Deixa (Vinicius de Moraes)
Deixa
Fale quem quiser falar, meu bem
Deixa
Deixe o coração falar também
Porque ele tem razão demais quando se queixa
Então a gente deixa, deixa , deixa, deixa
Ninguém vive mais do que uma vez
Deixa
Diz que sim prá não dizer talvez
Deixa
A paixão também existe
Deixa
Não me deixes ficar triste
Este poema de Vinicius de Moraes foi musicado em 1966 por Baden Powell, (ouça aqui com Nara Leão) - e abaixo conto a história:
Um pouco de história da MPB:
Vinicius e Baden – uma parceria histórica.
Vou contar uma história de sucesso da musicalidade brasileira, na época em que havia respeito pela nossa MPB. Aqui relato como se formou uma das mais brilhantes parcerias musicais do Brasil, Vinicius de Moraes/Baden Powell. Tudo começou em 1962. Ao entrar na Boate “Arpege” no Leme, Rio de Janeiro, para assistir o show do amigo e parceiro Tom Jobim, Vinicius de Moraes ouviu o garoto Baden Powell tocando uma guitarra elétrica. Ele estava muito inspirado e fazia miséria com o instrumento. Vinicius ficou ouvindo maravilhado e impressionado com a habilidade de Baden, lembrando dos grandes guitarristas de jazz que tinha conhecido quando morava nos Estados Unidos. Baden foi apresentado ao Vinicius e de cara foi convidado para ser seu parceiro.
Alguns dias depois Baden procurou Vinicius no seu apartamento. Segundo o musicólogo José Ramos Tinhorão, os dois se trancaram e só saíram três meses depois, com vinte e cinco músicas prontas. Calcula-se que que eles beberam, nos três meses, 240 garrafas de whisky Haig’s e fumaram três maços de cigarros diariamente, o que no fim dos três meses corresponde a 5.409 unidades. Dessa “quarentena alcoólico-tabágico-musical”, nasceram músicas como: “Samba em Prelúdio”, “Consolação”, “Só por amor”, “Labareda”, “O astronauta”, “Bom dia amigo”, “Berimbau” e as músicas afro sambas como: “Canto de Osanha”, Canto de Yemanjá” e “Canto de Xango”.
De lá Vinicius de Moraes foi direto para o hospital. Vinicius, o poetinha do Brasil, foi mais uma vítima do binômio “Tabaco-álcool” e Baden resistiu mais tempo, falecendo de pneumonia, no ano 2000, aos 63 anos de idade.
Segundo definição do próprio Vinicius de Mores ele se dizia o branco mais negro do Brasil. Sua poesia transformou a música brasileira tornando-se num divisor de águas na história da nossa música popular. Baden Powell de Aquino foi um dos maiores virtuoses do violão em solo brasileiro, oriundo da Escola de Sátiro Bilhar, Quincas Laranjeira e João Pernambuco. Além de magistral violonista, um dos maiores do mundo na época, era excelente compositor e foi parceiro de outros grandes compositores da nossa música popular, inclusive de Vinicius de Moraes.
Essa fenomenal dupla produziu uma verdadeira obra prima que encantou, e até os dias atuais seduz as novas gerações, preenchendo nossos corações de poesia e musicalidade.
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