domingo, 27 de novembro de 2022

O Covid - 2ª temporada Novembro/22

 

Em Janeiro/22 recebi a terceira dose da vacina e achava que tudo corria bem. Em abril/22 fiz aqui o passo a passo da manifestação do Covid na minha vida. Segundo os médicos, a ciência e a minha experiência farmacêutica, meu quadro foi atenuado pelas vacinas, porém, mesmo assim foi uma experiência muito muitíssimo desagradável. Supostamente, pelos sintomas, fui vitimado pela variante Alfa.

Agora, novamente com um quadro clínico que levou ao exame, o teste positivou. Os sintomas sugerem a manifestação da variante Beta. Tenho febre, muita tosse, dor de garganta, falta de ar, enjoo, dor no corpo, cansaço, sudorese, fadiga e muita sonolência. 

Vai passar, mas enquanto não passa, é tenso.

É isto aí!

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Três atos dissimulados


Três atos dissimulados
passeiam no parque
feito uma família

e à mesma hora,
no mesmo espaço
ao mesmo tempo 

o primeiro, contido,
magoado, chora,
com dores à revelia.

o segundo emudece,
olhar no horizonte
triste, atordoado.

o terceiro, invisível,
esconde-se na alma
em fuga impossível

É isto aí!


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

O Analista da Pitangueira e o Livro Aberto

 


- Bom dia, entre.

- Estou bem aqui.

- Estou vendo, mas estará melhor ao entrar

- O que há de tão importante que me faça sentir melhor aí dentro?

- Nada é mais importante aqui do que falarmos das suas emoções.

- Então o objetivo é só este??

- Não, claro que não. Um dos maiores objetivos é criar um vínculo entre terapeuta e paciente, a fim de compreender os processos reprimidos pelo seu subconsciente, que geram sintomas como a angústia ou a ansiedade entre tantas outras emoções. 

- Criar um vínculo? Processos reprimidos? Angústia? Não estou entendendo nada.

- Não se preocupe com isto. Todo esse acompanhamento é realizado por meio da interpretação das suas ações e seus pensamentos, e - maktub - a boca fala do que está cheio o coração. 

- Estou confusa...

- Também auxiliarei você a descobrir-se e tornar-se quem você é.

- Você está conjecturando que esta que eu sou não sou eu mesma?

- Venha, entre. Aqui fora estarão ouvindo nossas conversas.

- Não ligo para o que outros pensam, falam e veem em mim. Minha vida é um livro aberto.

- Mas é um livro pronto e acabado?

- Sim, claro, em edição de luxo.

- Feito um caixão?

- Como assim? Minha vida é ...

- Sim, sua vida é ...

- Estou morta? Por isto sou um livro editado, pronto e acabado?

- Quer continuar o velório aqui ou descobrir páginas em branco a serem escritas, no divã?

- Melhor entrar. Mas não me conte o final.

É isto aí!




quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A inquietude do desejo


Fonte da imagem: uludagsozlukgaleri


- Peça o que quiser.

- Sério?

- Eu sou mulher de brincar com este nível de coisa?

- Não que eu saiba.

- Então ... peça o que quiser.

- Posso mesmo?

- Mas que mer... quer dizer, sim, pode.

- Qualquer coisa mesmo?

- Qualquer coisa.

- Está bem, vamos lá...

- Vai demorar muito?

- Não, é que você me pegou de surpresa.

- Mas deve ter algo que você deseja, então já sabe o que quer.

- Sim, de certa forma sim, mas é uma coisa tão íntima e pessoal.

- Íntima e pessoal? Pode explicar melhor?

- Hummmm, melhor que não.

- Espera aí, você tem segredos para comigo?

- Não, quer dizer, sim, não sei, acho que não ou talvez, ou sim, estou confuso.

- Canalha, cafajeste. Você é deste tipo de pessoa a quem não se empresta importância.

- Vai continuar o rol de ofensas ou já esgotou a cota de hoje?

- Nem comecei. Meu desejo é destruí-lo com palavras que sejam pedras na sua alma.

