terça-feira, 31 de julho de 2018

Serviço de Intermediação de amor


- Bom dia, senhor, sou a Divina, e estou aqui para servi-lo. Pois não?
- Olá, é aqui que compram amor?
- Bem, nesta repartição pública não usamos este termo "comprar", mas sim, guardamos o seu amor para alguém que necessite dele.
- E como faço para vende-lo?
- Bem, senhor, a intermediação do seu amor para outrem é simples. Preencha este formulário de próprio punho e entregue no guichet 4, para o Freitas, da nossa seção responsável por este processo.

- Sr. Freitas?!
- Pois não?
- Eu vim para fazer  o processo de intermediação do amor.
- Preencheu o formulário?
- Sim
-  Deixa eu ver ... deixa eu ver ... hummmm, ihhh! rapaz - Ôôô Farias (aos plenos pulmões), Ôô Divina, chama aí o Farias no microfone. - Dr. Farias, favor se apresentar no guichet 4 ...
- O que está acontecendo? O senhor não poderia ser mais discreto? Algum problema.
- Momentinho, o Farias já vem.

- Pois não Freitas?
- Farias, olha só este formulário ...
- deixa eu dar uma olhada ... hummmm, hummmm ... nossa ... que coisa hem Freitas.

- Os senhores poderiam me dizer o que está acontecendo?

- Pode deixar, Freitas, agora é comigo. O senhor me acompanhe por favor até minha sala.
- Olha, pode deixar, eu nem quero isto mais.
- Não, não, faça isto. É para o seu próprio bem. Pode vir.
- Tudo bem, eu vou ... disse num tom de lamento.

- Bem, o senhor colocou aqui que é um amor antigo, que ainda tem cartas dela. 
- Sim, tenho algumas cartas, conservadas nos envelopes originais.
- Cartas? Este amor é do tempo das cartas? Caramba. E fotos, o senhor tem fotos?
- Tenho uma. Aqui, dá um olhada.
- Uau, que gata, hem ... mas e tem foto atual dela ou esta é da filha dela?
- É dela, eu copiei de uma rede social.
- Como é que é? De uma rede social? Dona Divina, manda chamar urgente o Almeida na minha sala.

- Dr. Almeida, favor comparecer com urgência na sala do Dr. Freitas ... Dr. Almeida ...

- Fala Freitas, qual é o assunto tão grave que me fez sair de uma reunião com...
- Almeida, ele quer desfazer de um amor antigo, mas tem foto copiada de rede social.
- deixa eu ver a foto ... uau, Freitas, que morena, hem ... é filha dela?
- Ele falou que é ela hoje, Almeida.

- Prazer, sou o Dr. Almeida, Coordenador Geral desta repartição. Quanto à foto, o senhor acessou clandestinamente ou recebeu permissão para isto?
- Eu solicitei e ela deu permissão.
- Assim? O senhor acessou a página dela, pediu licença e ela deixou entrar? E aí o senhor teve acesso a todas as fotos dela?
- Sim, foi assim.
- É ... isto é um complicador.
- Como assim?

- Senhor, só por curiosidade, quanto o senhor quer por este amor?

- Dr. Almeida, eu quero o fim da insônia, a redução da angústia e o aniquilamento da saudade.
- Mas olha que morena, hem... O senhor tem certeza?
- Tenho.
- Sem olhar a foto, descreva-a para mim.
- Ela é linda, é mais nova que eu entre três e quatro anos, morena, tem um metro e cinquenta e cinco mais ou menos, cabelo escuro liso e curto, partido da direita para a esquerda, olhos castanhos amendoados, olhar triste, sobrancelha bonita, sorriso encantador, duas covinhas, uma boca celestial, uma voz aveludada, mãos de fada ...
- Pode parar. Olha, eu vou te falar que o preço até está justo, mas num caso destes a gente não compra, por que amanhã o senhor estará aqui arrependido. E disto eu conheço. 
- Mas ... mas ...
- Sinto muito ...

É isto aí!

Vingança (Fernando Mattoso/José Maria Abreu) - Mariana e David Salgado


Lá na beira do roçado, onde a tristeza não vem
Eu vivia sossegado com a viola do meu lado 
Mais feliz do que ninguém
Numa festa no arraiá vi dois óio me olhá
Decidi no improviso, ela me deu um sorriso
E comigo foi morar

Nunca mais fui cantador e a viola descansou
Eu vivia pra cabocla, eu vivia pra cabocla
Só pensava em meu amor
Nunca fui feliz assim, eu mesmo disse pra mim,
Pensei que a felicidade, pensei que a felicidade
Não pudesse ter um fim

Mas um dia a malvada foi-se embora e me esqueceu
Com um caboclo decidido, Juca Antônio conhecido
Cantador mais do que eu
Já cansado de esperar, desisti de procurar
A cabocla que um dia levou minha alegria
E eu jurei de vingar

Numa festa fui cantar e a mulata tava lá
Juro por Nossa Senhora, juro por Nossa Senhora
Que a cabocla eu quis matar
Mas fiquei sem respirar quando vi ela dançar
Ela tava tão bonita, ela tava tão bonita
Que esqueci de me vingar

Mônica Salmaso - Vingança (Fernando Mattoso/José Maria Abreu)


Lá na beira do roçado, onde a tristeza não vem
Eu vivia sossegado com a viola do meu lado 
Mais feliz do que ninguém
Numa festa no arraiá vi dois óio me olhá
Decidi no improviso, ela me deu um sorriso
E comigo foi morar

Nunca mais fui cantador e a viola descansou
Eu vivia pra cabocla, eu vivia pra cabocla
Só pensava em meu amor
Nunca fui feliz assim, eu mesmo disse pra mim,
Pensei que a felicidade, pensei que a felicidade
Não pudesse ter um fim

Mas um dia a malvada foi-se embora e me esqueceu
Com um caboclo decidido, Juca Antônio conhecido
Cantador mais do que eu
Já cansado de esperar, desisti de procurar
A cabocla que um dia levou minha alegria
E eu jurei de vingar

Numa festa fui cantar e a mulata tava lá
Juro por Nossa Senhora, juro por Nossa Senhora
Que a cabocla eu quis matar
Mas fiquei sem respirar quando vi ela dançar
Ela tava tão bonita, ela tava tão bonita
Que esqueci de me vingar


domingo, 29 de julho de 2018

Quase retornando

Este reino voltará quase à normalidade (???) e à rotina de labuta tradicional no decorrer desta semana (assim espero). Recebi milhares de mensagens, num total de cinco unidades, onde heroicas moças de boa família e de fino trato buscaram informações sobre a Pitangueira. Muito obrigado a todas vocês que enviaram perguntas sobre a suspensão das postagens

A maioria das quatro mensagens recebidas foi bem educada, maioria por que das quatro teve uma  muito elegante (uau) e também teve mamãe, que escreveu para saber se estava tudo bem, e como sabem, mamãe não conta.

Bem, vida que segue!

