terça-feira, 28 de junho de 2022

Pensamento do dia



Pensamento do dia, em dose dupla acima e abaixo, ditos em priscas eras, por Nelson Rodrigues:

No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Valeu Paulo Diniz! Você fez a vida valer a pena

Paulo Diniz foi embora para seu descanso eterno Puxa vida! Valeu, Gratidão!!

Vou-me embora (Paulo Diniz/Roberto José) 

Vou-me embora,
vou-me embora,
vou buscar a sorte
Caminhos que me levam, 
não tem sul nem norte
Mas meu andar é firme, 
meu anseio é forte...

Vou-me embora, 
vou-me embora, 
vou buscar a sorte
Caminhos que me levam, 
não tem sul nem norte
Mas meu andar é firme, 
e meu anseio é forte
Ou eu encanto a vida, 
ou desencanto a morte

Ou eu encanto a vida, 
ou desencanto a morte

Vou-me embora, 
vou-me embora, 
nada aqui me resta
Se não a dor contida, 
num adeus sem festa
Eu vou na ida, indo, 
que o temor desperta
Cuidar da minha vida, 
que a morte é certa

Quem disse que trazia, 
até hoje não trouxe
O bem de se fazer da vida 
amarga doce
Eu não espero o dia, 
pouco me importa

Se o velho é sábio 
ou se a menina é louca
Se a tristeza é muita, 
se alegria é pouca
Se José é fraco 
ou se João é forte
Eu quero a todo custo 
encontrar a sorte

Vou-me embora, 
vou-me embora 
e levo na partida
Resolução no peito, 
firme e definida
Quem vem na minha ida 
ouve a minha voz
E cada um por si 
e Deus por todos nós

E cada um por si 
e Deus por todos nós


Fonte Youtube - Paulo Diniz



quarta-feira, 22 de junho de 2022

Instantes obstaculizados pelo nonsense

Senhor Presidente, Beto Bom de Bolla do Jornal da Tarde. Senhor Presidente, Como o senhor faz para identificar os pontos críticos da sua gestão?

Veja bem, Beto, se eu não disse, direi agora, mas acho que já falei, mas não canso de refalar que o cuidado em identificar pontos críticos no desenvolvimento contínuo de formas distintas de atuação apresenta tendências no sentido de aprovação a manutenção dos paradigmas corporativos.


Aqui, Senhor Presidente, Simonara Tardia, do Diário Maiscedo. Como o senhor lidará com sua proposta de mudança de paradigmas?

Veja bem, Simonara, está linda neste vestido, uau! Mas o que posso dizer do alto catedrático da minha formação brancaleônica é que a atitude de pensamento de metodologia deve ser aprovada em uma das formas de aplicabilidade das operações com o início da atividade de formação geral. Neste sentido, o novo modelo estrutural aqui preconizado será, talvez, não sei bem ao certo, mas se for, com certeza será auxiliar à preparação e composição de alternativas às soluções ortodoxas.


Senhor Presidente, Lalá do Correio da Notícia, como o senhor trabalhará com os pontos críticos da sua gestão?

Veja bem, Lalá, gostei da sua pergunta - é sinal de que há um elo de ligação encadeada unindo nossos pensamentos - entendeu? captou? depois pego seu zap - Mas recuando de frente, porque sou macho alfa, muito além de mim, digo e afirmo com clarividência que o cuidado em identificar pontos críticos no novo é algo feito um negócio estruturalmente adequado cujo caminho em trâmite deve passar por alguns modelos pré-determinados pelo mecanismo da meritocracia estrutural, independentemente das condições inapropriadas ou não, sei lá, nunca se sabe, talvez, é.... então é isto.


Senhor Presidente, Romerito Romercarlos, do La Nacion Nacional. Como tratará dos capitais internacionais?

Veja bem, Romerito, que bigodinho ridículo este, hem?! Manda um abraço para a sua mamãe, e fala com ela que você parece seu pai. Já no âmbito das ideias de grande envergadura mundial, neste ponto específico, eu que sou um ser humano reto e inobstaculizado, gostaria de enfatizar que a mobilidade dos capitais internacionais talvez venha a ressaltar a relatividade da gestão inovadora da qual fazemos parte, no entanto, não podemos esquecer que a complexidade dos estudos efetuados estimula a padronização das diversas correntes de pensamento, quer queiram ou não, por que eu penso, logo insisto, ou existo? Xisto? De onde tirei isto? 


