Reino da Pitangueira,
27 de Maio de 2025
147.º dia do ano no calendário gregoriano.
Faltam 218 dias para acabar o ano.
Dia do Serviço de Saúde.
Por do Sol às 17h19 min
Lua Nova às 06h43 min
Estação Outono
Sonhar, minha senhora, é liberdade em estado puro, como o pensar — vasto, etéreo, indomável. Já os sentidos… ah, os sentidos! Cada qual carrega em si a sua cota de luto: a dor do adeus sussurrado, das palavras mal ditas, do último olhar. Aquele olhar — sim, aquele — que a dor fotografou e a memória, com mãos trêmulas, arquivou na pasta secreta da Saudade. E é verdade, sim: eu sonho com a senhora.
Escutar, minha senhora, é liberdade líquida, feito olho-d’água que se lança serra abaixo em busca do seu destino oculto. Escutá-la falar é ato de devoção — e deleite. Um prazer que não cansa, não incomoda, não fere a paciência; antes, a acalma. Sua voz: melodia que se entranha. As sílabas, pequenas jóias que desaparecem no contorno dos seus lábios. E as palavras, ah, essas fincam raiz no meu peito como se sempre tivessem morado ali.
Vê-la, minha senhora, quando me visita nos pensamentos, é um dos privilégios mais esplêndidos que os sentidos ousam conceder-me. Vê-la — porque ainda habita em mim. Porque ainda mora aqui, em silêncio e em presença, em fragmentos e em inteirezas, em cada canto do meu ser. Mora, até mesmo, nas células eucarióticas que já nascem com o seu nome gravado em seu DNA. Ao cruzar os seus olhos, minhas faculdades se erguem: cognição, emoção, ação — todas em reverência.
Sentir seu cheiro, minha senhora, ao cerrar os olhos, é reencontrar a tessitura fina da memória e suas costuras com a emoção. Sempre ele — esse aroma seu — desperta lembranças adormecidas, sensações que se aninham em mim como se nunca tivessem partido. Seu cheiro é bálsamo e feitiço, quase narcótico, que acende os meus neurônios e se alastra feito incêndio manso por todo o meu ser — esse ser que é matéria, sim, mas também espírito, onde a senhora, enfim, repousa.
É isto aí!
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