É isto aí!

domingo, 22 de julho de 2018

Se queres saber - Monica Salmaso e Guinga

Se queres saber
Se eu te amo ainda
Procura entender
A minha mágoa infinda
Olha bem nos meus olhos
Quando eu falo contigo
E vê quanta coisa
Eles dizem que eu não digo

O olhar de quem ama diz
O que o coração não quer
Nunca mais eu serei feliz
Enquanto vida eu tiver

Lázaro Ramos e Diva Guimarães l Espelho

sábado, 21 de julho de 2018

Dúzias de oito ou "Cenas de uma autobiografia não autorizada"


Na mocidade em BH, lembro que ela vendia rosas na esquina da Tamoios com a Rio de Janeiro, atrás da Igreja São José. Eu gostava de passar por ali apenas para ver seu sorriso, iluminando as manhãs da cidade. Tinha dezessete anos, e aos dezessete anos apaixona-se até pela brisa que por ato do acaso nos envolva num repente da primavera. 

Então foi assim a primeira paixão, uma coisa floral, andarilha e descompassada. Agora estou com dezoito anos, tem a menina da escola, que julguei ser amor eterno (esqueci seu nome) e estou na Afonso Pena, chegando na Curitiba, rumo ao ponto de ônibus. Uma moça linda (inesquecivelmente linda) aos meus olhos me pergunta algo, como as horas, ou uma rua, não me recordo da pergunta. Mas ao olhar seus olhos, estava tão perdida quanto eu naquela cidade. Beijamo-nos ali - demoradamente - e abraçamo-nos apaixonadamente. Beijo e abraço inesquecíveis, cujo sensorial ainda persiste. 

Nunca soube seu nome, sua origem ou seu destino, mas acredito que selamos um pacto de sermos inesperadamente perceptores dos nossos desejos. Não voltei mais àquela esquina, pois na semana seguinte parti para Juiz de Fora, que não saiu de mim até a presente data, mesmo depois de dar a volta ao leste, ao sul, ao nordeste, além mar e trás os montes.

São coisas escondidas  nos segredos mais bem guardados no cofre ultra blindado das memórias. Numa fase difícil, onde tinha poucas respostas para muitas perguntas, encontrei uma solução parcial para estas lembranças persistentes. Em homenagem à florista, de saudosa paixão da pré-juventude, passei a denominar estes pensamentos inconclusivos, mal resolvidos ou indeterminados de dúzias de oito. São dúzias, mas sempre percebendo que ficou alguma coisa faltando ali. No meio deles, acabei encaixando a Teoria do Hiato Passional. E a vida seguiu com ou sem minha vontade.

O Ministério do Ego informa: Por ser este texto parte de uma autobiografia não autorizada, poderá ser suspenso a qualquer momento por força de alguma liminar memorial ou por um tribunal da consciência debochada. Amém! Assim seja!

É isto aí!

sexta-feira, 20 de julho de 2018

E a diferença é você


Começou a ficar triste aos poucos. Até que um dia, ainda conectado ao mundo, aos amigos, ao trabalho, à família, fugiu para dentro de si. Buscou refúgio apenas nas suas memórias, e desta forma abandonou o real para viver o talvez, o se, o será que, enfim, a amarga sensação de que o tempo não para, desde que a alma resista.

Quando vinha à tona parte das sensações experimentadas no amor que teve, perdia-se em horas sentado num canto do quintal, fitando o nada e escutando Dinah Washington em What Difference A Day Makes. Às vezes chorava, às vezes ficava apenas triste, no geral era um ser inerte até o momento do poente da dor.

Raramente conversava, e nestes momentos referia-se a um mundo particular, envolvido no manto do universo cósmico. - Já repararam que até o tempo, que é instável, flui por forças estáveis. Ora sol, ora chuva, ora vento, ora brisa, frutos da previsibilidade do dia e da noite, das fases da lua, dos solstícios. Então é isto, quem sabe talvez o amor esteja dentre as imprevisibilidades contidas na previsibilidade de um universo organizado e ordenado em funções concatenadas umas às outras.

Chegou a fazer ensaios de poesia, mas tudo acabava sendo descartado, como descartáveis são os segundos que se passaram sem ela, murmurava. Não, não ... menos ela, ela é tangível, tangenciável, tateável. Nosso amor começou com uma  desconexão de partículas do seu universo perceptível, que foram criando matérias, luzes, sons, e acabaram por se dissiparem na loucura do medo - O medo, ah!!! o medo tem medo, o medo não tem modos, o medo é modal, o medo é mudo, o medo é uma merda. Eu quero você, dizia ela, para sempre por que nunca é tempo demais, mas eu dizia sempre que o nunca é uma palavra perigosa que quando entra em ação, o jamais agradece os aplausos da consciência crítica aos meus erros.

E na vitrola, Dinah Washington  encantava com sua voz, numa tradução livre que fizera numa madrugada dentre tantas outras, acordado por ela:

Que diferença um dia fez
Vinte e quatro pequenas horas
Trouxe o sol e as flores
Onde costumava haver chuva

Meu ontem foi triste, querida
Hoje sou parte de você, querida
Minhas noites solitárias estão terminadas, querida
Desde que você me disse que era minha

Senhor Deus, que diferença um dia faz
Existe um arco-íris diante de mim
O céu acima não pode ser tempestuoso
Desde aquele momento de felicidade, aquele beijo emocionante

É céu quando você encontra romance em sua lista
Que diferença um dia fez
E a diferença é você

Que diferença um dia fez
Existe um arco-íris diante de mim
O céu acima não pode ser tempestuoso
Desde aquele momento de felicidade, aquele beijo emocionante

É céu quando você encontra romance em sua lista
Que diferença um dia fez
E a diferença é você

É isto aí!


Dinah Washington 

What A Difference A Day Makes
What a difference a day made
Twenty-four little hours
Brought the sun and the flowers
Where there used to be rain

My yesterday was blue, dear
Today I'm part of you, dear
My lonely nights are through, dear
Since you said you were mine

Lord, what a difference a day makes
There's a rainbow before me
Skies above can't be stormy
Since that moment of bliss, that thrilling kiss

It's heaven when you find romance on your menu
What a difference a day made
And the difference is you

What a difference a day makes
There's a rainbow before me
Skies above can't be stormy

Since that moment of bliss, that thrilling kiss
It's heaven when you find romance on your menu
What a difference a day makes
And the difference is you

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Os versos que te fiz (Florbela Espanca)

Deixa dizer-te os lindos versos raros 
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder ...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda ...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto ! E nunca te beijei ...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!


Flor da pele (Zeca Baleiro)

Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde 
Com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido.

Oh sim eu estou tão cansado,
Mas não pra dizer,
Que não acredito mais em você

Eu não preciso de muito dinheiro,
Graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio,
Aquele velho navio..



Não te amo mais (Clarice Lispector)



Não te amo mais.

Estarei mentindo dizendo que

Ainda te quero como sempre quis.

Tenho certeza que

Nada foi em vão.