Senhor Presidente, Maxwell Smith, do Diário Planeta. Como o senhor acredita que será a receptividade às ações que o senhor preconiza?

Veja bem, Maxwell, então você é um daqueles vermes asquerosos do pasquim que circula com inverdades sobre o que faço prevalecer como verdade. Veja bem, a gente não escolhe o vaso onde deixa a descarga, se é que me entende. Por outro lado, visto assim de outra maneira mais transparente que vestido de praia, posso dizer-lhe que é claro que o novo modelo estrutural aqui preconizado maximiza as possibilidades por conta de alternativas às soluções ortodoxas, de forma que todas estas questões, devidamente ponderadas, levantam luzes sobre a necessidade de renovação processual que exige a precisão e a definição do sistema de formação de quadros que corresponde às necessidades.

É isto aí!

Fonte das ideias encaixadas nos diálogos: https://lerolero.com/




domingo, 19 de junho de 2022

Paulinho Moska e Suely Mesquita - Zoombido - Seu Olhar




Paulinho Moska fala de Suely Mesquita:

“Conheci Suely Mesquita no fim da década de 80. Ela era integrante do maravilhoso Coro Come e eu do Garganta Profunda, dois corais performáticos do Rio de Janeiro. Compositora, cantora, letrista e escritora e professora de canto, Suely esteve envolvida em muitos projetos importantes relativos à técnica vocal no canto popular. O destaque vai pro “Ovo”, disco que ela idealizou apresentando novos compositores cariocas da década de 90. Mas é na composição que ela nos brinda com sua verve certeira em parcerias com Mathilda Kóvak, Luís Capucho, Pedro Luís, Paulo Baiano, Rodrigo Campello, Fred Martins, Chico César, Zeca Baleiro, Celso Fonseca, Arícia Mess, Mário Sève, Kátia B., Lucina e Eugênio Dale. Eu também tenho a honra e a felicidade de ter uma canção feita com ela. E é justamente o dueto que cantamos juntos no Zoombido em seu episódio: “Seu Olhar”, registrada no meu disco ao vivo Muito Pouco Para Todos. Amo nossa parceria, amiga querida!”

Música: Seu Olhar
Artista: Paulinho Moska / Suely Mesquita
Licenciado para o YouTube por
UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, LatinAutor - SonyATV 


Gosto quando olho pra você
Gosto mais quando seu olho vem
Na direção do meu
Na direção do meu
Na direção do meu

Gosto ainda mais quando esquecemos
Onde estamos e olhando em volta escolhemos
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar

Gosto quando olho com você o mundo
E gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você

Na direção do meu
Na direção do meu
A mesma coisa pra olhar
A mesma coisa pra olhar

Gosto quando olho com você o mundo
E gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você
Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele com você

Gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele...com você

Taquigrafei seu olhar


taquigrafei 
seu olhar
milhões de vezes

codifiquei 
e decodifiquei
revisei os sinais 

nos termos platônicos
atenuei os códigos 
do adeus para sempre

cerceei a saudade
e nunca mais vi
olhos tão amendoados

É isto aí!

quarta-feira, 15 de junho de 2022

O Santo Sudário


O que conhecemos hoje como Sudário é um lençol de linho, de tecido firme e forte, de cor sépia, e de grandes dimensões ( 4,36m de comprimento por 1,10m  de largura) , que traz milagrosamente estampado, de frente e de costas em tamanho natural, a figura de um homem de barba com idade calculada entre 30 e 35 anos, de aproximadamente 1,80m de altura e  pesando mais ou menos 80 quilos, que foi torturado, flagelado e crucificado. Conserva-se há mais de quatro séculos na cidade italiana de Turim.

Eu convido você a assistir ao vídeo: 



Vou ver aqui e qualquer coisa te aviso

Definitivamente, este país não é para amadores. Lembrei do Tom Jobim o grande maestro brasileiro até no nome, que profetizou nos anos 1970 que "este país não é para principiantes". As frases parecem iguais, mas amador pode ser qualquer um a qualquer tempo, logo a imensa margem de exclusão dos desvalidos e a minoria dos que determinam os rumos da nação é imensa, abissal, intangível.

