domingo, 14 de agosto de 2016

No tempo das cartas



Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 12 / fev / 1981

Maria, cheguei bem de viagem. Aqui todo mundo tem sido bom comigo. A filha da dona da pensão é muito educada bem como os colegas da obra, que são bem pacientes e prestativos. Amanhã começo a trabalhar bem cedo. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 19 / fev / 1981

Querido Julinho. Nossa, que emoção receber uma carta sua. Eu queria ser esta carta que lhe envio para ser tocada pelas suas mãos e abraçadas em seu corpo. Falo de você para todo mundo que conheço. Passo na porta da sua casa, ando por onde andamos e quero ser sua para sempre. Volte logo, da toda sua, Maria!!

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 26 / fev / 1981

Maria. Recebi sua carta. Todo mundo aqui quer te conhecer. A filha da dona da pensão já até falou que reservará um lugar para você. Estou muito feliz aqui e acho que em breve meu esforço será recompensado. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 05 / mar / 1981

Querido Julinho. Eu estou morrendo de saudade de você. Eu queria ser agora um passarinho para voar até aí e cantar meu amor por você. Eu estou com uma vontade danada de ter você aqui dentro de mim para sempre. Ontem fui até na pracinha onde nós dois ficávamos a ver o tempo e agora me sinto tão sozinha. Vem prá mim, por mim, da sua Maria!!! 

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 12 / mar / 1981

Maria. Que bom que está passeando e se divertindo. A filha da dona da pensão até já falou comigo que vou acabar adoecendo de tanto ficar em casa. Acho que vão prorrogar mais o contrato. Um abraço. 

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 19 / mar / 1981

Amor da minha vida, que notícia mais triste para meu coraçãozinho que é seu. Eu achei que você voltaria logo e agora vão prorrogar seu contrato. Puxa vida ... saudade, maldade, saudade, que triste viver sem você nesta cidade. Quando recebi a sua carta, corri na Igreja, ajoelhei bem em frente ao Santo Antônio e mostrei para ele que aquilo não estava na promessa que nós dois fizemos a ele no dia que você falou que iria embora. Choro, choro muito, mas Deus sabe que este é o nosso caminho.

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 26 / mar / 1981

Maria, vejo que você manteve a fé. Isto é muito bom. A filha da dona da pensão até me levou outro dia na igreja dela, por que disse que eu não podia ficar sem ouvir a palavra do Senhor. Prorrogaram meu contrato por mais seis meses. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 02 / abr / 1981

Julinho, ontem a noite eu dei para o Carlinhos nos fundos da sua casa. Foi a melhor noite da minha vida. Do seu amor, Maria!

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 09 / abr / 1981

Maria. Como posso ver, você está se divertindo muito e sempre com seu senso de humor elevado. A filha da dona da pensão também me lembra muito você neste aspecto. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 16 / abr / 1981

Julinho, estou ficando cada vez mais safada. Não tem um amigo seu que deixa de provar do que você perdeu. Do seu amor, Maria.

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 23 / abr / 1981

Maria. Pelo que vejo você continua fazendo daqueles doces maravilhosos. Quando voltar vou querer experimentar todos. A filha da dona da pensão tem feito alguns que falo, mas nenhum fica igual ao seu. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 30 / abr / 1981

Não basta ser corno, tem que ser burro também. Do seu amor, Maria.

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 07/ mai / 1981

Maria, mês que vem eu estarei aí para falar do casamento. Passei numa joalheria aqui, Zé do Ouro e escolhi as alianças. A filha da dona da pensão me mostrou umas bem bonitas, e estou te mandando a foto delas. Um abraço.

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 14 / mai / 1981

Nossa, valei-me meu Santo Antônio. Julinho, eu te amo. Pode pedir o que quiser que eu farei por você. Eu fui uma boba, desculpe, inventei tudo aquilo para te impressionar. Minha vida está na sua vida. Você é meu raio de luz, o ar que respiro, enfim, peça o que desejar que estarei aqui para atendê-lo hoje e sempre. Eu te amo!!!

Carta de Julinho Cordeiro à Maria de Fátima em 21 / mai / 1981

Maria, fiquei muito emocionado com a sua sinceridade, Nem eu nem a filha da dona da pensão esperávamos tanto assim de você. Já que se ofereceu, você aceita ser a nossa dama de honra?

Carta de Maria de Fátima à Julinho Cordeiro em 28 / mai / 1981

Não tenho como ser dama de honra de um homem morto. Vá catar coquinho, vá se atirar da ponte, vá se foder, Julinho, vá se foder. Seu safado, seu sem vergonha, seu vagabundo, seu bandido, seu, seu ... pisa aqui que eu te mostro o que eu vou fazer como dama de honra. 

É isto aí!





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