sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Cartas avulsas XX

Reino da Pitangueira, 
08 de Novembro de 2024
Dia Mundial do Urbanismo
Por do Sol às 18h02 min
Lua Quarto crescente
Estação Primavera

Querida, hoje não estou nada bem. Pensamentos ora circundam ora eclipsam, escondem, excedem, fogem, desaparecem, sobrepujam, ocultam, encobrem, enfim - ofuscam sua silhueta nos meus sonhos. 

Responda-me, meu bem, qual o caminho rápido para sair da retidão da vida? Um caminho destes mágicos, ágeis feito os passos céleres do tango, como o passo ao lado (para a direita ou para a esquerda), o passo em frente (avançar) e o passo atrás (recuar). 

Não se empolgue com esta possibilidade. Saiba que graças à gravidade, sou prisioneiro da inércia frente à música. Dia destes mirei no pensamento longínquo nós dois dançando forró, melhor não saber o resultado. Até em pensamento minha desvalida arte da dança é ridícula.

Melhor pensar que sou feito barquinho de papel nas tardes chuvosas das primaveras de outrora, a sustentar-se sobre a água sem leme, sem timão, sem vela, sem nada , desço pelo pensamento na ladeira da vida, levado pela correnteza, deslizando sobre o tempo. Então deve isto a tal da idade chegando, nem tão serelepe, nem tanto buliçosa feito navegar na juventude.

Ou então feito aviãozinho de papel a planar no céu, sustentar-se com as asas estendidas, parecendo uma nave flutuando no ar graças à frágil e aerodinâmica estrutura de dobras na maleável folha de celulose sustentando a estrutura ao impulso dos ventos. Então deve isto a tal da idade da plenitude , nem tão soberba, nem tanto viçosa feito flutuar na juventude.

Sei que a sua curiosidade vai promover insônia se eu não contar qual era o forró no qual de súbito a levei ao chão batido do forrozal. Era Espumas ao vento de cantoria raiz - Espumas ao vento

Mas depois disto, em fase REM, estávamos de rosto colado, face a face, escutando um bolero e saiba que dançamos em lenta e envolvente paixão. 

autor:  Lucho Gatica

Tú me acostumbraste
A todas esas cosas
Y tú me enseñaste
Que son maravillosas

Sutil llegaste a mí
Como la tentación
Llenando de inquietud
Mi corazón

Yo no concebía
Cómo se quería
En tu mundo raro
Y por ti aprendí

Por eso me pregunto
Al ver que me olvidaste
Por qué no me enseñaste
Cómo se vive sin ti


É isto aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gratidão!