sábado, 28 de dezembro de 2024

Não passarão!



Una mattina mi sono svegliato,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Una mattina mi sono svegliato,
e ho trovato l'invasor.

O partigiano, portami via,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
O partigiano, portami via,
ché mi sento di morir.

E se io muoio da partigiano,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E se io muoio da partigiano,
tu mi devi seppellir.

E seppellire lassù in montagna,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
E seppellire lassù in montagna,
sotto l'ombra di un bel fior.

Tutte le genti che passeranno,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
Tutte le genti che passeranno,
Mi diranno «Che bel fior!»
«È questo il fiore del partigiano»,
o bella, ciao! bella, ciao! bella, ciao, ciao, ciao!
«È questo il fiore del partigiano, morto per la libertà!»

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Cartas avulsas XXIII


Reino da Pitangueira,
23 de Dezembro de 2024
358.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 08 dias para acabar o ano.
Dia do Vizinho.
Por do Sol às 18h29 min
Lua Minguante
Estação Verão

Querida, eu devo uma satisfação a você.

Quase não venho mais aqui, cheguei a despedir da Pitangueira, mas o fato é que estou numa enorme batalha nestes últimos anos, agravada neste últimos meses. Cheguei mesmo a acreditar que sair deste Reino seria bom para todos, mas de certa forma uma parte de mim sempre faz a volta e acaba  abrindo as portas do grande salão de baile do reino. 

Não é fácil lutar contra a natureza, suas sinapses, suas conexões, suas interações, sua homeostase ... isto, achei a palavra, esta coisa de ser e estar que desequilibra, constrói e destrói diuturnamente bilhões de células, infinitos trilhões de proteínas, enzimas, hormônios, exsudatos e todos os afins cuja principal função é nos vivificar.

Esta incrível habilidade de manter o meio interno num equilíbrio quase constante, independentemente das alterações que ocorram no ambiente externo tem antagonistas e protagonistas. Mas há um lugar onde só Deus chega, que é o interior do interior da mente. Se não acredita, tente mudar um hábito, um amor, uma certeza, um sentimento, uma aurora boreal dentro de si, etc.

Neste momento minha luta se dá no campo da matéria onde os dois processos metabólicos que ocorrem no corpo, chamados ou conhecidos como anabolismo e o catabolismo, não estão conseguindo dar conta das intempéries da história de vida, ora com déficits ora com superávits vitais.

Somos nossas emoções. É  aqui dentro da caixa craniana que se dá toda a violência de conflitos internos promovendo enquanto partícipe desta realidade, as fugas ou os combates. Minhas emoções principais - alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, nojo, ciúmes, orgulho, vergonha, admiração e culpa - somadas a dezenas de emoções secundárias serão determinantes para saber se vencerei ou me darei por vencido. 

Feliz Natal

É isto aí!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Cartas Avulsas XXII


Reino da Pitangueira,
11 de Dezembro de 2024
348.º dia do ano no calendário gregoriano
Faltam 20 dias para acabar o ano.
Dia do Engenheiro.
Por do Sol às 18h22 min
Lua Gibosa
Estação Primavera

Querida, ainda bem que não a levei ao evento do retorno da Odete, já que rolou só filosofia e eu sei que não é a sua praia.

Saiba que a festa estava tão chata que até as baratas, moscas e pernilongos partiram do ambiente ainda no começo com uma música meio oriental, meio ritualista. Na mesa que a mocinha me colocou, estava um casal e uma senhora muda, esquálida e simpática. à frente um rapaz falante e empolgado, galã de fotonovela latina. 

Deu que virou-se para a senhora esquálida e viajou nas palavras - Olha, enrolando seu dedo gordo nas mechas da sua acompanhante - Olhando nos olhos da mulher simpática disse: Eu gosto de quebrar pedras e quanto mais ascenso ao alto da minha potência neuromuscular, mais abaixo a marreta por sobre a cunha que ali introduzi sabiamente em fase anterior, e só então sinto fluir pelos meus braços, tangenciando as mãos, um poder macro de estar fazendo um movimento antagônico aos milhões de toneladas de  magma, formado pelo derretimento das pedras do manto.

Foi então que a senhora muda, esquálida e simpática deu um grito agudíssimo, na casa dos cem decibéis, e voou no peito do galã de fotonovela venezuelana. Agarrou-lhe pelas orelhas, esbofeiteou-lhe várias vezes, até forçar um beijo onde travou sua dentadura na língua do rapazito falante e empolgado. Garçons, garçonetes e seguranças correram à mesa do conflito e  conseguiram desfazer o nó das pernas da senhora na cintura do rapaz. Com muita dificuldade removeram a dentadura dela presa na língua dele, que foi lavada com lavanda importada. 

Ainda inebriado, em completo êxtase, acariciando a face da senhora muda e simpática, disse-lhe que a sua atitude fora como uma grande quantidade de magma saindo do manto da sua volúpia abrupta e erótica, permitindo ao seu magma no cone do vulcão começar a arrefecer, sendo a pressão aumentada em cálculo exponencial. Assim, quando a pressão chegou ao ápice, as rochas que formaram o vulcão do amor voluptuoso entre os dois racharam, o magma até então guardado veio de fato cobri-los de fervorosa lava.

Saí dali atordoado e procurei uma mesa mais afastada e assim que peguei na taça de vinho, a linda mulher sentou-se ao meu lado e pediu desculpas em nome do amigo excêntrico. Perguntei se aquele episódio era comum e ela citou Platão, e disse que a alma é imortal e pertence a um mundo superior, o das ideias, onde reside a verdade eterna. Além disto falou que aquilo aconteceu por que as almas são naturalmente atraídas umas às outras por uma afinidade espiritual. 

Daí citou o "Banquete" (de Platão), onde ele discute o conceito de amor (Eros) como um desejo profundo de unir-se ao bem supremo, o que também pode ser entendido como um tipo de laço de alma. Para Platão, esses vínculos espirituais transcendem o mundo físico, pois são fundamentados na busca pela verdade e pela beleza eternas. Assim, concluiu, os laços entre os dois não apenas os conectaram entre si, como também os orientaram para uma realidade transcendente, onde a plenitude do ser e do amor pode ser encontrada.

Confesso que só acordei três dias depois na Praia do Espelho, em Curuípe/Porto Seguro/BA, sem ter a mínima noção de como ali houvera e a linda mulher, bem à minha frente, ao alcance das mãos, permanecia impávida e intrépida feito uma pitonisa, ainda falando, falando, divagando sobre essas coisas das quais não entendo nada.

Um cafuné na cabeça, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!