Sinto dentro de mim que

Você não significa nada.

Não poderia dizer jamais que

Alimento um grande amor.

Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!

E jamais usarei a frase:

EU TE AMO!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade

É tarde demais...



Obs.: Agora leia de baixo para cima.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Armandinho e Carminha - uma noite na casa do patrão


Ainda não tinha achado as chaves do carro, quando deparou com os óculos sobre a mesa da copa. Colocou-o no rosto, e ao passar peça cozinha viu a carteira com os documentos na aba lateral do velho fogão esmaltado. Ritualmente benzeu-se e agradeceu ao santo de plantão pelo achado.

Entrou no quarto, na cama uma mulher totalmente desconhecida, linda, na casa dos quarenta anos, mais ou menos. Ela entreabriu os olhos, puxou-o violentamente e uma hora depois viu a camisa social na cadeira, como deixara na véspera. Deu dois passos para trás e só então percebeu que ainda estava com a camisa do pijama. Riu da situação, e ao colocar a camisa, só então deu conta de que ainda não vestira a calça. Olhou para a cadeira, levou a mão direita no queixo e nada. A memória estava irritantemente traiçoeira.

Voltou à cozinha, viu o lixo sobre a pia, fechou a sacola e foi colocá-la na área externa, quando do deu conta de que a calça dormira no varal. Riu do absurdo. vestiu a calça quando percebeu que estava sem os sapatos e as meias. Caminhou até a sala, sentou no sofá e viu o sapato no canto da porta. Lembrou que tirou para entrar em casa. Calçou as meias e os sapatos. 

Bateu a mão no bolso e sentiu a carteira, passou os dedos na face e sentiu os óculos, cutucou o bolso da frente da calça e lembrou das chaves do carro. Então era isto que eu procurava. Voltou ao quarto e 
avistou o paletó na cabeceira da cama. Achou graça da situação. 
Vestiu o paletó e logo o barulho do molho de chaves soou do bolso inferior externo. Levou a mão esquerda ao bolso superior interno e achou o documento do carro.

Pensou que poderia estar atrasado e não viu o relógio no pulso e nem o celular no bolso. Voltou à sala, abriu a porta e dirigiu-se ao carro. A vizinha acenou do outro lado da rua. Atravessou lentamente, olhando para os lados, meio intrigado com tudo. Ela abriu a porta, puxou-o rapidamente, e gemeu falando ou falou gemendo - entra logo, que ele já saiu ... Ao se despedirem, num longo e apaixonado beijo, ela devolveu o celular e o relógio que ficaram na mesa da sala.

Passou a manhã tentando lembrar quem era aquela mulher, a outra mulher ... que lugar era aquele, aí se lembrou que prometeu dormiu na casa do chefe que viajou. Assim que chegou no escritório, tinha cinco recados para ele. Era do chefe.

Retornou a ligação, e antes de explicar, ouviu o mais estranho pedido de desculpas que já escutara:

Armandinho, desculpa, eu te dei o endereço errado. Era Rua da Tarde, 45, Bairro Floresta e na pressa eu disse rua Floresta 45, Bairro da Tarde. desculpa aí, puxa vida. Foi mal. Semana que vem eu chego e a gente beba alguma coisa para compensar este erro. E não precisa se preocupar, já resolvi com o zelador, que vai cuidar da casa. Obrigado pela compreensão.

Ligou para a esposa - Carminha, vou ter que dormir outra vez na casa do patrão , amanhã eu prometo que volto, eu sei que é exploração, mas fazer o que, Carminha?

É isto aí!

terça-feira, 17 de julho de 2018

“Os pratos que eu lavo ele não vê” Blog Pareço Louca




Amanda Machado é escritora, e tem no Blog Pareço Louca, que é muito bom, textos de rara preciosidade do universo feminino. Leia abaixo sobre o lançamento do seu segundo livro em Juiz de Fora, em matéria do Jornal Tribuna de Minas:

Amanda Machado dá voz aos silêncios das mais diversas personagens femininas em “Os pratos que eu lavo ele não vê” - Tribuna de Minas:


A escritora foi selecionada pela Quintal Edições a partir de uma chamada aberta para trabalhos de autoras mulheres. Sua obra passa a integrar a coleção Yebá, cujo propósito é destacar o papel da mulher enquanto geradora. Seus contos dão voz aos silêncios das mais diversas personagens femininas. O título? “Os pratos que eu lavo ele não vê”. Inquieta e curiosa, a jornalista se sente intimada a perguntar: “É importante se dizer autora mulher dentro do campo literário brasileiro atual?” Amanda Machado não vacila. É firme. Responde com a certeza do lugar que ocupa.

“Muito. Acho fundamental. Porque demarca uma posição, um lugar específico de onde falo. Autora mulher e de origem periférica que também faz literatura. Porque acredito que contribui para a representatividade, quem sabe possa inspirar outras mulheres de periferia a ler autoras mulheres, encorajá-las a escreverem e não se envergonharem de expor, publicar, ter seus trabalhos lidos. Assim como acho importante dizer autora mulher negra, autora mulher lésbica. Dá visibilidade, proporciona a identificação de alguém que não se vê representada quando só tem acesso, ou em um número muito superior, aos livros escritos por homens”, dispara ela, inconformada com as disparidades.

“Eles são mais lidos, vendidos, premiados e, por isso também, mais valorizados. Reconhecer-me como autora mulher, no Brasil, um país com uma cultura machista muito arraigada, ainda, é uma tomada de posição; é uma possibilidade de agradecer a todas que me abriram o caminho e convidar tantas outras que virão”, sentencia a autora, que se colocou entre os escritores publicados com seu livro de estreia “Centopeia de mil pés errados”,  nascido em 2016. Também está entre os cronistas do livro “As cidades e os desejos” (Editora Aliás) e é lida por quem acompanha suas postagens do blog Pareço Louca?!.

Amanda é Juiz-forana e lança “Os pratos que eu lavo ele não vê” na próxima quinta-feira, no Breu. A obra vai estar disponível no site da  Quintal Edições (http://loja.quintaledicoes.com.br). Já “Centopeia de mil pés errados” pode ser adquirido em www.confrariadovento.com. “Se para Giorgio Agamben, contemporâneo é aquele que mantém o olhar fixo no seu tempo a fim de nele encontrar não apenas luzes, porém escuridão, a escrita de Amanda Machado é contemporânea na medida em que nos incita a questionar as luzes-certezas da vida, convidando-nos à escuridão labiríntica da dúvida: ‘vida é improviso’. Sua prosa amorosa é assim tecida para todos os gostos, casos, gêneros, absolvições; soluções ou dissoluções, a depender do olhar de quem a lê”, garante-nos, na orelha da nova publicação, a doutoranda em Estudos de Linguagem Amanda Lopes de Freitas.

“Gostaria que o “Os pratos que eu lavo ele não vê”, em alguma medida, libertasse o leitor, o afetasse e apontasse que podemos ser diferentes. Se algum dos contos proporcionar isso, ainda que a um só leitor, será uma realização imensa.”