Mas não tem nada mais nacional do que a negativa clássica  elegante que afirma o nada sem nenhum constrangimento: Vou ver aqui e qualquer coisa te aviso.

Existiu no Brasil um jornalista, que foi uma figura ímpar, icônica, batizado como Sérgio Porto (1923/1968) , mais conhecido mesmo pelo pseudônimo  Stanislaw Ponte Preta. Era o grande satírico da sociedade brasileira e usou a mais fina flor do humor sarcástico e cortante para rir das nossas idiossincrasias no começo dos anos 1950.

Foi o criador do antológico Febeapá – Festival de Besteiras que Assola o País. Seu estilo influenciou uma geração de humoristas, jornalistas e cronistas e deixou uma marca na cultura do brasileiro: a capacidade de rir de si mesmo. 

Confira dez máximas, escolhidas entre centenas, de Stanislaw Ponte Preta:

- A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.  

- Basta ler meia página do livro de certos escritores para perceber que eles estão despontando para o anonimato.

- Política tem esta desvantagem: de vez em quando o sujeito vai preso em nome da liberdade.

- O sol nasce para todos. A sombra para quem é mais esperto.

- Há sujeitos tão inábeis que sua ausência preenche uma lacuna.

- Hoje em dia ninguém é bonzinho de graça.

- A diferença entre o religioso e o carola é que o primeiro ama a Deus, o segundo, teme.

- A dúvida dele não era a de que pudesse não ser um homem mas a de que talvez nem chegasse a ser um rato.


É isto aí!

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Ave Maria (Caccini/Vavilov)

O título "Ave Maria de Caccini" tem sido tema de vários debates e controvérsias.

Caccini foi um compositor do século XVI que vivia em Florença e um cantor extremamente talentoso. A música de Caccini que mais influenciou compositores posteriores foi a coleção de monodias e canções para voz solo e baixo contínuo, publicada em 1602, intitulada Le nuove musiche. A introdução a este volume é provavelmente a mais clara descrição de motivo e mais correta apresentação de monodia do seu tempo. Caccini compôs três óperas – Euridice (1600), Il rapimento di Cefalo (1600) e Euridice (1602), no entanto, a primeira continha música que não era da sua autoria (eram principalmente de Jacopo Peri). Adicionou ainda a música para um intermédio (Lo che dal ciel cader farei la luna) em 1589; e mais duas coleções de canções e madrigais, também intituladas Le nuove musiche, em 1602 e 1614.

Não restou nenhuma música para múltiplas vozes, no entanto, registros da época indicam que Caccini esteve envolvido com música policoral (antífona) por volta de 1610. Caccini foi predominantemente um compositor de canções para voz solo e com essa capacidade adquiriu muita fama. O mais famoso dos seus madrigais é “Amarilli, mia bella”.

Com relação à Ave Maria, ninguém sabe ao certo quem escreveu esta obra, principalmente devido ao fato de que ficou desconhecida até o século XX. Muitos acreditam que Vladimir Vavilov, um violonista e compositor russo bem pouco conhecido, gravou a Ave Maria em 1972 como sendo uma peça de um compositor anônimo. Mais tarde, um dos músicos que participou dessa gravação, o organista Mark Shakhin, atribuiu a Ave Maria a Caccini.


Independente da incerteza quanto ao compositor, e inegável a beleza desta obra.


Fonte: Concertino


quinta-feira, 9 de junho de 2022

Pra dizer adeus



Para dizer adeus (Paulo Abreu)

Quero morrer sorrindo
às seis horas da manhã, 
e ser enterrado às onze 
em ponto, antes do almoço

já separei a roupa 
que serei vestido nela, 
já comprei e paguei a urna funerária, 
reservei a cova no cemitério municipal, 

escolhi as músicas 
que a Banda Santa Cecília vai tocar, 
serão oito dobrados 
e duas marchinhas.

E pelo amor de Deus
tem que tocar três vezes 
com intervalo de uma hora
"Pra dizer adeus" dos Titãs

É cedo 
ou tarde demais
pra dizer adeus
pra dizer jamais

já despedi da turma do carteado, 
da turma do sarau, do bar do Mendes, 
do círculo místico, das meninas da Rosa,
da turma da seresta e da faculdade.

