segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Dona Martha

Dona Martha, por favor, venha à minha sala.

Perfeitamente Dr. Almeida.

Dona Martha, a empresa está crescendo, a senhora já está comigo há mais de quinze anos e estou querendo promovê-la, mas para isto preciso contratar outra moça para o seu lugar.

Mas o que eu fiz, Dr. Almeida? (olhos enchem d'água)

Não fez nada, Dona Martha, nada mesmo. Apenas quero melhorar a sua remuneração.

Obrigado, Dr. Almeida, mas é possível permanecer tudo com está? (lágrima escorrendo devagar e mãos para trás)

Dona Martha, a senhora veio para cá com dezesseis anos; já está com trinta e precisa começar a ter as suas coisas, seu cantinho, por que o tempo, Dona Martha, o tempo voa.

Puxa vida, Dr. Almeida, snif, então eu estou velha para o senhor? (chorando)

Caramba, para com isto, não chore, venha mais perto, isto, mais perto, mais perto um pouquinho. Dona Martha, a senhora está tremendo.

Não consigo me controlar, Dr. Almeida, estou confusa, nunca imaginei que... (chora convulsivamente).

Dona Martha, o que é isto, dê cá um abraço, vamos esquecer tudo isto, certo? Isto, pode abraçar com força.

Nossa, Dr. Almeida, que braços fortes...

Dona Martha, às quinze horas virá aqui uma moça, Lorena, a senhora por favor mande-a entrar para que eu reveja a possibilidade de aproveitá-la em outra sessão.

Certo, Dr. Almeida, tudo certo... desculpe, eu não sei o que aconteceu comigo, desculpe.

Tudo bem, Dona Martha, mas não se esqueça da Lorena às quinze.

Perfeitamente, Dr. Almeida, deixa comigo. - Pois não, posso ser útil?

Olá, meu nome é Lorena e eu tenho um horário agendado com o Fernando.

Fernando? Não tem ninguém aqui com este nome não.

Como não? Conferi tudo, até confirmei com a recepção do prédio. Tem certeza?

Claro, tenho certeza.

Então está bem, desculpa então.

Tudo bem, isto acontece. 

(sozinha) É ruim, hem! Almeidinha é meu e de mais ninguém.

É isto aí!

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