domingo, 30 de março de 2025

Cartas Avulsas XXVII



Reino da Pitangueira,
30 de Março de 2025
89.º dia do ano no calendário gregoriano.
Faltam 276 dias para acabar o ano..
Dia Mundial da Juventude.
Por do Sol às 17h49 min
Lua Crescente às 06h55 min
Estação Outono

Cartas de Outono são as mais tristes de escrever, disse uma das muitas vozes que coabitam em minha consciência etérea, equidistante da consciência telúrica que nestas horas desaparece para não se comprometer com minha realidade paralela, escondida em algum dos meus múltiplos universos alternativos.

Cartas de Outono doem feito um infinitivo flexionado no gerúndio.

Cartas de Outono doem e estimulam este substantivo abstrato que só existe na língua portuguesa, denominado Saudade.

Cartas de Outono, nesta existência em estado humano, transcendem o óbvio singular promovendo desde a perda súbita e transitória da consciência secundária à hipoperfusão cerebral difusa.

Cartas de Outono não deveriam existir. Quando assim o fazem, apresentam reclames que abatem os pensamentos com início súbito, curta duração e recuperação lerda.

Cartas de Outono me lembram que adoro o Outono, apesar desta complexidade existencial. Vou parar por aqui... como sabe, cartas de outono doem em mim.

É isto aí!



quinta-feira, 27 de março de 2025

Bilhetes Avulsos III


Li num carro que passou apressadamente por mim: "Vende-se 2018". Fiquei com aquele negócio na mente... refleti com profunda inconsciência, com a cabeça longe, muito antes de 2018 e conclui que jamais venderia um segundo sequer da minha vida, muito menos um ano...

Nisso vi, pensei, acho que ouvi também dentro de mim, que há dias que a gente permite aos seres extra-sensoriais, piramidais, estrambólicos, angelicais e miasmáticos, dentre tantos outros - já que somos muitos que nos habitam - a modelarem mundos paralelos aos que nos pertencem no que se denomina realidade, a fim de amenizar as saudades, ausências, angústias etc., já que não tem como modificá-las.

Vender um ano ... puxa vida ... trem de doido ...

É isto aí!


terça-feira, 25 de março de 2025

Laços de almas gêmeas

Laços de alma
são estas conexões místicas,
emocionais e profundas
entre duas pessoas

Por analogia,
é um emaranhamento quântico
concedendo que duas almas
estejam fortemente ligadas

Mas tão conectadas
que uma não poderia
ser corretamente descrita
sem a sua contra-parte

Mesmo que o destino
possa tê-las separado
por apenas uma vida
ou por bilhões de anos-luz.


É isto aí!


Fonte da imagem: TV Alagoas / Tecmundo

quinta-feira, 13 de março de 2025

A Couraça de São Patrício - Oração de São Patrício contra feitiços e malefícios



Fonte: Aleteia do Brasil, publicado em 16/01/17

A Couraça de São Patrício trata-se de uma poderosa oração de proteção contra inimigos dos mundos físico e espiritual

De acordo com a tradição, São Patrício escreveu esta oração por volta do ano 433 para invocar a proteção divina, depois de converter com êxito, do paganismo ao cristianismo, o rei irlandês e seus súditos.

A Couraça de São Patrício

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, 
Pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da unidade
Do Criador da Criação.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do nascimento de Cristo em Seu batismo,
Pela força da crucificação e do sepultamento,
Pela força da ressurreição e ascensão,
Pela força da descida para o Julgamento Final.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Pela força do amor dos Querubins,
Em obediência aos Anjos,
A serviço dos Arcanjos,
Pela esperança da ressurreição e da recompensa,

Pelas orações dos Patriarcas,
Pelas previsões dos Profetas,
Pela pregação dos Apóstolos
Pela fé dos Confessores,
Pela inocência das Virgens santas,
Pelos atos dos Bem-aventurados.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força do céu:
Luz do sol,
Clarão da lua,
Esplendor do fogo,
Pressa do relâmpago,
Presteza do vento,
Profundeza dos mares,
Firmeza da terra,
Solidez da rocha.

Levanto-me neste dia que amanhece,
Pela força de Deus a me empurrar,
Pela força de Deus a me amparar,
Pela sabedoria de Deus a me guiar,
Pelo olhar de Deus a vigiar meu caminho,
Pelo ouvido de Deus a me escutar,
Pela palavra de Deus em mim falar,
Pela mão de Deus a me guardar,
Pelo caminho de Deus à minha frente,
Pelo escudo de Deus que me protege,
Pela hóstia de Deus que me salva,
Das armadilhas do demônio,
Das tentações do vício,
De todos que me desejam mal,
Longe e perto de mim,
Agindo só ou em grupo.

