sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Rábula dativo

Minas Gerais neste sombrio verão de 2019

Meritíssima Amanda Machado,

Referente ao Processo 

Eu preciso falar sobre o caso Allan/Alice. Considerando que os membros do juri ainda não se pronunciaram em seus comentários, como rábula dativo, vou defender os princípios do Allan, para que fique registrado nos autos do processo da Alice.

É...hummmm...então, lembro das aulas de catecismo onde a professorinha de voz baixa e olhar duro falava que as palavras sagradas não devem ser analisadas ao pé da letra. E as palavras de Allan soam sagradas, pois as reforça com Verdade; Abençoa; Éden e Amor.

Allan escreveu "Alice, não era para sermos". Não era para sermos e fomos assim mesmo. Está lá, como prova 1, irrefutável, Meritíssima, irrefutável. 

Allan escreveu "Felizes para sempre". Ora, direis, ouvir estrelas, até o átimo, senhores jurados, é um processo infinito. Felizes para sempre não é uma prerrogativa de um processo duradouro, é o êxtase do momento, e êxtase é infinito enquanto dura.

Aqui, senhores e senhoras do Juri, há uma dubiedade, pois na Prova 3, Allan denuncia que "A verdade é a felicidade". Assim está escrito que devemos procurar a verdade porque a verdade nos liberta - esta é a chave para a felicidade.

Na prova 4, "O mundo nos abençoa em todo deserto". Ora, ora, ora. Não foi assim com Israel nos 40 anos de deserto? Não foi assim com João Batista? Não foi assim com o Cristo? 

Na prova 5, nosso Allan fala de uma forma fantástica "Há oasis um Eden. Aqui, senhores e senhoras membros deste tribunal, na verdade eu vos falo que sobre as Memórias de Futuro do Amor dos quais evolui sua linha de raciocínio a doce e meiga Alice, não hão de ser invalidadas ou anuladas por que ela deseja. 

Meritíssima, saiba que a memória de longa duração fica no hipocampo, situado no sistema límbico, e é a principal ferramenta capaz de formar e evocar memórias e/ou de induzir o resto do córtex cerebral a fazer o mesmo, volutaria ou involuntariamente. 

Allan, um erudito da língua portuguesa, trás Oásis no plural, pois há um só Paraíso, entre tantas ofertas de prazer e descanso.

Concluindo, Meritíssima, "O amor sempre anda no infinito". Como definir o abstrato? Como tangenciar um sentimento? Se se morre de amor, se morre? Foi assim que aprendemos? 

Data venia, Meritíssima, Allan está condenado à paixão, e Alice tem o direito de se desvencilhar deste caminho, mas não pode jurar que será tão fácil assim. Amar dói!

Senhores jurados, julguem com o coração!

Paulo Abreu - rábula dativo das causas perdidas 

É isto aí!

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