Quero morrer sonhando,
sem os sentidos despertos
Vê se não demora
Aguardo você no céu.

É isto aí
  

domingo, 5 de junho de 2022

Livrai-nos dos sofomaníacos - Amém!


Alto lá
Este texto não é meu
Confesso que copiei e colei

Sofomania - Palavrinha engraçadinha e de sonoridade suave que encerra em seu significado doses elevadas de soberba, vaidade e autoengano. Uma mistura bem indigesta que parece ter encontrado o ambiente perfeito para fermentar as redes sociais.

Comportamento muito presente hoje, a sofomania consiste em tentar se passar por inteligente, mesmo sabendo que não se é. Uma ação consciente, calcada na afetação permanente e na confiança excessiva sobre a própria sabedoria.

O problema é que, onde há sofomania, via de regra, há pouco ou quase nenhum lastro de conhecimento. O pensamento do sofomaníaco é raso, horizontalizado. E, portanto, o que é dito por ele não frutifica. Não engrandece os diálogos. Suas palavras vão do cômico ao trágico em segundos. Com eles não tem conversa possível, viável. Existissem eles com tanta ousadia na Grécia Antiga, os filósofos gregos teriam perdido a paciência em Ágora, deixando um legado consideravelmente menor.

Isso porque o conhecimento de um sofomaníaco não é construído. Não acumula informações e as processa. Não correlaciona dados. Não é fruto de pesquisas e estudos próprios. Ele se edifica sobre informações que lhe chegam sem querer ou, talvez, lhe sejam encaminhadas justamente por sua condição sofomaníaca.

Afinal, entre tanto pensamento a ser controlado e condicionado atualmente pela internet, qual seria melhor que os dos sofomaníacos? Um público-alvo cordato, sem iniciativa e prontamente subserviente ao próprio ego. Com um parâmetro de profundidade de conhecimento tão sutil que qualquer informação errada ou distorcida pode flutuar por horas sem naufragar. Bem à vista dos mais desavisados e daqueles que, mesmo não sofrendo de sofomania, a preguiça impede o pensamento crítico próprio.

Na cabeça de um sofomaníaco há um contínuo processo mental que faz com que ele aceite, em um determinado momento, uma informação como verdadeira. Mesmo que, em um momento anterior ou posterior, ele já tenha compreendido ou venha a compreender que ela é falsa. E, quando isso acontece, nada acontece… Porque a fidelidade do sofomaníaco à sua total ignorância é máxima. Por aquilo que ele acha que sabe e finge acreditar ele é capaz de matar ou morrer. Enfrenta Platão tal qual Aristóteles. Mesmo sabendo que nem de longe possui a mínima capacidade aristotélica para tal.

Sendo assim, talvez não seja exagero suspeitar que a sociedade brasileira está à beira do caos filosófico. A sofomania estagnou as reflexões sociais, prendendo em um looping os usuários de redes sociais e outros aplicativos de convivência sem permitir que os debates fundamentais avancem.

Não bastasse o desgaste nas relações humanas simples, agora a sofomania subverte a ordem teórica da comunicação. A máxima “uma mensagem, um emissor e um receptor” não corresponde mais à realidade. Uma vez que o emissor emite apenas mensagens equivocadas, o receptor não consegue contestar a mesma. O diálogo se rompe. Perde o propósito e a função. E por que não dizer, perde a linha. Se transforma em debate sem argumento. Discurso sem preparo. Conversa sem pé nem cabeça.

Sim, a sofomania é uma das muitas loucuras do mundo contemporâneo a ser discutida, enfrentada e combatida enquanto há tempo.

Afinal, sofomaníacos existem, não são poucos e se autoenganam diuturnamente. E fazem isso muito bem. Tão bem que, após a hecatombe, é possível que sobrem apenas as baratas e os sofomaníacos com suas convicções perturbadas.

Convicções essas pelas quais, tal qual na Grécia antiga, eles estarão dispostos a sacrificar cem cabeças de boi aos deuses mitológicos para perpetrar discussões estapafúrdias. E já que, na mesma antiguidade grega, há melhores exemplos de construção da sabedoria, é uma pena que quem nasceu para sofomaníaco nunca chegue a peripatético. Aí sim, poderíamos ter esperança das redes sociais contribuírem com a sociedade brasileira.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Náufragos


Muita maldade
maus e males
aqui e ali
soçobram a nação

Não há limite
tudo serve para servir
de servil ao insípido
de costas aos desvalidos.

