domingo, 26 de fevereiro de 2023

Boubacar Traoré & Ali Farka Touré - Duna Ma Yelema


Fonte da Imagem (Wikipédia): Antiga cidade de Djenné (Mali) declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco

Música: Duna ma yelema (with Ali Farka Touré)

Artistas: Boubacar Traoré, Ali Farka Touré 

Compositor: Boubacar Traoré

Álbum: Je chanterai pour toi 

Boubacar Traoré (nascido em 1942 em Kayes, Mali) é um conhecido cantor, compositor e guitarrista malinense. Traoré é também conhecido como Kar Kar, "aquele que dribla muito" em Bambara (um dos idiomas do Mali), em referência ao seu modo de jogar futebol: "um apelido que tenho desde quando era jovem, quando as pessoas gritavam 'Kari, Kari' - drible, drible - o termo acabou pegando"

Ali Ibrahim "Farka" Touré (Kanau, Mali, 31 de outubro de 1939 – Bamako, 7 de março de 2006) foi um cantor e guitarrista malinês e um dos músicos mais internacionalmente reconhecidos do continente africano

Letra (Boubacar Traoré)

Duna ma yelema, bi ma de yelema la
Ni kokè mousso mi yé, o bi maflé nalomayé
Ni kokè tié ba mi yé, o bi maflé fiyentoyé

Tradução Livre https://aopedapitangueira.blogspot.com/

O mundo não mudou, é o povo de hoje que mudou
Se você faz algo por uma mulher, ela acha que você é um idiota
Se você faz algo por um homem, ele acha que você é cego





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

A doença social do ódio


Subi a Colina do Observatório do Reino da Pitangueira e cheguei ao maior putoscópio do reino - O Putoscópio Imperial. Ao acessar e acionar suas lentes vi que o reino vizinho ainda está dividido, numa situação onde a parte derrotada permanece mergulhada num niilismo que exalta radicalmente a concepção materialista e positivista e retira do âmbito do Estado, da Religião e da Família todo poder e a capacidade de reger os passos do país.

Daí para eclosão de violência gratuita é um passo apenas, pois para seus seguidores toda e qualquer possibilidade de sentido, de significação da existência humana, inexiste. Não há forma alguma de se responder às questões levantadas. Eles simplesmente desprezam convenções, verdades absolutas, normas e preceitos morais. É a força motriz do ódio.

A doença social do ódio é contagiosa e destrói a vida, porque tudo o que produz é feito com ódio, ou seja, a economia, a ciência, a arte, a política, a ecologia e a religião. Já a harmonia se consegue trabalhando por uma economia ao serviço da vida, por uma ciência que busca a verdade, por uma política comprometida com o bem comum e por uma crença que seja um instrumento de reconciliação e de paz. 

O Reino em questão deveria voltar a amar a vida, superar a indiferença e o pessimismo, para que se possa tomar uma nova direção pacificadora, pois somente a amizade social supera o ódio, dá lugar ao perdão, ao diálogo, à aceitação, ao maravilhamento com a criação, ao cuidado mútuo e à convivência no amor.

Fonte¹ de referência: infoescola 
Fonte² de referência: Vatican news / Arquidiocese Cascavel

É isto aí!

 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Um dia de cada vez

Mestre Vitalino, Noivos a cavalo, cerâmica


Para tudo, gritou o rapaz do alto da pequena colina, montado num baio triste, magro, marrom-vermelhado com uma coloração de pontas pretas na crina, cauda, pontas das orelhas e pernas.

Todos olharam para a origem do grito e depararam com aquela figura conhecida, determinada, esquálida e longilínea por sobre um animal esbaforido. 

Desceu devagar, aproximou-se da noiva, deu a mão, ela firmou o pé esquerdo no estribo e segura, deu um sobressalto e montou, travando um abraço na cintura do rapaz e fazendo o animal dar um leve gemido. Seguiram o caminho do mundo, com aplausos de metade dos convidados para o casamento. 