Marisa Loures – Na orelha do livro, Amanda Lopes de Freitas diz que nós, leitores, nos convertemos também em personagens dos seus textos “como se nos lessem, discretamente, qualquer canto escondido de alma, nossas fragilidades e pequenas coragens.” O que você espera despertar nos leitores de “Os pratos que eu lavo ele não vê”?

Amanda Machado – Susan Sontag, escritora estadunidense, disse que “aquilo que os escritores fazem deveria nos libertar, nos sacudir. Abrir avenidas de compaixão e interesses novos. Lembrar-nos que podemos, simplesmente podemos, aspirar a ser diferentes, e melhores, do que somos. Lembrar-nos que podemos mudar”. Acho que é uma aspiração belíssima e muito potente, gostaria que o “Os pratos que eu lavo ele não vê”, em alguma medida, libertasse o leitor, o afetasse e apontasse que podemos ser diferentes. Se algum dos contos proporcionar isso, ainda que a um só leitor, será uma realização imensa.

– Jorge Luis Borges procura uma palavra. Garcia Márquez fixa sua atenção em alguma imagem antes de iniciar um conto. Como surge o conto na sua mente?

– Sou muito ligada às imagens, gosto muito das Artes visuais: Cinema, Fotografia e Artes Plásticas. Elas abastecem os meus contos, alimentam as cenas e me inspiram profundamente. Mas foi a palavra que possibilitou a minha visita a outros mundos. Primeiro através da oralidade, antes de ser alfabetizada, porque sempre gostei de ouvir histórias de ficção ou verossimilhantes, diálogos entre desconhecidos; o que me chama a atenção, muitas vezes, é o estilo de contar uma história, mais até do que o próprio enredo. Gosto da multiplicidade das vozes e dos estilos particulares de narrativas. Então é a palavra que cria o meu mundo, nesse sentido, estou mais para Borges, que é inclusive um dos personagens do livro.

– Em seus contos, você dá voz aos silêncios das mais diversas personagens femininas. A Amanda Freitas falou sobre uma linha tênue que separa o real e o ficcional na sua prosa. Com qual das mulheres retratadas em seus escritos você mais se identifica? E por quê?

– Com todas, absolutamente. São diversas, mas com alguma angústia similar, um olhar para vida compartilhado. Porque elas estão atravessadas pelas dúvidas, pressões, anseios e desejos que, em alguma medida, também são meus. Elas amam, se divertem, sofrem, se recuperam ou não, mas, sobretudo, sentem-se convocadas a experimentar a vida. E acho que isso é muito próximo da minha existência, aceitar aos chamamentos e lidar com as consequências de cada um, sem saber o que virá.

“O termo literatura feminina é um incômodo na medida em que delimita, foi utilizada para acentuar uma exceção à outra literatura, porque a oficial, era (e ainda é) a masculina. Literatura feminina, a meu ver, é uma subcategoria. Homens e mulheres que escrevem e que são absorvidos pelo trabalho com as palavras fazem literatura e isto deveria ser tudo.”

– Por falar em dar voz aos silêncios das mais diversas personagens femininas, há quem se incomode com o termo literatura feminina. Você classificaria sua nova obra assim?

– Não. Classificaria como literatura cuja autora é mulher. O termo literatura feminina é um incômodo na medida em que delimita, foi utilizada para acentuar uma exceção à outra literatura, porque a oficial, era (e ainda é) a masculina. Literatura feminina, a meu ver, é uma subcategoria. Homens e mulheres que escrevem e que são absorvidos pelo trabalho com as palavras fazem literatura e isto deveria ser tudo. É claro que o gênero no qual fui socializada e com o qual me identifico me limitou, não me permitiu uma série de experiências, me deu algumas outras e tantas outras eu tive que conquistar, o que possivelmente impacta nos meus olhares, escolhas e, finalmente, escrita. Assim como a minha classe social, origem regional e raça também influenciam. Mas, historicamente, dizer literatura feminina é pejorativo.

domingo, 15 de julho de 2018

Atos do destino

Era uma noite de maio de 1995 - Igreja lotada, convidados e padrinhos alinhados, o noivo já está no altar aguardando o momento que consagrará a sua união. Toca a música de entrada da noiva de apenas vinte anos e ... nada. Ela fez uma crise de pânico, abandonou a celebração, correu para o outro lado da praça, entrou num táxi e seguiu para a casa de uma tia, que a amparou. Trocou de roupa, pegou o carro e fugiu.

Cinco anos depois ele está com uma suposta namorada e se encontram no acaso de destino, numa tarde em Cabo Frio. Encontro inevitável, incontornável, salvo por ele não tê-la reconhecido. Não que tivesse mudado radicalmente, ficado loura, engordasse ou emagrecesse, nem implantou silicone ou fez aplicação de botox. Mudou o penteado para um chanel básico, só isto. Ficou chateadíssima, chorou muito, e voltou ao terapeuta que a acudiu na fuga.

Em 2007, solteira e descoladíssima, profissional liberal em ascensão, estava em Milão, na Galeria Vittorio Emanuele, acompanhada de duas amigas, fazendo um tour com grife, como relatou no facebook. Eram 18h quando passou pelo  Restaurante Biffi procurando uma mesa e ele estava apreciando um ossobuco  ao lado da mesma mulhersinha vulgar de Cabo Frio. Teve uma crise de pânico ali mesmo, o que resultou num final melancólico de passeio. Ele sequer olhou para o tumulto do seu desmaio, segundo a amiga que a acudiu.

Em 2010, para comemorar seus 35 anos, o último aniversário de solteira como relatou à família, fez uma viagem mística para a França, onde foi a Lourdes, voltou ao oeste e do sopé dos Pirineus iniciou o Caminho de Santiago em seus 800 Km de meditação e descoberta do eu interior. Para seu completo desgosto, em Santa Maria de Arzua, ao cruzar com peregrinos que fazem a rota de Leon, eis que vê o ex-noivo acompanhado daquela vaca paquidérmica. Cruza forçosamente o seu caminho, esbarra no seu ombro, ele sequer pede desculpas, nem trocam um olhar, e aquilo a fez abandonar o final da rota. Ele sequer percebeu quem era ela, e nem provocou ou olhou nos seus olhos, o idiota, e ainda com aquela piranha vulgar com ele ...

Em 2016, andando sozinha na Rua Florida, em Buenos Aires, num inverno rigoroso, sente uma mão batendo no seu ombro. Estava num clássico London Fog de famoso outlet de Miami, com balaclava térmica. Ao se virar viu que era ele e aquela baleia azul ao seu lado, vestida para matar trogloditas num verão equatoriano. Num espanhol ridículo pede uma informação. Ficou detida em pensamentos estranhos - Não lembro de mais nada, recordo vagamente de gritos, parece que teve polícia também, acredito que minha mão arrancou um tufo de cabelo seboso da piriguete, também lembro de morder algo, e agora estou aqui sedada, unhas quebradas, algemada e monitorada numa maca de enfermaria de um hospital público. Ao recobrar os sentidos, pagou a multa e foi escoltada até o avião que levou a São Paulo.

