- O que o trás aqui hoje?
Acho que estou nervoso, deve ser isto, só estou nervoso.
- Entendo
Entende mesmo ou apenas quer um ponto convergente de confiança na relação terapeuta/paciente?
- Qual a sua opinião quanto a isto?
Sei lá, porra, caralho, merda, merda merda. Não sei. Estou nervoso, esquisito, sei lá, estranho.
- Defina "estou nervoso".
Olha só, apesar de não me irritar com facilidade; nem perder a razão muito facilmente, choro, tenho chorado aqui e ali, aí fico quieto, com vergonha de chorar.
- Vamos voltar a este ponto. Muito interessante, mas antes defina esquisito para mim.
Chorar faz de mim um ser esquisito. Outro dia ela falou que não chora, justamente após abrir meu flanco de defesa e confessar que tenho chorado. Disse num tom superior, sei lá, achei esquisito.
- Ela? Temos uma "ela"?
Não quero falar sobre ela.
- Tudo bem! Defina o que é ser estranho.
Sabe, fica tocando uma música antiga na minha memória, que não consigo desligar.
- Uma música? Interessante, e o que diz esta música? Ela é real, existe fora da sua memória?
Sim, é real, é do Jessé, lembra dele?
- Humm, sinceramente não.
Então, faleceu tem uns vinte anos, era cantor e compositor.
- E a música?
Então, tem a versão Jessé e e a versão "dela"
- Dela?
É ... tem a versão modificada daquela que não quero falar sobre ela.
- E você consegue falar os versos?
Sim, sei os versos dela, modificados
- Então fala
Vou tentar ...
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