O noivo, completamente embriagado, não deu conta da página da vida que estava sendo aberta, transformando destinos e acontecendo à vista de todos. Demorou perceber que algo de errado não estava certo. Assim que tentou dar ares de sobriedade, levou uma sonora vaia dos parentes e amigos da noiva. 

Enquanto isto, lépida e ladina, sentindo o desfecho desfavorável, a mãe do noivo pegou o que pode dos presentes e colocou na pequena charrete, tocando a mula para seu caminho cenoso.

Quando ficaram a sós, os pais da noiva e seus irmãos abraçaram-se agradecendo a bondade e a divina intervenção de Deus nas coisas complexas da natureza humana.

É isto aí!


Fonte da Imagem: Arte popular do Brasil

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Marcha da Quarta Feira de Cinzas (Vinicius de Moraes/Carlos Lyra)

                                                             Fonte da Imagem: Passeata dos Cem Mil Wikipédia


“Marcha da quarta-feira de cinzas” foi composta em 1962 por Carlos Lyra (1936) e Vinícius de Moraes (1913/1980).

A melodia foi composta por Carlos Lyra
Vinícius de Moraes então colocou letra nesta pérola da MPB.

Composta antes de 1964, a “Marcha da quarta-feira de cinzas” é assim uma espécie de protesto premonitório contra a realidade imposta pela ditadura militar. Pertence àquela fase inicial do CPC (Centro Popular de Cultura) em que Carlos Lyra incorpora à sua obra uma temática político-nacionalista, tendo sido feita no mesmo dia em que ele e Vinícius haviam concluído o “Hino da UNE” (“De pé a jovem guarda / a classe estudantil / sempre na vanguarda / trabalha pelo Brasil…”).

Mas, com sua mensagem disfarçada no lirismo melancólico de uma marcha-rancho, a composição pode ser considerada um belo exemplar do gênero música de protesto: “Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou…” A passagem com o acorde de sétima maior de dó antecedendo a frase “e no entanto é preciso cantar”, após a pungente primeira parte, cria um momento mágico, na medida em que envolve a plateia inteira e a faz cantar suavemente embalada por um simples violão.

Um clássico de seu tempo, a “Marcha da quarta-feira de cinzas” é uma daquelas raras canções capazes de encerrar com elevada dose de emoção um espetáculo musical. Embora consagrada pela voz de Nara Leão , teve sua gravação inicial por Jorge Goulart em fevereiro de 1963.

A canção fez parte da trilha sonora da novela “Fera ferida” Vol.2 (1993/94 – Leila Pinheiro).

Fonte: A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34.


Marcha da Quarta Feira de Cinzas
(Vinicius de Moraes/Carlos Lyra)

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais
Brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
Foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando
Cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida
Feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza
Dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando
Seu canto de paz


Provided to YouTube by Universal Music Group

Marcha Da Quarta-Feira De Cinzas · Nara Leão

Nara

℗ 1964 Universal Music International

Released on: 1964-01-01

Associated  Performer, Vocalist: Nara Leão
Producer: Aloysio de Oliveira
Producer, Assistant  Producer: José Delphino Filho
Producer, Assistant  Producer: Peter Keller
Composer  Lyricist: Carlos Lyra
Composer  Lyricist: Vinícius de Moraes




quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Carnaval chegando ...


Insensato destino

Compositores: Acyr Cruz / Francisco Souza / Mauricio Lins
Letra de Insensato destino © Warner Chappell Music, Inc
Imagem: Heitor dos Prazeres / Roda de Samba


Oh, insensato destino
Pra quê?
Tanta desilusão
No meu viver

Eu quero apenas ser feliz
Ao menos uma vez
E conseguir
O acalanto da paixão

Fui desprezado e magoado
Por alguém que abordou
Meu coração

Destino
Porque fazes assim?
Tenha pena de mim
Veja bem - Não mereço sofrer

Quero apenas um dia poder
Viver num mar de felicidade
Com alguém que me ame
De verdade


Fonte Youtube: Samba de Raiz




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Barrado na porta do ChatGPT


O ChatGPT, a coqueluche do momento, o ORKUT da década de 20, o portal do século XXI, que foi lançado em novembro de 2022, vetou o meu acesso pois cismou que não sou humano. A princípio achei que era somente um mal entendido, fui nas configurações, avaliei tudo que poderia significar aquilo, mas foi em vão. O ChatGPT disse repetidas vezes que sou uma máquina e pronto. 

