quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Se o amor for a estrada pavimentada para o Paraíso, então as paixões são o que exatamente?

Em recente seminário científico na Real Academia de Ciências do Reino da Pitangueira, um dos mais destacados e renomados cientistas comportamentais discorreu sobre a tese que está preparando sobre as Paixões Humanas, sensações, sequências e consequências. O tema e título da tese foi:

"Se o amor for a estrada pavimentada para o Paraíso, então as paixões são o que exatamente?"

Na primeira fase da palestra fez citações de trabalhos já reconhecidos da ciência e em seguida abriu para a participação dos presentes, cujas respostas seriam analisadas como amostragem para suas pesquisas de campo. 

Senhoras e senhores, o que contradiz a ciência perante nossas paixões?

Cientistas, pouco dados a sentimentos humanos além das paredes de congelantes laboratórios, descobriram ou pelo menos acreditam que descobriram que a Paixão é um sentimento que aparece assim, do nada, de repente, é pouco racional e na maioria das vezes infla o peito de felicidade e satisfação, enquanto dura. 

Não é fácil entender como e por que nos apaixonamos, mas a ciência possui um modelo de compreensão que, apesar de não ser romântico, não deixa de ser fascinante.

Por que as pessoas se apaixonam?

De acordo com uma tese científica  publicada por dois renomados cientistas norte-americanos sobre a paixão, Elaine N. Aron e Arthur Aron, membros do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Nova York em Stony Brook, Stony Brook, o motivo pelo qual as pessoas se apaixonam é para que exerçam, inconscientemente, um processo chamado de auto-expansão, que nada mais é do que, basicamente, um meio para nosso rápido crescimento pessoal.

Ainda segundo os estudos científicos do casal, o modelo de "auto-expansão" desenvolveu-se a partir de uma confluência de pesquisas sobre atração e excitação, psicologia oriental, teoria da motivação e psicologia social das relações pessoais. O modelo trata o desejo de um relacionamento com um outro particular, como decorrente de um desejo de expandir o eu, incluindo esse outro em si mesmo, além de associar a expansão com esse outro particular.

Depois de falar sobre a "Auto-Expansão", nosso convidado citou algumas correntes filosóficas, ressaltando sempre que Paixão e Razão são realidades humanas que a filosofia já expressou inúmeras vezes seja sobre a dualidade de um corpo e uma alma imaterial ou como subdivisões entre as partes.

Ao final da excelente palestra, voltando-se para as dezenas de pessoas presentes ao evento, pediu que alguns voluntários respondessem à pergunta abaixo, num cartão que estava sob as cadeiras: 

"Se o amor for a estrada pavimentada para o Paraíso, então as paixões são o que exatamente?"

A maioria fez uma sinopse, baseados na percepção da palestra, e a última foi a que lhe chamou mais a atenção. Vejamos o que responderam os habitantes do Reino da Pitangueira que mais se destacaram. Você, leitor, poderá também participar, respondendo ou indicando a que mais gostou:

- flashes solares ofuscantes que nos cegam
- falha na programação genética
- falha na educação
- a culpa é das estrelas
- virose
- doença psico somática neuro vegetativa não contagiante
- diarreia ao volante
- quebra-molas em auto-pista, à noite, sem sinalização, com neblina e eu com os faróis ruins.
- atalhos aprazíveis para o corpo e talvez para a alma.
- atalhos doloridíssimos para o corpo e para a alma.
- prenúncio de cardiopatia grave.
- postos de abastecimento tipo Ypiranga, com tudo lá dentro
- postos de abastecimento sem apoio logístico
- postos de abastecimento com gasolina fraudada
- acostamento à beira do abismo
- abismo sem acostamento
- luau paradisíaco com quem de direito
- tesão sem freio
- temporal rápido e devastador
- temporal rápido seguido de muita chuva, raios e trovoadas
- chuva intensa e demorada com clima abafado.
- garoa que começa bem, vai ficando enjoativa vai indo vai indo e cansa
- praia ensolarada e quente no inverno
- uma crise asmática súbita
- uma engasgada desesperadora
- uma vontade doida de ficar doido
- o inesperado alucinante
- o inesperado lacrimejante
- o desespero pelo apego à vida
- o desespero por ter tomado a estrada errada
- o desespero para ninguém perceber que saiu da estrada.
- um terremoto demolidor
- um tsunami gigante
- Um choque paralisante gozoso
- Um choque paralisante duplamente gozoso
- Só um choque sei lá de que como quando e onde, mas que foi bom demais da conta.
- Um choque por eletricidade estática por um único pulso sensorial de descarga.

Por fim, o que chamou mais a sua atenção como cientista foi uma resposta complexa que considerou o Graal das Paixões dos presentes:

As paixões, quando aparecem, sempre surgem com grande poder transformador e desorganizador. Atuam feito um choque por eletricidade dinâmica, como na corrente alternada, exigindo, claro, a presença marcante dos dois polos, um positivo outro neutro, ou um positivo outro negativo, ou uma fase outro neutro, ou um preto e um vermelho, enfim, tem que ser e estar duas pessoas ali.

A sensação que uma pessoa apaixonada experimenta é a de um violento estremecimento no corpo, seguido de um calor intenso no ponto de contato. Esse estremecimento é tão mais intenso quanto maior for a tensão e a frequência elétrica apaixonantemente aplicada, enquanto que a “queima” do corpo, no ponto de contato, é tão mais forte quanto maior for a intensidade da corrente sentida. Neste caso, a corrente que flui através do corpo causa, dentro de pouco tempo, mudanças absurdas de comportamento. 

Concomitante a isto coisas estranhas, inexplicavelmente malucas e intangíveis se sucedem desordenadamente nos tecidos nervosos e cerebrais e por onde passa deixa sua marca indelével, única, exclusiva de cada um. Uns sentem dor pelo resto da vida, outros arrependimento, outros mágoa, outros saudade. A marca da paixão, no geral, é um espinho na carne. 

É isto aí!

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