No verão de 2018 o vê atravessar sozinho a Avenida Atlântica, na sua direção, em frente ao Copacabana Pálace. Resolveu dar um basta no destino e o ficou aguardando. Ao chegar à calçada, foi ao seu encontro:

Juninho, que surpresa agradável.

Celinha? É você mesma? Nossa, você está linda ... quanto tempo.

Pois é, quanto tempo, hem Juninho.

Verdade, desde ... desde, bem, você sabe ... desde o episódio da celebração

(Silêncio)

(Silêncio)

Você está morando aqui no Rio?

Não, Celinha, eu moro em BH, e você?

Por que você quer saber?

Como assim?

Não quer saber se estou bem, se estou casada, se estou feliz em te ver, nada?

Celinha, você me parou aqui, pergunta se moro no Rio e agora quer o quê exatamente?

Juninho, primeiro dizer que te acho um retardado, depois dizer que te odeio, depois quero saber se você está casado, depois quero saber se tem filhos, depois quero ...

Celinha, você não mudou nada. Adeus.

Espera, Juninho, espera ...

Sim?

Vai tomar no raio que o parta, vai para a puta que te pariu seu corno, vai pro inferno, Juninho ...

Está bom, Celinha, estou indo ... estou indo ... adeus ...

Juninho ... Juninho ... merda, por que você não foi atrás de mim? Por que você nunca mais me procurou? E o pior, acabei sem saber quem é aquela sirigaita... que ódio ... que ódio ...

É isto aí!





sábado, 14 de julho de 2018

Sobre hologramas quânticos e amor


Até aquele momento desconhecia que o espaço não é tridimensional, com altura, largura e profundidade mensuráveis e o tempo não é uma entidade separada. A única certeza é que não haveria volta. O pavor, a sirene, a maca correndo no corredor com luzes infinitas no rosto, pressão no peito, vozes, movimentos, passos, tudo desapareceu ao penetrar num infinito tetradimensional onde o tempo não é linear, nem absoluto, apenas é o que é.

Como um objeto no vácuo, seu corpo bailava num contínuum de onde percebia com aparente linearidade os acontecimentos da sua vida. Na sequência, de forma absurdamente natural, compreendeu que matéria e energia eram intercambiáveis. A ver que pessoas amadas, odiadas, detestadas, apaixonantes e apaixonadas  pela sua existência nada mais eram do que uma forma de energia, ora matéria  cuja energia ficava desacelerada ou cristalizada, ora luz, pode entender as lágrimas, os sorrisos, a dor e a alegria nestes encontros e desencontros.

Seus olhos encontraram os olhos da mulher que habitou por décadas seus sentimentos mais íntimos. Viu quando se perceberam na primeira vez e quando se despediram de maneira angustiante, Todas as formas de amor ocorrem por irradiação eletromagnética e aparecem não só como ondas, mas também como quanta, descreveu-lhe um ser luminescente, cuja aparência era incrivelmente bela.

Mas eu  a perdi, respondeu e chorou descontroladamente. O ser luminescente aproximou-se e por um holograma de luzes místicas garantiu que entre os dois esses quanta de luz que fluíram enquanto amantes foram aceitos como partículas genuínas do amor cósmico. Nesta fase do amor, disse, cada partícula promotora desta troca de sentimentos é um pacote de energia que trás consigo a sua história.

Por meio desta experiência, somente agora você pode verificar que a relação carnal que ocorreu entre vocês foi completamente mutável para energia plena, e por isto ela está guardada em você agora, como também nela. E esta luz que é a razão da existência neste eixo espacial se mantém eternamente, pois não existe amor em lugares definidos, pois ele, o amor, apenas o é, sem nada em troca, demonstrando tendências para existir, e não promessas, garantias, segurança e outros sentimentos e exigências do corpo físico, coordenado por questões cognitivas e emocionais.

Eu a encontrarei?

Quando ocorre, como no caso de vocês dois um encontro com esta grandeza plena de luz, todas as partículas são transmutadas em outras partículas que são transmutadas em outras partículas, assim sucessivamente. Elas foram criadas por que a conexão entre vocês permitiu isto, mesmo com toda a dor da ruptura no plano material. Não podemos determinar com exatidão onde e quando isso acontecerá novamente, pois o continuum é atemporal, mas sabemos que acontecerá pois quando duas pessoas se entregam totalmente, sem cobranças, de uma forma de tamanha grandeza, todo o universo conspira pela sua razão infinita.

Pensou em rezar, orar, clamar, proclamar, mas a essência da sua luz já transcendia este plano, e pela primeira vez teve a certeza de que voltariam a ser um só elemento, desta vez etéreo e eterno.

É isto aí!

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Diálogos absurdos


Sabe que tem dia e hora que faltam os minutos, os segundos e os átimos? - indagou sem esperar resposta. Na realidade não queria respostas, nem conversar, nem abraçar, nem nada. Queria o momento para si. Olhei nos seus olhos e não a encontrei, devia estar no seu lugar seguro, um remoto paraíso secreto que só ela e os anjos sabem como chegar.

A mim falta o que ainda não descobri, mas esta imensa ausência deve haver de ser preenchida um dia - pensei comigo, por que dói de uma forma tão estranha, que se não for amor, é saudade.

É isto aí!

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Conceitos e interesses

Por séculos, o modelo de mulher bonita e sensual passava pelo padrão gordinha, de curvas e formas arredondadas, retratada nos quadros, estátuas e gravuras de farta documentação. Hoje, a moda paranoide cobra das mulheres o padrão magra. Na realidade, a sensualidade depende de um conjunto. Toda mulher, independente do peso, pode ser sensual, 

O modelo de beleza "Magra" movimenta bilhões e mais bilhões de lucro para a indústria farmacêutica, moda e também a alimentícia, mantendo com isto milhões de empregos em todos os setores da Saúde, na nutrição, medicina, farmácia, fisioterapia,  vestuário, etc. 

Ao se deparar gorda, a moça, sob pressão, pode apresentar um quadro de tristeza, onde vai procurar os culpados de sempre, o pai ausente, a mãe autoritária, a irmã crítica e magra (que ódio) e a avó desalmada. Aí entra o clima familiar, incluindo as melhores amigas, diagnosticando uma depressão, que não tem nada a ver com tristeza. 

Desta fase em diante o caminho é quase sem volta. Chás e cápsulas milagrosas, medicamentos controlados, obtidos de forma correta ou descontrolada e a vida fica dentro de um vendaval.

Termina pior do que quando começou - a moça sexy, gorda e sensual fica desgostosa do seu corpo por culpa de uma odiosa e maluca obsessão pelo corpo seco.

