quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A inquietude do desejo


Fonte da imagem: uludagsozlukgaleri


- Peça o que quiser.

- Sério?

- Eu sou mulher de brincar com este nível de coisa?

- Não que eu saiba.

- Então ... peça o que quiser.

- Posso mesmo?

- Mas que mer... quer dizer, sim, pode.

- Qualquer coisa mesmo?

- Qualquer coisa.

- Está bem, vamos lá...

- Vai demorar muito?

- Não, é que você me pegou de surpresa.

- Mas deve ter algo que você deseja, então já sabe o que quer.

- Sim, de certa forma sim, mas é uma coisa tão íntima e pessoal.

- Íntima e pessoal? Pode explicar melhor?

- Hummmm, melhor que não.

- Espera aí, você tem segredos para comigo?

- Não, quer dizer, sim, não sei, acho que não ou talvez, ou sim, estou confuso.

- Canalha, cafajeste. Você é deste tipo de pessoa a quem não se empresta importância.

- Vai continuar o rol de ofensas ou já esgotou a cota de hoje?

- Nem comecei. Meu desejo é destruí-lo com palavras que sejam pedras na sua alma.

- Então siga em frente.

- Seu pulha. Você é um homem caviloso, ardiloso, matreiro, enganador, 

- Acabou?

- Cretino, insidioso, capcioso, fraudulento, manhoso, retrincado e sofístico.

- Pronto? Acabou o estoque de pedras ferinas?

- Sim, por enquanto acabei, mas você não vale nada. Agora diga a merda do que você quer.

- Não digo. Quer saber? Você não tem como dar o que eu quero.

- Ah, não, amor! Fala, vai. Dá uma chancezinha para seu amorzinho. Peça qualquer coisa.

- Sério?

- Eu sou mulher de brincar com este nível de coisa?

- Não que eu saiba.

- Então ... peça o que quiser ...

É isto aí!






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