- Então siga em frente.

- Seu pulha. Você é um homem caviloso, ardiloso, matreiro, enganador, 

- Acabou?

- Cretino, insidioso, capcioso, fraudulento, manhoso, retrincado e sofístico.

- Pronto? Acabou o estoque de pedras ferinas?

- Sim, por enquanto acabei, mas você não vale nada. Agora diga a merda do que você quer.

- Não digo. Quer saber? Você não tem como dar o que eu quero.

- Ah, não, amor! Fala, vai. Dá uma chancezinha para seu amorzinho. Peça qualquer coisa.

- Sério?

- Eu sou mulher de brincar com este nível de coisa?

- Não que eu saiba.

- Então ... peça o que quiser ...

É isto aí!






quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Melodia Sentimental (Dora Vasconcelos / Heitor Vila-lobos)

Melodia Sentimental (Dora Vasconcelos / Heitor Vila-Lobos)

Fonte Youtube: Aline Talon 
Voz: Aline Talon
Violão: João Camarero.

Com poema de Dora Vasconcellos, Melodia Sentimental é parte integrante da obra "A Floresta do Amazonas" de Heitor Villa-Lobos, composta nos anos 1950 para o filme "Green Mansions" de Mel Ferrer. (Wikipédia)

Green Mansions (No Brasil: A Flor que Não Morreu) é um filme americano de 1959, dos gêneros romance e aventura dirigido por Mel Ferrer. Baseado no romance de 1904 "Green Mansions", de William Henry Hudson, o filme é estrelado por Audrey Hepburn como Rima, uma menina da selva que se apaixona por um viajante, interpretado por Anthony Perkins. Também aparecem no filme Lee J. Cobb, Sessue Hayakawa e Henry Silva. A trilha sonora é de Heitor Villa-Lobos e Bronislaw Kaper. (Wikipédia)

A música, na voz de Djavan, compôs a trilha sonora do filme "Deus É Brasileiro", de Cacá Diegues. É executada na cena final e é considerada uma das mais belas do filme.

Deus É Brasileiro é um filme brasileiro de 2003, uma comédia dirigida por Carlos Diegues. O roteiro é baseado no conto "O Santo que não Acreditava em Deus", de João Ubaldo Ribeiro, e adaptado por Diegues, João Emanuel Carneiro e Renata de Almeida. (wikipédia)


Melodia Sentimental (Dora Vasconcelos / Heitor Vila-Lobos)

Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que fulge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar

As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor

Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir teu amor e sonhar




Expectativa X Realidade

 


Fonte da Imagem: Celeste Barber

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Gal Costa, eu amo você


Gal, 

Quero que este momento perenize tanto quanto a sua voz na minha memória. Triste Bahia! ó quão dessemelhante, eternizou o imortal e insepulto Gregório de Matos.

Vapor Barato, ícone da contracultura encantada pela Gal me permite trazer à luz o bahiano Gregório de Matos com sua vertente satírica da poesia e multiplico a Bahia de todos nós e de todos os santos:  Triste Brasil! ó quão dessemelhante.

Já falei que amo você, amo sua voz, seu jeito, suas qualidades para nos ensinar que é preciso estar atento e forte, sermos guerreiros, argonautas, doces bárbaros. Vou pedir licença para ficar triste, e para agradecer por ter doado sua arte para nós..

Tudo valeu a pena, assistir seus shows, escutar seus discos e saber que você estava ali, ao alcance do meu amor.