Conclamo, hoje, tais forças a me protegerem contra o mal,
Contra qualquer força cruel que ameace meu corpo e minha alma,
Contra a encantação de falsos profetas,
Contra as leis negras do paganismo,
Contra as leis falsas dos hereges,
Contra a arte da idolatria,
Contra feitiços de bruxas e magos,
Contra saberes que corrompem o corpo e a alma.

Cristo guarde-me hoje,
Contra veneno, contra fogo,
Contra afogamento, contra ferimento,
Para que eu possa receber e desfrutar a recompensa.

Cristo comigo, 
Cristo à minha frente, 
Cristo atrás de mim,
Cristo em mim, 
Cristo em baixo de mim, 
Cristo acima de mim,
Cristo à minha direita, 
Cristo à minha esquerda,
Cristo ao me deitar,
Cristo ao me sentar,
Cristo ao me levantar,
Cristo no coração de todos os que pensarem em mim,
Cristo na boca de todos que falarem em mim,
Cristo em todos os olhos que me virem,
Cristo em todos os ouvidos que me ouvirem.

Levanto-me, neste dia que amanhece,
Por uma grande força, 
pela invocação da Trindade,
Pela fé na Tríade,
Pela afirmação da Unidade,
Pelo Criador da Criação.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Mulholland Drive



Por que Mulholland Drive de David Lynch é o melhor filme do século XXI

17 de janeiro de 2025
Lucas Buckmaster


Ele intrigou muitos espectadores, mas encantou os críticos. Explicamos por que Mulholland Drive, do falecido e grande David Lynch, liderou a pesquisa da BBC Culture para encontrar os maiores filmes do século XXI.

O cinema nos primeiros anos do século XXI tem passado por uma espécie de crise existencial. Termos como "semelhante à TV" ou "televisionesco" já foram concebidos como insultos; agora, em um período que viu o renascimento e a chamada nova "era de ouro" da televisão, esse não é mais o caso. Então, se a televisão evoluiu a um ponto em que não é mais considerada uma forma de arte inferior, o que isso significa para o cinema?

Alamy A relação mutável entre Betty (Naomi Watts) e Rita (Laura Harring) está no centro de Mulholland Drive (Crédito: Alamy)Alamy
A relação mutável entre Betty (Naomi Watts) e Rita (Laura Harring) está no centro de Mulholland Drive (Crédito: Alamy)

Talvez não seja coincidência que o alucinante drama de mistério Mullholland Drive, do falecido David Lynch, tenha sido nomeado pela pesquisa de críticos da BBC Culture  em 2016 como o melhor filme do século até agora. Suas raízes estão na televisão: o filme começou como um piloto de TV fracassado e foi recuperado em formato de longa-metragem.

Mulholland Drive é um comentário brilhante sobre as maquinações de Hollywood
A própria história problemática de Mulholland Drive, e a política de estúdio e os jogos de poder retratados por Lynch no próprio filme, dificilmente parecem coincidências. Sob seu verniz onírico, Mulholland Drive é um comentário brilhante sobre as maquinações de Hollywood, pelo menos em parte informado por seus próprios infortúnios.

'Dia dos Namorados Dissimulado'
Começando a vida durante o desenvolvimento do seriado cult de Lynch, Twin Peaks, o diretor finalmente lançou uma ideia para Mulholland Drive como uma série em 1998. Ele recebeu sinal verde da rede de TV a cabo americana ABC, que esperava replicar o sucesso da série de mistério de cidade pequena do diretor.

A ABC não ficou impressionada com o primeiro episódio, que eles consideraram lento e prolongado – 37 minutos a mais para caber em um horário de TV convencional. Eles também se opuseram a várias coisas capturadas na filmagem, incluindo um close-up extremo de excremento de cachorro. No início de 2000, Lynch conseguiu resgatar o projeto ao concordar em transformar Mulholland Drive em um longa-metragem, equipado com um orçamento duas vezes maior que o tamanho original.

Alamy David Lynch dá instruções a Laura Harring e Justin Theroux no set de Mulholland Drive (Crédito: United Archives GMbH: Alamy)Alamy

David Lynch dá instruções a Laura Harring e Justin Theroux no set de Mulholland Drive (Crédito: United Archives GMbH: Alamy)

Um dos vários personagens pequenos e obscuros é o misterioso Sr. Roque (Michael J Anderson), que parece controlar Hollywood de uma cadeira de rodas em seu escritório sombrio. Uma das tramas envolve um diretor famoso (Justin Theroux) que é intimidado a escalar uma atriz principal que os poderosos querem para seu novo filme, mas ele não o faz. 

