe há bilhões de anos,
cada um de nós será sortudo se durar oitenta.

Somos um flash no tempo, mas o nosso impacto é para sempre.

“Muitas vezes eu queria viver em uma
época antes dos computadores,

quando não tinhamos telas para nos distrair.

Mas eu percebo que há uma razão pela qual esta
é a única vez que eu quero estar vivo.

Porque aqui, hoje, temos uma oportunidade
que nunca tivemos antes.”

A internet nos dá o poder de compartilhar uma
mensagem e unir milhões ao redor do mundo.

“Enquanto ainda podemos, devemos usar nossas
telas para nos reunir, ao invés de nos afastar.”

Para melhor ou pior,

nossa geração irá determinar o futuro da vida no planeta.

Podemos, ou continuar a servir a este sistema de destruição
até que nenhuma memória de nossa existência permaneça.

Ou podemos acordar.

Perceber que não estamos evoluindo,
mas caindo…

só temos telas em nossos rostos por isso
não vemos para onde estamos indo.

Este momento presente é o que cada passo,

cada respiração e cada morte provocou.

Somos os rostos de todos os que vieram antes de nós.

E agora é a nossa vez.

Você pode escolher esculpir o seu próprio caminho ou
seguir a estrada que inúmeros outros já seguiram.

A vida não é um filme.

O roteiro ainda não foi escrito.

Nós somos os escritores.

Esta é a sua história,

a história deles,

nossa história.



Spencer Cathcart

O blog de Spencer (na verdade um conjunto de vídeo) é Freshtastical e aconselho dar uma vista de olho caso o Leitor fale Inglês (pois os vídeos legendados em Português são mesmo poucos).

Oração da Serenidade



Concedei-nos, Senhor, a Serenidade necessária
Para aceitar as coisas que não podemos modificar
Coragem para modificar aquelas que podemos
E Sabedoria para reconhecer as diferenças.

domingo, 4 de agosto de 2019

Se tudo que há é mentira (Fernando Pessoa)


Se tudo o que há é mentira,

É mentira tudo o que há.

De nada nada se tira,

A nada nada se dá.

Se tanto faz que eu suponha

Uma coisa ou não com fé,

Suponho-a se ela é risonha,

Se não é, suponho que é.

Que o grande jeito da vida

É pôr a vida com jeito.

Fana a rosa não colhida

Como a rosa posta ao peito.

Mais vale é o mais valer,

Que o resto ortigas o cobrem

E só se cumpra o dever

Para que as palavras sobrem.

14-10-1930
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).  - 22.