Reino da Pitangueira,
14 de Outubro de 2024
Por do Sol às 17h52min
Lua na fase Crescente
Estação Primavera
Fonte da Imagem: Museu dos Correios do Brasil
Apesar de, resolvi escrever esta carta. Nada de especial nela, a não ser o rompimento do silêncio.
Sou do tempo em que as cartas eram o que de melhor existia para cobrir distâncias com informes sobre tudo e todos. Receber uma carta era mais do que receber uma visita para o café. Era assunto para ser analisado nas formas, no candor; na análise do quão de sinceridade e franqueza exteriorizavam no texto. Afora isto, sem recursos maiores do que os livros que atravessavam pelo menos duas gerações, cabia ainda estabelecer relações de sentido e de dependência entre palavras e orações.
Dito assim, não sei como as cartas caíram no desuso de maneira tão abrupta. Ler uma carta exigia dar o máximo de sinapses no Hemisfério esquerdo, que é responsável pela linguagem, raciocínio lógico, cálculos matemáticos, escrita e leitura, enquanto o Hemisfério direito, responsável pela criatividade, emoções, percepção de sons musicais, trazia no campo visionário da saudade o reconhecimento da face vinculando-o ao pensamento intuitivo.
Desta forma, o contorno da alma do/da remetente ia sendo aos poucos materializado e sensorialmente metabolizando um tempo único e privativo, numa outra frequência, numa outra dimensão, numa outra vida destas muitas que habitam em nós, eliminando as distâncias e as intempéries entre um problema e outro. Enfim, espero ter superado as correntezas do rio de problemas que atravessam o nosso caminho e que se recusa a evitar já à jusante a inundação dos sonhos.
É isto aí!
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