Infundindo Mulholland Drive com comentários pontuais, talvez pessimistas, sobre as forças de mercado em Hollywood, mas também enchendo-o de imagens sedutoras, Lynch criou um pacote muito atraente para os críticos. Eles podiam se perder no ambiente onírico enquanto estavam envolvidos em um exercício intelectual profundamente crítico das realidades comerciais da produção cinematográfica: uma espécie de cartão postal indireto para Tinsel Town.

Interpretação de sonhos

A personagem mais próxima de uma protagonista que Mulholland Drive tem é Betty Elms (Naomi Watts), uma atriz alegre e aspirante que chega à cidade em busca de trabalho. O sorriso despreocupado acabará desaparecendo de seu rosto. Betty conhece a bela Rita (Laura Harring), de cabelos escuros e olhos de corça, que tropeça na Mulholland Drive após sobreviver a um acidente de carro. A experiência a deixou amnésica.

Alamy A personagem amnésica 'Rita' se dá esse nome após notar um pôster do filme Gilda, estrelado por Rita Hayworth (Crédito: Alamy)Alamy

A personagem amnésica 'Rita' se dá esse nome após notar um pôster do filme Gilda, estrelado por Rita Hayworth (Crédito: Alamy)

Rita não sabe seu próprio nome. Na verdade, ela se chama de "Rita" somente após olhar um pôster de um filme antigo de Rita Hayworth, Gilda, de 1946. Sua busca para descobrir informações sobre seu passado, juntamente com a jornada de Betty para conseguir trabalho como atriz, acontece em meio a uma tapeçaria de outras histórias, que se desenrolam como vinhetas, algumas durando apenas uma ou duas cenas.

Em uma discussão sobre o melhor filme recebido pela crítica até agora no novo século, talvez insights possam ser obtidos por comparações com o melhor filme recebido pela crítica do anterior. O título que repetidamente chega ao topo ou perto do topo da lista é Cidadão Kane, a estimada estreia do escritor/diretor Orson Welles em 1941 – a pesquisa de críticos da BBC Culture de 2015 dos 100 maiores filmes americanos colocou Kane em primeiro lugar.

Se Kane pode ser visto como um ensaio sobre os detalhes básicos da produção cinematográfica – uma aula magistral em processos técnicos, da montagem ao foco profundo, dissoluções e manipulação da mise en scène – o apelo de Mulholland Drive é mais temático e conceitual. É menos uma demonstração de como o grande cinema é alcançado do que o que o grande cinema pode alcançar, sua capacidade para ideias aparentemente infinita. 

Não há explicação. Pode nem haver mistério – Roger Ebert
Os temas de Lynch são selvagens e não convencionais: sonhos materializados; bolhas de pensamento malucas trazidas à vida. Enquanto o grande filme de Orson Welles começa com um breve momento de surrealismo – envolvendo um globo de neve e a palavra enigmática "Rosebud" – mas então prossegue de uma maneira mais direta, Lynch mantém a atmosfera surreal por toda parte. Nesse sentido, Mulholland Drive continua de onde Cidadão Kane parou. 

Suas qualidades oníricas dão origem a muitas coisas confusas e inexplicáveis ​​que naturalmente encorajam a interpretação. Mas como o crítico Roger Ebert, um dos maiores campeões do filme, observou : "Não há explicação. Pode nem haver mistério."

Alamy Mulholland Drive apresenta vários interlúdios musicais memoráveis, incluindo interpretações de canções pop dos anos 1960 que, de alguma forma, conseguem ser kitsch e sinistras (Crédito: Alamy)Alamy
Mulholland Drive apresenta vários interlúdios musicais memoráveis, incluindo interpretações de canções pop dos anos 1960 que, de alguma forma, conseguem ser kitsch e sinistras (Crédito: Alamy)
O filme é, sem dúvida, desafiador. Tangentes interessantes da trama são cortadas como membros; personagens aparecem e desaparecem. No final do tempo de execução, após uma cena que parece mostrá-la acordando de um sonho, a protagonista se transforma, inexplicavelmente, da otimista Betty para uma atriz fracassada e de aparência assombrada chamada Diane. 

"Não há banda"
Mas são os pequenos momentos autocontidos que permanecem por mais tempo na memória, e que dão ao filme uma textura de mosaico. O maior deles é a famosa cena do Club Silencio, um trecho de filme verdadeiramente inesquecível. É tanto uma experiência sensorial suntuosa quanto um exercício autorreflexivo, levantando o capô do filme para que possamos inspecionar os pedaços e partes móveis dentro dele. 

