terça-feira, 3 de abril de 2018

O Talibã é aqui


Na pátria amada idolatrada salve salve, mulher só pode ser objeto de escárnio, de desejo e de prazer, o resto é pecado mortal. Assim são destituídas presidentes, assassinadas líderes de movimentos sociais (mesmo sendo freiras), assassinadas agentes políticas, estupradas, violentadas, agredidas, transgredidas e mortificadas.

Os Talibãs que determinaram algumas normas a serem seguidas rigorosamente pelas mulheres, enquanto governaram (sic) fizeram escola em terras guaranis:

1 – Total proibição do trabalho feminino fora de casa. Apenas algumas médicas e enfermeiras estão autorizados a trabalhar nos hospitais de Cabul.
2 – Total  proibição de qualquer atividade feminina fora de casa se a mulher não estiver acompanhada por um mahram (parente próximo do sexo masculino, como pai, irmão ou marido).
3 – Impedidas de fazer compras com comerciantes masculinos.
4 – Não podem ser tratadas por médicos do sexo masculino.
5 – Proibidas de estudar em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional (o Taliban converteu as escolas para meninas em seminários religiosos).
6 – Obrigação do uso da burca, vestimenta que as cobre da cabeça aos pés.
7 – As mulheres que não se vistam conforme as regras do Taliban ou que não estejam acompanhadas por um mahram são açoitadas, espancadas ou ofendidas verbalmente.
8 – Açoites públicos contra as mulheres que não escondem seus tornozelos.
9 - Apedrejamento público contra as mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento (muitas delas são apedrejadas até a morte).
10 - Proibição do uso de cosméticos (muitas mulheres que pintaram as unhas tiveram os dedos amputados).
11 - Proibição de falar ou apertar as mãos de homens não-mahram .
12 - Proibição de rir alto (nenhum estrangeiro pode ouvir a voz de uma mulher).
13 – São proibidas de usar sapatos de salto alto, que podem produzir som ao caminhar (um homem não pode ouvir os passos de uma mulher).
14 - Proibidas de andar em táxi sem o mahram.
15 – Proibidas de participar de programas de rádio, televisão ou de reuniões públicas de qualquer espécie.
16 – Proibidas de praticar esportes e de entrar em centros esportivos ou clubes.
17 – Proibidas de andar de bicicleta ou motos .
18 – Proibidas de usar roupas muitos coloridas. Para o Taliban, isso as tornam sexualmente atrativas.
19 – Proibidas de participar de encontros festivos com fins recreativos.
20 – Proibidas de lavar as roupas em rios ou qualquer outro lugar público.
21 – Alteração de todos os nomes de ruas e praças que tenham a palavra. "mulher" . Por exemplo, "Jardim das Mulheres" se chama agora "Jardim da Primavera".
22 – Proibidas de  aparecer nas varandas de seus apartamentos ou casas.
23 – Janelas de vidro são pintadas para que as mulheres não sejam vistas do lado de fora de suas casas.
24 – Os alfaiates são proibidos de costurar roupas femininas ou até tomar as suas medidas.
25 – Proibidas de usar banheiros públicos.
26 – Mulheres e homens são proibidos de viajar no  mesmo ônibus. Os ônibus são divididos em "só para homens" ou "só para mulheres".
27 – Proibidas de usar calças, mesmo debaixo da burca.
28 – É proibido fotografar ou filmar mulheres.
29 – É proibido publicar imagens de mulheres em revistas, jornais, livros ou cartazes de qualquer ordem.
Além dessas restrições, as mulheres também não podem ouvir música, assistir filmes, de comemorar a chegada do ano novo.



É isto aí!

2 comentários:

  1. Minas Gerais, 03 de abril de 2018

    Querido Paulo,
    estive aqui mais cedo e pude caminhar sem tanta urgência, fui andando pelos poemas (seus e os partilhados...a poesia é mesmo uma arte poderosa...céus, como não tê-la?) passei pelas suas prosas contundentes, reflexos e reflexões preciosas destes tempos, passeei pelos vídeos (O Bráulio é um brasileiro que inspira orgulho!) e cheguei até aqui... cada esquina dessa paisagem do seu Reino despertou algum sentimento meu. Quando li essa prosa, quis logo comentar, mas precisava resgatar um vídeo para partilhá-lo com você (pude fazê-lo agora à noite, somente).

    É uma fala de uma historiadora italiana (Silvia Federici), sobre um livro dela que acabava de ser traduzido no Brasil (que ainda não li, mas está numa lista infinita de leituras pendentes e desejadas). Contudo, a fala é bem curta e esclarece bem o que é ser mulher no contexto da mundialização do capital (não só, mas também). Quando puder, assista-a:

    https://www.youtube.com/watch?v=XyG8wGXXTeE&feature=player_embedded

    E é claro, lembrei de Beauvoir: "Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida".

    Obrigada pelo passeio...por cada curva.
    Abraços,
    Amanda

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    1. Minas Gerais, 04 de abril de 2018

      Querida Amanda,

      Passo pelo tempo à velocidade da luz - meu Deus, como ter tempo para ler Amanda? Tempos malucos estes.

      Primeiro, obrigado por vir,fico sempre feliz. Simone de Beauvoir - me trás a lembrança de infância de minha mãe desabafando, criticando e odiando Sartre por entender que expôs Simone a um mundo que a diminuia. Eu tinha entre8 e 10 anos e não entendia nada daquilo, mas ela falava em crítica a uma matéria da Seleções, se não me engano.

      Em A Força da Idade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. pp.29-31, Simone explica sua relação com Sartre de uma maneira pedagogicamente explícita:
      ‘Entre nós’, explicava-me [Sartre] utilizando o vocabulário que lhe era caro, ‘trata-se de um amor necessário: convém que conheçamos também amores contingentes’.

      Obrigado pela dica do vídeo - curto e objetivo.

      E das curvas, estão todas lá em algum lugar da memória.

      Abraços

      Paulo

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Gratidão!