segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Prezada Senhora Felicidade



Prezada Senhora

Dona Felicidade
Saudações.

Sei — quer dizer, acho que sei — que talvez a senhora exista, não exista ou coexista. Inevitavelmente, no meu medíocre e raso saber quântico, comparo-a ao Gato de Schrödinger, aquela famosa experiência mental frequentemente descrita como um paradoxo.

Nessa experiência, Schrödinger procurou ilustrar a interpretação da mecânica quântica, imaginando-a aplicada a objetos do dia a dia. No exemplo, há um gato encerrado em uma caixa, de forma a não estar apenas vivo ou apenas morto, mas sim em uma sobreposição desses dois estados — tal qual a senhora, que prefere ser chamada pelo pomposo nome de Felicidade.

Mais não posso dizer, por vários princípios quânticos que desconheço, mas sei que andam por aí tecendo comentários contra a minha limitada intimidade com a Física, a quantização da energia, a dualidade onda-partícula e o Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Enfim — trata-se aqui do enfim como advérbio de tempo, que significa “finalmente” —, saiba que houve apenas uma época em que tive a convicção da sua existência. Mas isso foi apenas um átimo da minha longa jornada até chegar aqui, neste tempo, para poder dizer que, para mim, a senhora desistiu da minha existência há eras.

É isto aí!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!