Existe a obesidade mórbida, mas esta não é objeto de provocação midiática, pois é composta de uma minoria que não se tornará núcleo de consumo. Em uma fria análise, são reserva de mercado, portanto o desafio é conquistar quem não está neste estágio (ainda, segundo as loucas literaturas oficiais).

Meninas, não se iludam nem sequer fiquem incomodadas. Não existe corpo perfeito, nem mulher completa, nem mesmo super-homens. Estamos todos dentro da mesma arca, feito Noé, esperando a hora de atracar e gozar dos privilégios da terra firme, em todas as suas potencialidades. O resto é superstição ou maldade. E Eva também devia ser meio que gordinha, já que não tinha ninguém lá para falar do seu corpinho de miss.

É  isto aí!

domingo, 8 de julho de 2018

Alguém aí no céu, rogai por nós

Leopoldo II
Subi nesta tarde de inverno a Colina do Bom Senso para avistar Pindorama e sua plebe rude a pedir justiça de um lado e sua plebe nobre a pedir justiciamento do outro lado à cega moça que segura a balança pendente para a direita. Digo serem ambas as partes antagonistas uma mesma plebe pois é assim que os homens de bem de terras nórdicas os veêm - uma enorme choldra cabocla, uns dóceis, outros a serem domesticados.

Num chuvoso dia de Santa Luzia, no mesmo ano em que Paris promoveu suas barricadas do desejo 

PS - (sic recentemente, à boca pequena, aqui e ali pessoas outras de alto cunho intelectual supostamente disseram que parece que a mesma força que levou o pensamento de Deleuze, assim como o de Guattari,  ao clima intelectual que envolveu as manifestações do "maio de 1968", incentivou as primaveras árabes e a judicializaçao latina - mas são apenas suspeitas, já que parece, não se cabe com certeza, e quem souber pode estar equivocado, pois supostamente a França estava desalinhada ao eixo de interesses dos homens de bem, tal qual as latinas nações neanderthais).

Continuando o fluxo - Bem, naquele fatídico dia de Santa Luzia, na colônia do império ultramarino deitada eternamente (ai-ai), alguém com a ética às favas, bradou:

Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:         

        I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;

        II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;

        III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;

        IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:

        a) liberdade vigiada;

        b) proibição de freqüentar determinados lugares;

        c) domicílio determinado,

        § 1º - O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados.        

Parece que este Ato foi evocado nesta data invernal para hummmmm, para hummm, então. .. No ano seguinte, o Ano Woodstock, veio o AI6 para dar mais um aperto, e depois vieram coisas que seguiram a escola do nobre Leopoldo II da Belgica, um dos grandes homens de bem dos nórdicos,  ao mostrar aos pares como se deve lidar com a choldra dos povos não alvos, digamos assim.

E agora que a maldição foi evocada, como será o ano seguinte da pátria cabocla, cafuza, morena e guarani?

É isto aí!

sábado, 7 de julho de 2018

Como lidar com o luto pelo suicídio de uma pessoa querida

FONTE
Paula Adamo Idoeta - @paulaidoeta
Da BBC News Brasil em São Paulo
https://www.bbc.com/portuguese/geral-44618309


Quando as pessoas chegam a um grupo de apoio na zona sul de São Paulo, carregam consigo não apenas uma imensa tristeza, mas também culpa e diversas perguntas.

"Por que isso aconteceu? Como eu não percebi nada? Será que pode acontecer de novo com a minha família?" são os questionamentos mais comuns entre quem acaba de perder uma pessoa querida para o suicídio.

"É um luto mais intenso, duradouro, repleto de 'por quês' e com muito estigma", relata a psicóloga Karen Scavacini, mediadora do grupo de apoio, destinado a pessoas enlutadas pelo suicídio. "Muitas vezes a família estendida e os amigos se afastam ou não sabem como falar do tema, deixando essas pessoas em situação de grande vulnerabilidade."

Essa vulnerabilidade se reflete no fato de que parentes e pessoas próximas de suicidas têm risco até dez vezes maior do que o restante da população de, eles próprios, tentarem tirar a própria vida. E isso só será mitigado, segundo especialistas consultados pela BBC News Brasil, se a sociedade combater o estigma que envolve o suicídio e a saúde mental, bem como deixar de buscar "a causa" ou "o culpado" pela morte - que é multicausal e às vezes decidida de modo impulsivo, em um momento de desespero.

'Não vamos encontrar causas'

"No grupo de apoio, dizemos que não adianta ficar preso na busca do 'por quê?', já que a resposta foi embora com quem morreu", explica Scavacini.

"Na verdade, a gente não vai encontrar causas, porque o suicídio é sempre resultado de um conjunto de fatores", afirma o psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, quase 800 mil mortes por suicídio ocorrem anualmente no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, foram registrados 11,7 mil suicídios em 2015 (dado mais recente disponível no Ministério da Saúde), sendo que parte dos especialistas teme que haja subnotificações.

E, segundo a Associação Internacional de Prevenção ao Suicídio, cada morte por suicídio afeta outras 135 pessoas, que ficam psicologicamente abaladas e traumatizadas.

Como ajudar essas pessoas a lidar com tamanha dor?

'Você se sente muito isolado'

A escritora e psicanalista Paula Fontenelle sentiu na pele o estigma que envolve suicídio quando seu pai tirou a própria vida, em 2005.

"Ninguém sabe como falar com você a respeito, então, simplesmente, ninguém fala nada. O luto acaba sendo muito diferente por causa disso", conta Fontenelle à BBC News Brasil.

"Você se sente muito isolado. Certa vez, uma amiga me perguntou a causa da morte do meu pai e, quando eu respondi que era suicídio, ela ficou chocada. 'Não fale essa palavra em público, não é bom'. As pessoas têm medo. O problema é que é no silêncio que o suicídio cresce. Porque nenhuma dor diminui se você não tiver com quem falar sobre ela."

A franqueza em falar sobre o assunto e a empatia são, de fato, cruciais ao amparar pessoas de luto pelo suicídio, segundo Barros, do IPq-HC.

"É um momento de compartilhar a dor, oferecer o ombro e não evitar a pessoa enlutada. Em casos de mortes trágicas, às vezes a gente acha melhor não falar nada, mas isso é mais para evitar o nosso próprio mal-estar em torno da morte. Porque, para a pessoa enlutada, falar a respeito pode ser um alívio", diz o psiquiatra.

"É preciso ainda fazer um grande esforço para não atribuir culpas - por exemplo, combatendo o pensamento automático de 'Como será que era o relacionamento com os pais daquele jovem que se matou?', porque ao se tentar atribuir uma causa, você estigmatiza as pessoas (envolvidas) e aumenta o risco de contágio do suicídio."

Direito ao luto

Para além da família, amigos e pessoas próximas ao morto também requerem atenção especial, porque também estão extremamente vulneráveis.

"Consideramos sobreviventes do suicídio quaisquer pessoas que tenham sentido aquela morte de alguma forma", explica Scavacini.

