terça-feira, 23 de abril de 2013

Te amo puta!




Carlos Drummond de Andrade 


A puta





Quero conhecer a puta.


A puta da cidade. A única.


A fornecedora.


Na rua de Baixo


Onde é proibido passar.


Onde o ar é vidro ardendo


E labaredas torram a língua


De quem disser: Eu quero


A puta


Quero a puta quero a puta.





Ela arreganha dentes largos


De longe. Na mata do cabelo


Se abre toda, chupante


Boca de mina amanteigada


Quente. A puta quente.





É preciso crescer esta noite inteira sem parar


De crescer e querer


A puta que não sabe


O gosto do desejo do menino


O gosto menino


Que nem o menino


Sabe, e quer saber, querendo a puta.









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