quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Casos do Analista da Pitangueira - Euzite

Sabe, doutor, eu sofro de euzite.

Eusite? Interessante.

O senhor entendeu Euzite com Z ou Eusite com S?

Eusite, com s.

Foi o que imaginei. Então o senhor não é o mais indicado para o meu problema.

Seu problema então é euzite com z. E como foi diagnosticado, só a nível de curiosidade.

O senhor quer mesmo saber?

Sim, claro.

Foi a ... espere, como posso saber se posso confiar no senhor?

Bem, comecemos por você ter pago adiantado para estar aqui.

Então é só pagar que cabe a confiança mútua?

Mútua? Não, cabe a relação analista-paciente, que é sagrada.

Doutor, isto é muito pessoal, não sei se posso falar sobre este assunto.

Podemos começar por questões mais superficiais, sem precisarmos aprofundar.

Sabia, quer saber de tudo, hem ... quer dominar as paradas aí, hem doutor?

Dominar? Quem você imagina ser para questionar um profissional desta maneira?

Eu? Não imagino, pois eu sei quem sou.

Sabe? E quem você é?

Deus.

Deus? Então prove.

Sou onipotente, onipresente e onisciente, e isto me basta. Não tenho motivo para provar o que sou, eu sou o que sou e isto me basta.

Mas você é um deus com sofrimento de euzite? Como assim? Isto é um paradoxo.

Doutor, meu tempo não é seu tempo, mas semana que vem te atendo no mesmo horário.

Ahn?? Como? Espere ...

Não se esqueça doutor, um dia são mil dias e mil dias são muito tempo, então sou do tempo em que o tempo tinha tempo. Semana que vem no mesmo horário.

Está bem.

Pode ir doutor, estarei atendendo o próximo, sua fé te salvou.

Sai, sai sai sai sai. Sai, fora!!!!

Não precisa expulsar, destrua este templo e ele .. ai, ui, ai, que é isto, que violência é esta, doutor?

Fora ... ufa, mas o que é isto? Há um só deus aqui e ele sou eu dentro deste consultório ...

É isto aí!

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