"Até um chefe ou um colega de trabalho (de um suicida) pode ficar abalado ou sentir-se culpado, talvez até igual a um parente. Essas pessoas também estão sujeitas ao efeito contágio (ou seja, a elas próprias pensarem em suicídio) e não adianta simplesmente dizer a elas 'não se deixe abater'. Elas também têm de ter permissão de fazer seu luto."

"Aprendi que não podemos colocar as coisas debaixo do tapete", diz Paula Fontenelle, a respeito do luto pela morte do pai. "Na minha família, sempre conversamos sobre o tema, para ele não virar tabu. E sempre chamamos o suicídio pelo que ele é."

O mesmo vale para crianças e adolescentes - expostas, por exemplo, ao suicídio de colegas, em casos que ganharam as manchetes em São Paulo e Brasília recentemente.

Em muitos casos, é a primeira vez que eles (os adolescentes) se deparam com a morte:

"Com adolescentes, é preciso explicar o que é o luto e os sentimentos envolvidos, bem como ensiná-los a identificar em si mesmos e nos amigos o que não está legal e quem procurar nessas situações", afirma Scavacini.

Nessa faixa etária, é ainda mais crucial reforçar os vínculos pessoais, em vez de apenas os digitais.

"As relações estão mais líquidas hoje", lamenta o psiquiatra Fabio Gomes de Matos e Souza, coordenador do Programa de Apoio à Vida (Pravida) da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Existe (entre adolescentes) uma ausência de espaços para desabafar e conversar, em vez de apenas olhar a 'revista digital' do Instagram, onde você não vê quem está mal ou sofrendo, porque essas pessoas estão sozinhas em seus quartos."

As fases do luto - e como lidar com ele

Em seu esforço para entender e processar a perda do pai, Fontenelle passou anos estudando o suicídio, pesquisa que levou ao livro Suicídio - O Futuro Interrompido: Guia para Sobreviventes e ao site prevencaosuicidio.blog.br.

"Ao estudar o luto, identifiquei que ele tem fases, que começam com a raiva, muito intensa: 'como ele/ela fez isso comigo?' É um mecanismo de proteção, por ser mais fácil lidar com a raiva do que com a tristeza. Mas é algo que obviamente te consome. Já conheci enlutados pelo suicídio que passaram anos presos a isso", conta.

Depois, vem o que se costuma chamar de "autópsia psicológica": a busca das pessoas por tentar entender as causas ou o que supostamente poderiam ter feito para evitar aquela morte. É o "Como eu não enxerguei?"

"Claro que é possível ficar atento a sinais de comportamento suicida, mas não temos como saber antes (que a pessoa vai se matar). Ninguém é culpado", diz Fontenelle.

Em seguida vêm o estigma em torno da morte suicida e o medo: "será que eu ou algum outro parente meu também pode ser levado a cometer suicídio?"

"É que, quando alguém se mata, o suicídio, que até então era algo distante, passa a ser uma possibilidade para as pessoas ao redor", agrega Fontenelle.

No grupo de apoio mediado por Karen Scavacini, a maioria dos participantes ao longo dos anos já mencionou ter tido, em algum momento do luto, vontade de morrer, em geral abalados pela culpa.

"Tentamos fazê-los entender que o suicídio é multifatorial e que nem sempre os sinais são fáceis de ler - muitas vezes, só são visíveis após a morte", diz a psicóloga.

A maioria dos casos de suicídio costumam estar associados a problemas de saúde mental (diagnosticados ou não), como depressão, ansiedade e bipolaridade, o que torna importante conversar a respeito e focar em prevenção. Mas, depois de ocorrido o suicídio, especialistas consideram infrutífera a busca por causas individuais.

"Talvez aquele paciente estivesse com depressão, mas não era só aquilo - afinal, há milhões de pessoas deprimidas que não se matam. Por trás de cada suicídio, há muitas coisas que não sabemos e nunca saberemos", diz Barros.

Grupos de apoio, terapia e conversas ajudam ao mostrar aos sobreviventes que a raiva faz parte do luto, que outras pessoas passam por situações parecidas, que a morte da pessoa querida "estava além do que eles poderiam fazer e que o suicídio não é uma escolha livre, mas sim um ato de um momento de muito desespero e dor", afirma Scavacini.

No grupo de apoio mediado por ela, há atividades terapêuticas como escrever histórias sobre o luto e a pessoa perdida ou produzir murais de fotos para honrar a vida de quem morreu.

Muitos, como Paula Fontenelle, acabam encontrando conforto ao se dedicar a criar conscientização em torno do tema.

"Escrever um livro sobre isso foi catártico para mim, foi parte do meu processo de cura, ainda que tenha sido muito difícil - levei três anos para escrevê-lo e o interrompi duas vezes", diz ela. "(Mas) eu precisava entender o que havia acontecido com o meu pai."

Aos poucos, as pessoas também passam a identificar o que lhes faz bem ou mal - voltar a frequentar eventos sociais e familiares, por exemplo - "sem que nada seja considerado certo ou errado e sem que seja esperado um determinado comportamento delas", agrega Scavacini.

"E eles precisam aprender que podem voltar a ser felizes, mesmo que o processo seja lento. O suicídio é como um tsunami, que destrói tudo. Mas dá para fazer uma reconstrução da vida. Haverá um antes e um depois, mas é possível ser feliz."

* O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Se você está em busca de ajuda, ligue para 188 (número gratuito) ou acesse www.cvv.org.br. (Até 30 de junho de 2018, o CVV atende pessoas de Maranhão, Bahia, Pará e Paraná no número 141; após essa data, o atendimento ao país inteiro migrará para o 188.)

*O Instituto Vita Alere tem grupos gratuitos de apoio a sobreviventes de suicídio em São Paulo, Baixada Santista e Rio de Janeiro: http://vitaalere.com.br/sobre-o-suicidio/posvencao/grupo-de-sobreviventes/

sexta-feira, 6 de julho de 2018

A culpa é da tequila

Cena do filme "A culpa é das estrelas"

Meu Nokia 2003 original único dono vibrou exatamente à uma hora e três minutos. Intrigado, resolvi ler, pois poderia ser algo importante, apesar de quase ninguém mais usar mensagem de texto, salvo as companhias telefônicas que "lembram" com 30 dias de antecedência que sua fatura vencerá no mês seguinte. Abaixo, ipsis litteris, a mensagem:

1h03min
Beto, sou eu, a Nanda. Desculpa estar mandando esta mensagem. É que a Kel, que é minha BFF e sua namorada, ficou chateada comigo e eu queria me desculpar com alguém e escolhi fazer com você, por que aí você faz esta conexão de fatos e verdades entre nós duas. Deu que ontem ela me ligou para assistirmos juntas ao desenho Os Incríveis, que saiu agora. Beto, era importante por que foi o primeiro filme que nós assistimos juntas na infância, e eu recusei ir com ela. Aí ela falou que eu estava muito esquisita, que aquilo magoou ela muito. Então é isto.

