Reino da Pitangueira,
05 de Novembro de 2024
Dia da Cultura e da Ciência
Por do Sol às 18h01min
Lua Nova
Estação Primavera
Querida, acordei num corpo dolorido com sentimentos de pouca e insignificante existência. Estava só ao redor de milhões e milhões de personas tristes. Preferi guardar o silencio, apesar de não demonstrar-me aborrecido. Como sou burro, pensei. Um idiota completo, uma sombra desconfigurada dos meus sonhos. Divaguei sobre os mundos que conheci, das formas, das cores, das culturas e nada resgatava meu Ego, preso em algum lugar atemporal.
Ao levantar percebi que à minha esquerda se acotovelavam, em total desconforto, uns Xis trilhões de macambúzios mal humorados, de comportamento de alma tosca e olhares estranhos, densamente sombrios, agravados pelos seus olhos imensos feito olhos de um sapo. Ri debochadamente, pois algo em mim identificava com eles.
À minha direita, em murmúrios e lamentações irritantemente baixas e tensas, Xis² bilhões de sorumbáticos esqueléticos, esquálidos, de cor sem definição de luz. Traziam consigo dores lancinantes, que se faziam sentir por pontadas, picadas, fisgadas internas e externas, provocando uma estranha dança ritual de excruciante e rara beleza. Essas dores justificavam minhas dores.
Atrás de mim, Xis³ milhões de seres estatelados, inertes, estativos, hirtos, imobilizados, imóveis, parados, paralisados em profundo e amedrontador estado de ansiedade e pânico. Seus corpos, estatelados e tesos, os mantinham afixados no que poderia chamar de chão, ou uma suposta superfície de contato com aquele mundo. Da mesma forma, me vi afixado e imobilizado pelos vieses da vida.
Descobri que não acordei e aquilo não era um sonho. Por algum motivo, permanente ou não, havia à minha frente, onde sempre esteve, aquilo que já sabia de alguma forma extra-sensorial ser o Caminho de Desejo, conforme a uma imensa árvore com folhas amareladas, frutos ressecados e gigantes raízes aparentes me transmitiu intuitivamente, alertando que só saberia que chegara ao final da caminhada, quando a reencontrasse bela, esplendorosa, jovem e frutífera.
Em letras miúdas, numa imensa placa presa ao seu tronco, estava escrito espelhado - odem e azetrec revit es agis ós; que logo entendi e traduzi: Só siga se tiver certeza e medo.
Dei o primeiro passo e senti a vida transfigurar minha existência. Ainda estou vagando devagar rumo ao desejo, e não sei nem saberei o que falta para chegar, já que vi sentido na placa que estava apenas sobreposta sobre suas raízes tortas: onhimac o é etnatropmi o euq erpmes es-erbmel
É isto aí!
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