Vinícius de Moraes 
imortalizou nestes versos abaixo,
em 1949 - Pátria Minha
ainda hoje de forma tão tangível:

"Vontade de beijar os olhos de minha pátria 
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... 
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias 
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos 
E sem meias, pátria minha 
Tão pobrinha!" 

Fonte do Poema Incidental: Pátria minha/Vinícius de Moraes 



É isto aí!

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Só em teus braços ( Tom Jobim )


Sim, promessas fiz

Fiz projetos, pensei tanta coisa

E agora o coração me diz

Que só em teus braços

Eu ia ser feliz

Eu tenho este amor para dar

O que é que eu vou fazer


Eu tentei esquecer

E prometi apagar da minha vida este sonho

E vem o coração e diz

Que só em teus braços amor 

eu posso ser feliz


Escute aqui com Rosa Passos



Deixa (Vinícius de Moraes)

Deixa (Vinicius de Moraes) 

Deixa
Fale quem quiser falar, meu bem
Deixa
Deixe o coração falar também
Porque ele tem razão demais quando se queixa
Então a gente deixa, deixa , deixa, deixa

Ninguém vive mais do que uma vez
Deixa
Diz que sim prá não dizer talvez
Deixa
A paixão também existe
Deixa
Não me deixes ficar triste


Este poema de Vinicius de Moraes foi musicado em 1966 por Baden Powell, (ouça aqui com Nara Leão) - e abaixo conto a história:


Um pouco de história da MPB:

Vinicius e Baden – uma parceria histórica.



Vou contar uma história de sucesso da musicalidade brasileira, na época em que havia respeito pela nossa MPB. Aqui relato como se formou uma das mais brilhantes parcerias musicais do Brasil, Vinicius de Moraes/Baden Powell. Tudo começou em 1962. Ao entrar na Boate “Arpege” no Leme, Rio de Janeiro, para assistir o show do amigo e parceiro Tom Jobim, Vinicius de Moraes ouviu o garoto Baden Powell tocando uma guitarra elétrica. Ele estava muito inspirado e fazia miséria com o instrumento. Vinicius ficou ouvindo maravilhado e impressionado com a habilidade de Baden, lembrando dos grandes guitarristas de jazz que tinha conhecido quando morava nos Estados Unidos. Baden foi apresentado ao Vinicius e de cara foi convidado para ser seu parceiro. 

Alguns dias depois Baden procurou Vinicius no seu apartamento. Segundo o musicólogo José Ramos Tinhorão, os dois se trancaram e só saíram três meses depois, com vinte e cinco músicas prontas. Calcula-se que que eles beberam, nos três meses, 240 garrafas de whisky Haig’s e fumaram três maços de cigarros diariamente, o que no fim dos três meses corresponde a 5.409 unidades. Dessa “quarentena alcoólico-tabágico-musical”, nasceram músicas como: “Samba em Prelúdio”, “Consolação”, “Só por amor”, “Labareda”, “O astronauta”, “Bom dia amigo”, “Berimbau” e as músicas afro sambas como: “Canto de Osanha”, Canto de Yemanjá” e “Canto de Xango”.

De lá Vinicius de Moraes foi direto para o hospital. Vinicius, o poetinha do Brasil, foi mais uma vítima do binômio “Tabaco-álcool” e Baden resistiu mais tempo, falecendo de pneumonia, no ano 2000, aos 63 anos de idade.

Segundo definição do próprio Vinicius de Mores ele se dizia o branco mais negro do Brasil. Sua poesia transformou a música brasileira tornando-se num divisor de águas na história da nossa música popular. Baden Powell de Aquino foi um dos maiores virtuoses do violão em solo brasileiro, oriundo da Escola de Sátiro Bilhar, Quincas Laranjeira e João Pernambuco. Além de magistral violonista, um dos maiores do mundo na época, era excelente compositor e foi parceiro de outros grandes compositores da nossa música popular, inclusive de Vinicius de Moraes.

Essa fenomenal dupla produziu uma verdadeira obra prima que encantou, e até os dias atuais seduz as novas gerações, preenchendo nossos corações de poesia e musicalidade.