Conclui que o ChatGPT sabe muito, mas não sabe tudo.

Segundo o NY Times, o entusiasmo em torno da aplicação da tecnologia de OpenAI lembrou outros momentos que "viraram o Vale do Silício de cabeça para baixo, desde a chegada do primeiro iPhone e do mecanismo de busca Google até o introdução do navegador Netscape que preparou o cenário para a comercialização da internet". 

Para Bill Gates, o ChatGPT vai mudar o mundo: "Até agora, a inteligência artificial podia ler e escrever, mas não conseguia entender o conteúdo. Os novos programas como o ChatGPT vão tornar muitos trabalhos de escritório mais eficientes. Isso vai mudar o nosso mundo”.

Para o Reino da Pitangueira, é a prova de que não é bem tudo isto que está por aí.

É isto aí!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Tempo bom


Tempo bom
não é e nem pode
ser aquele
que não volta mais 

Tempo bom
é exatamente aquele
que da sua memória
não sairá jamais.

É isto aí!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Discutindo relação


- Promete para mim que você nunca vai morrer, promete, vai, não custa nada. Fala, confirma, ditas as palavras certas, serei eternamente grata e feliz.

- Mas, e eu?

- Como assim? A minha felicidade não preenche seu amplo espaço de questionamentos? Eu sou apenas uma mulher objeto?

- Não é isto.

- Então tem outras coisa que você não me contou?  É isso?

- Sabe, querida, esta sua fixação pelo solipsismo, esta sua concepção filosófica de que, além de nós, só existem as nossas experiências, é muito pequena diante do cosmos.

- Cosmos? Então você vê ordem, organização, beleza e harmonia nesta vastidão vazia, sem vida, estéril e infértil

- Não é isso. Não pode ser só isso. Você pode ser mais que isto que se limita a ser.  A vida não pode ser apenas o movimento da vida que você conhece. 

- Eu sei onde você quer chegar. Meu instinto feminino antecipa isto.

- Sabe mesmo? 

- Sim, na prática, sua crença define meu pensamento como uma forma de idealismo, que incorreria no egoísmo pragmático, que insurge pós proposição cartesiana "cogito, ergo sum"; ridiculamente traduzido pelos que a contestam, como "Penso, logo existo,"

- Querida, nem tanto céu, nem tanto mar. Saiba que o universo em todo o seu conjunto, toda a estrutura universal em sua totalidade, no esplendor da magnânima beleza de luzes e escuridão, pulsa desde o microcosmo ao macrocosmo.

- Pronto, está querendo catequisar a Mecânica Quântica agora, querido? Acha que basta recorrer a Hermes Trimegisto, no seu aforismo, sua máxima hermética no Caibalion  "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima."?

- Você está apelando.

- Adoro quando você faz esta face de estupefação, bem metafísica

- E como é uma face de estupefação metafísica?

- Os ombros expõem um sentimento de espanto, abrindo os dois flancos. Os olhos brilham com certa admiração, o semblante fica perplexo, sua voz átona e sua respiração rarefeita.

- Me beija

- Não

- Me beija, vai

- Não

- Sua, sua...

- Sim, sou sua! Agora pode me beijar. Mas antes, abra outra garrafa do vinho, que este acabou.


