terça-feira, 15 de outubro de 2024

Cartas de Amor LXXXVII


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, somos feitos de orações coordenadas.

Calma meu bem, sei que sua ansiedade a corrói feito uma saudade dolorida, por isto peço que inspire lentamente pelo nariz e expire com naturalidade pela boca, acompanhando o movimento da minha mão direita. Inspire ... expire .. inspire... expire .. não pire ... vai, isso, muito bem, adoro seus olhinhos brilhando na minha memória.

Sei que ao ler o enunciado desta carta, pensará que me refiro às infinitas e extensas  ladainhas e orações coordenadas pelas suas tias Belinha e Estelinha, para purificação da mente e do corpo, em saudosos tempos infanto-juvenis. De certa forma, poderia ser este o caminho para propósitos salvíficos pessoais, mas em outra época e de outra forma adentraremos no mérito desta ação de cunho celestial.

Hoje prefiro falar-lhe no âmbito da sintaxe. Creio que somos orações coordenadas, no sentido gramatical, ora sindéticas ora assindéticas. Nossas ações, nossos verbos, nossos versos, olhares, afagos e saudades são misteriosamente  independentes entre si quando não precisam de outras orações para serem completamente compreensíveis. Nosso amor, mesmo que apareça junto de outra oração, pode ser entendido na sua existência, sem ela.

Queria que esta carta fosse um beijo, então que seja, pronto, é o beijo que o beija-flor há de dar em você ao lê-la. Somos nossas orações coordenadas, querida, é isto que somos. Um cafuné no cabelo, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

Lembre-se sempre, meu bem, que nossas orações não estão, necessariamente, ligadas por conjunções, mas justapostas, ou seja, uma ao lado da outra, feito nosso destino.

P.S. Se der ou se for possível, mandarei notícias do mundo vindouro.

Saudades

É isto aí!


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