1h15min
Beto, sou eu, a Nanda. É que eu fiquei chateada, aí tomei um golinho de nada de Tequila com coca-cola, e estou aqui assistindo ao filme "A culpa é das estrelas". Beto, me perdoa, vai, diz prá mim que você me perdoa, é importante prá mim. Vou tomar mais um golinho só ...

1h22min
Beto, é Ananda, a Nanda, isto, eu sou a Nanda. Beto, o filme é muito triste. Eu preciso te falar uma coisa. Eu te amo, Beto. Gente, a Kel nem pode saber disto. Puxa vida, mas eu precisava te falar, mas esquece, esquece Beto, desculpa, é o filme, tá triste ... Beto, desculpa, tôchorando. vou tomar mais um golinhosó para relaxar e dormir.

1h37min
Betinho, é eu, sua nandinha, Betio, eu quero você, eu te amo demais, muito, beto, fica comigo, gente estou completamente machuca, matuca, maluca, issso, maluca, tem a Kel, minamiga, a Kel. Beto, me beixa ...

1h53min
Berto, pelomordedeus, vem aqui agora e me abalaça. Eu acabeu tumano mais uns golinho da ... eskici, ahtá, da tranquila, esto confusia, vc tá qui ou estou screvendo isso? Bretio, eu te amo dismais, nossassenhora, tô esquisita. 

2h15min
Beto, caralho, seu puto, que meda, eu yte amo. te amo, te amo, te amo teamo teamo teaaammooo. Vô beber um trem ali para clarear.

2h36min
teto, tôbebada, nunca bibi sim, tudo gerando, cadêocê Geto. Merda, a kel é uma merda, merta ,erda ,erda, eu sou boa, a jel é má ,,, neto, vemquimevê

2h57min
veto, chamusamu, num tôbem ...

Eu acredito que a moça, quando acordar do efeito Tequila e descobrir que mandou as mensagens para um telefone desconhecido, vai economizar aí uns dois anos de terapia.

É isto aí!

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Oblivion (Ástor Piazzolla)



Oblivion (Ástor Piazzolla)
Él es Oblivion, fe del jamás y el no,
fe brutal de olvidar por la eternidad.
Él es Oblivion, ley de la ingratitud,
hechicero astral.
Matón de la desmemoria
y el sin recuerdos es Oblivion rey.

Es como un pozo en pasión de enterrar
que florece al sangrar
los estigmas del corazón.
Luz degollada de un tiempo tan feliz
hoy Oblivion vas a borrarme(olvidarme) a mí.

Él, reto agotador, vuelve a cero igual
lo real, lo mejor, lo fatal.
Él te hipnotiza con dolorosa miel
del ausente amor,
para ultimar, ebrio, amargo y vil,
el sagrado ayer, Oblivion rey.

(Es como un pozo en pasión de enterrar
que florece al sangrar
los estigmas del corazón.
Luz degollada de un tiempo tan feliz)
hoy Oblivion vas a borrarme(olvidarme) a mí.
(Oblivion rey... )

Se se morre de amor ...

Imagem de Salvador Dali (1931)

Tinha jurado a si mesmo que não choraria nunca mais, desde que ... desde que a memória não avivasse a dor, a ferida aberta, tampada com esparadrapo barato das coisas do dia a dia. Nunca mais é muito tempo e tempo nenhum, tudo junto e misturado, matutou na quebrada da tarde que ia prenunciando as estrelas que escondiam seus medos em outros sois, outros planetas, e quem sabe num deles outra mulher igual a ela.

Naquela noite, ainda na rede da varanda, espiando o nada com os olhos voltados para si, ela apareceu. Não sabia se aquilo era real ou virtual. Ela, era assim que falava para não dizer seu nome, ela ... ela ...
Corrigiu o curso das ideias, aprumou os pensamentos, suspirou duas vezes, a segunda com soluço, duas maledicentes lágrimas rolaram no canto do olho espremido pela tensão de estar ali e ela ... ela ... também.

Olharam-se de uma forma que não se explica com palavras. Um viu a alma do outro, ele viu o imenso vazio dentro dela e ela viu o deserto da existência nele. Olharam-se mudos. Tentou esboçar um sorriso com o canto dos lábios, mas era impossível, a realidade era maior do que seus desejos. Pensou em falar isto, aquilo, aquilo outro. Não tinha o que falar. Ela ... ela ... também silenciosa, findando o olhar em seu amor.

Abriu a rede, cedeu o seu lado esquerdo e ela aproximou-se, deitou ao seu lado, e morreram felizes para sempre.

É isto aí!

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Se é por falta de adeus (Dolores Duran-Tom Jobim)

Áurea Martins, de voz afinadíssima, apresenta no teatro Imperial da Pitangueira este clássico de Dolores Duran e Tom Jobim, imperdível: Ouça e se deixe levar pela música e pela voz da moça:


Se é por falta de adeus
Vá se embora desde já
Se é por falta de adeus
Não precisa mais ficar

Seus olhos vivem dizendo
O que você teima em querer esconder
A tarde parece que chora
Com pena de ver
Este sonho morrer

Não precisa iludir
Nem fingir e nem chorar
Não precisa dizer
O que eu não quero escutar

Deixe meus olhos vazios
Vazios de sonhos
E dos olhos seus
Não é preciso ficar
Nem querer enganar
Só por falta de adeus

terça-feira, 3 de julho de 2018

Tengo Miedo - Pablo Neruda

Tenho medo. A tarde é cinzenta e a tristeza
        do céu abre-se como uma boca de morto.
        Tem o meu coração um pranto de princesa
        esquecida no fundo de um palácio deserto.

        Tenho medo. E me sinto cansado e pequeno
        refletindo a tarde sem meditar sobre ela.
        Na cabeça doente não cabe um menino
        sonhando, assim no céu não caberá uma estrela.

        Nos meus olhos, no entanto, uma pergunta existe,
        um grito em minha boca e a boca não grita.
        Não há órgão que escute minha queixa mais triste
        abandonada em meio à terra infinita!

        Vai morrer o universo em sua calma agonia
        sem a festa do sol e o crepúsculo verde.
        Agoniza Saturno e sua pena me enlia,
        a terra é fruta negra que o céu nunca perde.

        E pela vastidão do vazio vão às cegas
        as nuvens que entardecem, são barcas perdidas
        que esconderam estrelas rotas nas adegas.
        Cai a morte do mundo sobre a minha vida.

A seleção imperial


O Reino da Pitangueira tem evitado falar do torneio início amador da Rússia, para que não fique ofuscado com a grande seleção de talento futebolístico imperial, abaixo escalada:

Preguinho no gol, Feijão e Carioca na zaga, Catatau na lateral direita, Buê na lateral esquerda, Pavio e Pintado no meio, Meinha na meia esquerda, Faraó na meia direita e Jajá e Titi na frente.

Com este esquadrão basta a justiça prevalecer e os homens de bem pararem de interferir na vida da vida, que assim que o destino convidar o povo , vamos, vemos, jogamos e vencemos. O resto é o resto!

É isto aí!