Acordei encantado com o sonho confuso que se repetia mais de uma vez, desde que nem lembrava mais quando. Era tão real que não era simplesmente um sonho; era um plano teórico quaternário relativo ao nosso amor perdido na Era Cenozoica, paralelo e tangível nesta vida louca, tecida em contornos poéticos pela perspectiva onírica.
Havia ali, no sonho, algo depositado sobre uma estreita e estranha perspectiva, tal qual a sanha dos pretéritos imperfeitos, cujas ações passadas não eram completamente terminadas e ficavam sem dar sequência à continuidade. Nunca chegava o dia seguinte, o instante mágico, tal qual deve ser o abraço fiel da paixão.
Ao fundo do cenário disruptivo coexistia um musical incessante. Era uma coisa mais esquisita ainda do que conjugações verbais no pretérito imperfeito. Tratava-se de uma música em eterna reprodução, que descobri depois tratar-se do Samba do Grande Amor, do Chico Buarque, neste caso específico cantado encantadoramente pelas afinadíssimas Mulheres de Hollanda.
Achei que aquilo poderia ser uma coisa parecida com o nosso amor, eu acho. Tudo bem, pode ser metafórico, sei lá, um sinal do além, sei lá, vai saber, porque eu não sei como resolver uma equação de segundo grau com duas incógnitas escandalosamente inseridas ao surto.
Haviam também outras formas do seu ser e estar neurossensorial assentindo o assédio do protagonista, projetado de mim, sem vínculo — mas, porém, todavia, contudo — o que realmente seduzia meus profundos e ocultos desejos era a multiplicidade de quereres sobre a amada ali, bem à frente, com luzidias, brilhantes e reluzentes matizes de amor, sensualíssimas, moldadas e/ou esculpidas em elementos fantasiosos.
Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.
É isto aí!
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