quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tudo passa

Os dois últimos atos que se recorda sentado no banco da praça desconhecida foram antagônicos - Jurou vingança e concomitantemente perdoou a mulher ao entrar na casa e deparar com compadre Oswaldinho a dar prazeres a Dolores, o amor da sua vida. Aquilo moeu sua alma, contorceu suas vísceras, queimou-lhe os olhos e tremeu toa carne do seu corpo. Da forma que entrou saiu, bem devagar, sem ser notado. Vou embora, bradava, vou sumir, dizia, vou partir, murmurava, vou seguir sem rumo, pensava e agitava os braços, ora lentamente, ora abruptamente.

Desceu a rua no sentido centro, sem se preocupar com tráfego, pessoas e movimentos urbanos, enfim , sem maiores preocupações, inclusive esqueceu até o motivo de ter ido  à casa naquela hora da manhã. Os passos foram reduzindo a velocidade, o pensamento foi sendo retardado, a paz foi dominando o ambiente do grande salão mental enquanto andando andando ainda não se deu conta onde estava indo.

Perdeu completamente a noção do tempo, chegou num lugar onde achou as casas diferentes, as pessoas diferentes, tudo muito estranho. Sentou no banco de uma praça florida, muito bem cuidada, olhou em volta e não tinha a menor ideia de onde estava. Enquanto isto na porta da casa estava o Samu tentando reanimar o corpo sem vida, mas o infarto foi fulminante, segundo o médico da equipe.  
Oswaldinho mudou de cidade, Dolores ficou só e o cachorro fugiu. Oswaldinho perdeu o brilho de conquistador, Dolores perdeu o corpo sedutor e o tempo seguiu. Tudo passa, tudo tudo passa.

É isto aí!

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