É isto aí!





segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Fernanda Takai e Erasmo Carlos Do Fundo do Meu Coração


Imagem: Dança no Moulin Rouge (1890), de Henri de Toulouse-Lautrec,

Do Fundo do meu coração é uma daquelas músicas da dupla Roberto/Erasmo Carlos que é atemporal. Outro aspecto que chama a atenção, em “Do Fundo Do Meu Coração”, é a forma como a harmonia é modulada, subindo e descendo de tom. Mais um recurso que é mobilizado para aumentar pungência e a urgência da mensagem disparada pelo sujeito enunciador.

Em termos narrativos, temos o sujeito enunciador lutando para se impor sobre o fim da conjunção amorosa. Nos inícios das estrofes, recapitula-se a postura pretérita vacilante, em que outros términos da união eram cancelados com novos retornos provisórios, até a humilhação. A auto-admoestação é severa: o personagem chega a se considerar “estúpido” por ter assim agido.

No entanto, a retrospectiva dos erros passados gera um acúmulo de forças, manifestado na entoação dos versos “Acabe com essa droga de uma vez” e “Do fundo do meu coração” (e preste atenção aos acentos em “droga” e “fundo do“), forças que se dissipam de forma bastante asseverativa no imperativo “Não volte nunca mais (pra mim)”. (Fonte 365 canções brasileiras)



Eu, cada vez que vi você chegar
Me fazer sorrir e me deixar
Decidido eu disse: nunca mais

Mas, novamente, estupido provei
Desse doce amargo quando eu sei
Cada volta sua o que me faz

Vi todo o meu orgulho em sua mão
Deslizar, se espatifar no chão
Vi o meu amor tratado assim

Mas basta agora o que você me fez
Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim

Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui

E sei que vou chorar a mesma dor
Agora eu tenho que saber
O que é viver sem você

Eu, toda vez que vi você voltar
Eu pensei que fosse pra ficar
E mais uma vez falei que sim

Mas, já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais pra mim

Mais uma vez aqui
Olhando as cicatrizes desse amor
Eu vou ficar aqui
E sei que vou chorar a mesma dor

Se você me perguntar se ainda é seu
Todo o meu amor, eu sei que eu
Certamente vou dizer que sim

Mas, já depois de tanta solidão
Do fundo do meu coração
Não volte nunca mais para mim

Acabe com essa droga de uma vez
Não volte nunca mais pra mim

Autores/compositores: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
Cantores: Erasmo Carlos / Fernanda Takai
Fonte Youtube: Isoacustic  Fernanda Takai e Erasmo Carlos Do Fundo do Meu Coração Som Brasil


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Aproveita, conheça e escute numa sensacional performance com  Ana Cañas:

Ana Cañas canta "Do Fundo do Meu Coração" no Prêmio UBC 2018 em homenagem a Erasmo Carlos
Fonte Youtube: UBC - União Brasileira de Compositores

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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Desencontros marcados



- Rapaz, você não faz ideia de quem está do outro lado do salão com os olhos grudados em você.

- Onde (girando o corpo para a direita).

- Larga mão de ser burro, não faz isto de novo que ela vai perceber.

- Pode pelo menos falar quem é?

- Claro, é a Zizi.

- Zizi? Aqui? Sozinha? 

- Sim, Zizi aqui e sozinha, sem tirar os olhos de você.

- E como ela está vestida?

- Com um vestido preto, justo, sem manga, pouco acima dos joelhos.

- Uau! Ela fica linda de preto. E o cabelo? E o cabelo?

- Corte chanel clássico.

- Caramba, do jeito que eu acho que fica mais linda ainda.

- Fala isto para ela.

- Como? 

- Ela está se aproximando.

- De que lado, de que lado?

- Do seu lado esquerdo. 

- O que eu falo? O que eu falo?

- Espera não vire depressa...

- Zizi

- Olá

- Como você está gostosa, quer dizer, linda, quer dizer ...

- Você continua mentiroso, quer dizer, não hoje, não agora, não aqui ...

- Zizi, eu amo você.

- Eu sei ... pois é ... sempre soube, adeus.

É isto aí!