Na cena, o MC de uma boate surreal sobe ao palco. " No hay banda! " ele exclama: "Não há banda". Ou seja, todos os sons que o público ouve foram pré-gravados; eles parecem reais, mas são uma ilusão. Os espectadores são, no entanto, arrebatados por uma emocionante versão em espanhol de uma música de Roy Orbison – linda, de partir o coração e hipnotizante – antes que o cantor caia morto de repente e seja arrastado para longe. 

O efeito é completa e requintadamente deslocante. Lynch evoca uma ilusão enquanto reconhece a prestidigitação necessária para nos fazer acreditar nela. A magia dos sonhos, em outras palavras, ao lado da magia dos filmes: uma forma iminentemente mais dissecável do que a outra. 

Incentivar o público a participar dessa análise – dessa dissecação – é um exercício que atrai críticos como mariposas para a luz. Há algo infinitamente fascinante em um filme que prioriza perguntas em vez de respostas, ampliando nossas expectativas sobre o que o cinema pode alcançar enquanto cena por cena também fornece uma experiência ricamente gratificante. Talvez o maior mistério de todos seja como diabos Lynch conseguiu isso. 

Este artigo foi publicado originalmente em 2016.

Dados Wikipédia

" Crying " é uma canção escrita por Roy Orbison e Joe Melson para o terceiro álbum de estúdio de Orbison de mesmo nome (1962). Lançada em 1961, foi um hit número 2 nos EUA para Orbison e foi regravada em 1978 por Don McLean , cuja versão foi para o número 1 no Reino Unido em 1980.

O cineasta David Lynch criou a cena no filme neo-noir Mulholland Drive em que Del Rio canta no Club Silencio depois de ouvi-la cantar " Llorando " em seu estúdio em casa por sugestão do agente musical Brian Loucks. Lynch então a convidou para se apresentar no filme. Lynch chamou isso de "um feliz acidente". A interpretação emocional da música por Del Rio inspirou a criação e o desenvolvimento da cena em si. Em seu livro The Impossible David Lynch , Todd McGowan descreve a performance de Del Rio com a frase "a voz como o objeto impossível". Na cena da boate, Del Rio é apresentada como "La Llorona de Los Ángeles" (Mulher Chorona de Los Angeles), que canta a música em um estupor depressivo, apenas para desmaiar no palco enquanto a música continua tocando. A crítica de cinema Zina Giannopoulou interpreta a interpretação da canção e a morte (simbólica) da cantora como um paralelo à relação entre as duas personagens femininas doppelgänger , Diane/Betty e Rita/Camilla.




sexta-feira, 7 de março de 2025

Cartas de Amor XCI



Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul

Querida, nosso amor é um fenômeno farmaco-neurobiológico

Calma meu bem, calma ... isto, muita calma... deu que hoje acordei com este ímpeto farmacêutico e resolvi trazer à tona nossos vínculos quando alinhados com nossas emoções de coexistirmos.

Saiba que você fica linda quando assustada pelas palavras que guardo em sua boca. Inspire, respire, inspire, respire ... assim, bem devagar. Lembra de quando viajamos até o Rio de Janeiro e choveu os três dias? Aquilo foi tramado pela nossa alta expectativa hormonal e tratou-se de uma quebra do dorama psicofarmaceutico que a natureza impôs e não estava de acordo com a nossa conduta potencializada. Na prática, longe de ser um padrão de normalidade, é chamada de inibição por quebra de catecolaminas excitadas.

Quando penso em você e fecho os olhos de saudade, meu o cérebro libera neurotransmissores, tais como a beta-feniletilamina, este potente gatilho químico da paixão, que acelera o fluxo de informação entre neurônios; e então sou inundado pelo seu cheiro de amor.

Logo a seguir o corpo aquece, a adrenalina e a noradrenalina juntamente com a dopamina e a norepinefrina produzem em todo meu ser uma sensação de estar tonto, energizado e eufórico. Nestes dias presencio a diminuição do apetite e aparece a insônia. Daí, as serotoninas  subjacentes à paixão avassaladora liberam a censura associada a pensamentos obsessivos e ao sonhar acordado com você.

Enquanto singra lépida, graciosa, alegre, feliz e risonha pelos meus  delírios farmacocinéticos e neurofarmacológicos após a ânsia dos primeiros pensamentos, sabendo que aí dentro(do seu coração) mora um pedaço de mim, a  oxitocina, um neuropeptídeo produzido no hipotálamo, me faz sentir seu carinho, suas carícias e sua pele conjugando as nossas existências.

Querida, eu não sei não amar você! Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

É isto aí!