Vapor Barato é o hino da contracultura traduzida por você para a minha geração:

Vapor Barato (Compositores: Jards Macalé / Waly Salomão) 1971

Youtube: Vapor Barato (Gal Costa)

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio

Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não me importa, honey

Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu 'to indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto (quem sabe)
Mas eu preciso esquece-la (eu preciso)
Ah, minha grande
Ah, minha pequena
Ah, minha grande obsessão

Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio

Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus
E não me importa, honey
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby

Oh, minha honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu 'to indo embora

Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu preciso esquece-la (eu preciso)
Ah, minha grande
Ah, minha pequena
Ah, minha grande obsessão

Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby

Fonte da imagem: Gal Costa, LP Gal Costa (Capa Foto) - LP Vinil 

É isto aí!


terça-feira, 8 de novembro de 2022

Sobre sonhos, Juiz de Fora e Pasárgada

Dia destes acordei de um sonho às 4H30min da madrugada. Num instante tomava vinho tinto seco numa galeria e no outro já caminhava numa neblina estranha, por onde andava assustado e a passos rápidos por uma calçada larga, entre pessoas que não veem por onde andam. Pelos deuses jupiterianos da Domus Italica , estava em Juiz de Fora. uma pacata e serena vila do interior da Zona da Mata.

Atravessei a estreita rua e no meio dela, ao olhar para a direita, vejo-me, encliticamente, numa avenida enorme e cosmopolita, porém o frio, a chuva fina e o vento confirmavam que aquilo ainda era Juiz de Fora. Encolhi os ombros, deixei o tempo se embrenhar nos segundos do dia e cheguei à casa que aparentemente era conhecida. Ao abrir a porta, pessoas corriam de um canto para o outro no interior do imóvel. Preparavam um evento destes psicocibernéticos revolucionários da mente e do espírito. 

A psicocibernética, como sabem, é a mãe da Inteligência Emocional e avó do Coaching moderninho, nascida nos anos de 1950 nos Estados Unidos pelas mãos do médico Maxwell Maltz, e Juiz de Fora, cidade com o maior número de psicólogos per capita do mundo. deve muito da proliferação psi a esta teoria maxwelliana.

Bem, preciso voltar ao sonho. A casa é um velho sobrado dos épicos tempos áureos da Manchester mineira. Subo a escada em caracol que abre-se para um mezanino confortável. Ao fundo havia uma moça, destas de lindeza linda, sentada numa confortável cadeira abdutora que potencializava a mobilidade dos seus belíssimos membros inferiores, além de ajudar na coordenação motora e fortalecer os músculos do quadril, da coxa e da região lombar. De pé, ao seu lado, um personal trainer. Fiquei meio que com ciúme de vê-la ali com um personal, mas contive a ira.  

Uma senhora, muito educada, tocou levemente no meu ombro enquanto continuava a fitar a moça na cadeira abdutora com uma  incessante e incandescente sedução, apesar da merda do personal tocando seus membros inferiores...

Voltando à senhora elegante e simpática. Sussurrou no meu ouvido que estava atrasado. Disse que o plano original seria entrar com as flores, tomar a casa de beleza floral e a partir dela, conquistar a moça. As flores seriam entregues por amigos e simpatizantes que as trariam em determinada hora, colocariam numa cesta que seria puxada por uma corda para o segundo andar, num quarto oposto à sala onde ela estava com o repugnante personal. 

Reparei que as flores começaram a desaparecer antes do combinado e algumas pessoas ficaram eufóricas com aquilo. Olhei para a esquerda onde haviam duas grandes janelas de vidro e madeira. Estavam abertas. Não era o combinado. Uma pessoa estranha me disse que estavam abertas para facilitar a fuga das pessoas que roubavam as flores.

Não sei se percebi ou foi intuição de que aquilo tudo estava errado e fora de ordem. Uma pessoa  aproximou-se e apresentou-me uma mulher muito simpática e empática. Disse que esta mulher era do serviço de inteligência floral e que tinha uma coisa importante para falar. 

E a mulher simpática e empática olhou no fundo dos meus sonhos e disse uma frase épica de Maxwell Maltz:

"O êxito na vida não significa apenas ser bem sucedido, mas também sobrepor-se aos fracassos."

Foi aí que percebi que aquele personal trainer não era personal merda nenhuma. Pulei a janela, segui na direção da minha sincera e fiel bicicleta Phillips, onde pedalei epicamente até a grande e acolhedora cidade de Ewbank da Câmara, de onde embarquei para Pasárgada no vôo noturno.

É isto aí!