Valsa retornou. Havia esquecido de esquecer que nunca mais outra vez partiria sem antes lembrar-se de procurar por Dadinha, uma mulata louca de amor pela vida. Martinha agora era ontem, passou, acabou, virou retrato em álbum de formatura. O fato é que Valsa soçobrou-se com Martinha
Desceu no ponto conhecido como rodoviária, um ponto com um posto de venda em madeira, ocupando um espaço não definido entre calçada e rua. Em frente, barraquinhas de todas as modalidades de bebidas, tira-gostos e prostitutas.
A chuva, o vento e o sol tímido davam as boas vindas - retornara ao ambiente hostil da vida sem graça, sem relevos e sem assentos marcados na viagem da vida. A casa, a família, os amigos e o amor que perdera, o amor que esquecera e o amor que abandonara o aguardavam como se nunca houvesse partido.
Desceu a rua descalça, passou em frente à casa de Martinha, uma casa comum de um lugar comum, com parede desbotada, janelas mal fechadas e porta empenada. Deu vontade de bater, dizer alguma coisa, sempre haveria algo a dizer, mas as palavras fugiram assim que pensou em fazer esta bobagem.
Dobrou a esquina, entre poças d'água e barro liso, com todo o cuidado. No meio do quarteirão parou diante de uma casa com janelas azuis e flores rosas e vermelhas a beijar o chão pela força dos ventos. Emitiu um quase inaudível som agudo produzido pela passagem do ar entre os lábios comprimidos. Dadinha abriu a porta, sorriu e Valsa retornou ao mundo do qual nunca se deu conta que era seu o tempo todo.
É isto aí!
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