Meu museônico Nokia agita no criado mudo. Três horas da manhã. Acordo assustado, macambuzio, depois de uma noite de queijos e vinhos (devido à crise houve pequena alteração, na ordem - queijo frescal e suco de uva integral). Do outro lado da célula está Odete, a desputada pudica de Brasília.
Reza a lenda que nos idos do verde-oliva, Odete com o mandato de desputada biônica tinha livre trânsito pelo imenso salão verde da Câmara, onde seduzia com apenas com um discreto olhar e voluptuoso decote os delirantes e devotos velhinhos congressistas , levando-os ás cegas para os badaladíssimos points Kako e Shalako ao som erótico de Donna Summer, Diana Ross, Gloria Gaynor, Barry White, ABBA e, claro, Bee Gees onde tudo se resolvia, se consumia e se fazia em nome da ordem e do progresso.
- Odete, puxa vida, que alegria receber uma chamada sua ...
- Amore, alegre fico euzinha se você vier para Brasília, vem amor me ter em Brasília em nome dos velhos tempos ...
- Uau, Odete, falando assim desta maneira fico até querendo votar em quem você mandar.
- Vota em mim, amore, deposita logo este voto na minha urna e me eleja sua...
- Caramba, Odete, estou sem palavras ... mas além desta volúpia envolvente, o que mais a trouxe aos meus ouvidos.
- Amore, como sabe, tudo que conto tem provas, contraprovas, documentos e testemunhas.
- Claro, Odete, nunca duvidei da sua idoneidade.
- Nossa, amore, agora você me tocou, mas bem, outro dia euzinha estava na casa da Beth, sabe, já te falei da Beth?
- Não que me lembre.
- Bobinho, você é que esqueceu. Beth é minha personal trainer ananga-ranga, namoradinha da Condessa Mercy, esposa do Conselheiro Amaral, amante de Creuzinha, uma dançarina meia-boca da Boate Azul, bancada pelo cafetão e Duque de Le Coq, Dom Ery do ramo TroXylon, primo do barão amigo do amigo do amigo do Nestorzinho. Beth me confidenciou em sigilo secreto e absoluto que ouviu da Condessa, que escutou escondida uma conversa telefônica do surdo Conselheiro com a Creuzinha, que tirou esta confidência do insaciável Duque de que Nestorsinho é o cara que controla a pátria amada, junto com mais uma dezena de outros corretores sem voto, mas devotos, se é que me entende.
- E quem é Nestorzinho, Odete?
- Puxa vida, amore, achei que queria detalhes da ananga-ranga que pretendo explorar junto a você nas noites estreladas do planalto, mas vamos lá - Nestorsinho é um ... digamos assim ... humm... corretor de coisas e atualmente ocupa a 5ª secretaria da 4ª câmara do 3º staff da 2ª coordenadoria do grupo de frente de blindagem e apoio ao Grande e Poderoso Dom Golpeon, o Velho.
- Corretor de Coisas? Como assim, Odete?
- Credo, amore, hoje está difícil falar com você, pergunta da ananga-ranga, vai, pergunta, vai, pergunta ...
- Isto está cheirando a sacanagem, Odete.
- Ufa, finalmente estamos em sintonia. É da ananga-ranga que você falou, não é amore?
- Não Odete, eu falei deste ... deste, hummm ... corretor de coisas.
- Está bem, está bem. Nestorsinho não aparece e é um corretor, por que esta é a denominação analógica que a famiglia cristã do Paranoá dá ao lugar-tenente que atua como a peça em que gira a roda do moinho de vento. Ninguém vê o corretor do moinho, mas nada acontece sem a presença dele.
- Caramba, Odete, quer dizer então que por trás dos holofotes existem corretores anônimos fazendo a roda girar para onde o vento toca, sem direito a voz e voto popular?
- Ai, delícia!!!! Vem amore, ser o corretor do meu moinho, vem fazer girar a roda da nossa alegria, vem amore me ter em Brasília ...
- Puxa vida, Odete, você falando assim, puxa vida, eu ... eu ... alô? alô? - merda travou a roda do moinho bem na hora que eu ia bater o grão ...
É isto aí!
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