Querida,
Quando ler este bilhete, já estarei, possivelmente, em outra página virada da minha peregrinação pelo mundo que desconheço — mas de quem ouço falar bem.
Saiba que deixei as saudades guardadas no fogão de lenha.
Deixei as mágoas no freezer.
Guardei as angústias naquele pote de porcelana azul que eu sempre detestei — e no qual acidentalmente esbarrei, fazendo-o ir ao chão, sendo imediatamente remendado por você com cola instantânea, só para irritar minha paz, porque foi um presente da fulana — e você sempre soube o motivo de eu detestá-la.
Recolhi os cacos do tempo útil ao seu lado e lacrei tudo num envelope amarelo que guardava alguns papéis que devem ser importantes para você continuar nesta rotina que merece.
Aos amigos, diga que fugi com uma namorada dos tempos de faculdade.
Aos inimigos, faça o que mais gosta — mentir — e diga que voltei para a companhia da sua eterna bff da infância, a Claudinha Tri.
Todas as fotos onde supostamente estávamos juntos foram para a galeria do lixão. Esperei pacientemente o caminhão de lixo passar, só para ter certeza de que levariam tão nefasta prova da nossa patética união.
Querida, eu amo você. De verdade. Com certeza. Com ardor na alma (e lágrimas sinceras).
Eu sei que você sabe disso — que sempre soube, que sempre saberá.
E este amor, todo este amor, estou levando comigo, para todo o sempre, ao infinito e além.
É isto aí!

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Gratidão!