domingo, 17 de agosto de 2014

Odete, a Carpideira de Brasília

Ainda não havia terminado o arrastado domingo e Odete, a Carpideira de Brasília, ligou entre soluços, lágrimas, afonia, silêncio, murmúrios e balbuciantes monossílabas.  Conta a lenda que de certa feita, no sertão do Plano Piloto, a moça chorou com tanta veracidade em velório de alta patente, que foi recomendado por intermediários uma, digamos assim, ajuda para custeio de despesas, pelo prazo do luto razoável de cinco anos realizado em parcelas iguais e mensais.

- Alô amor!!! Saudades de você. Euzinha aqui me acabando em um vale de lágrimas e você aí, no bem bom caipira das alterosas...

- Olá Odete, sempre fico em contagiante alegria ao ouvir sua voz. A que devo a honra de tamanha graça?

Bem, querido, como sabe minhas fontes são tão fidedignas quanto às da grande e idônea imprensa. A questão é que Carminha me contou que ouviu de Martinha, amante de famoso membro da alta corte neoliberal, que conversava com um lugar-tenente com doutorado em Seridó, que confidenciou-lhe que Margareth, uma piriguete da região de Caicó, soube através de Amelinha, que tinha lá um rompante com Virgilinho, guarda-livros da empresa da prima do filho do amigo da amante do sub-auxiliar da terceira secretaria no Palácio do Campo das Princesas, na sede do governo do longínquo e distante Pernambuco, que Dudu, o garoto que ia mudar o mundo a partir do Campo das Princesas, morreu.

- Odete, você está louca? está doida? Está com alucinação? Está tendo crise histérica? Odete, Dudu morreu já tem aí uns quatro dias, e só agora é que você levanta toda esta linha de informações para lamentar a perda?

- Nossa, querido, você só vê as coisas com os olhos de Cartesius. 

- Espera aí... você então está querendo dizer que nada mais decola vindo dali?

- Não sei de nada, não falei nada, não disse nada, e se contar que fui euzinha, desminto. Mas que tal fazer um voo livre em minha pista solo, amor?

Uau, Odete, assim você... alô... alô... droga, perdi o voo outra vez...

É isto aí!



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