Apareceu uma mensagem no meu potente RPC Xiaomi, desta vez enigmática, pedindo para que atendesse ao número tal, que já bloqueara pela insistência. Desbloqueei e aguardei não tão ocioso quanto deveria, até mesmo porquê o prefixo era de Brasília. Acabei de liberar e tocou em frenesi. Era Odete.
Reza a lenda que nos primórdios da nova democracia ainda engatinhando no Planalto Central, Odete ganhou a alcunha de Vitória Régia. A Vitória Régia, na mitologia amazona, representa o amor impossível, aquele que buscamos, mas que a cada dia torna-se mais difícil de encontrar. Além disso, trás na figura da mulher a vontade de mudança para agradar e ser aceita pelo ser amado. Deu que alto cacique do Plano Piloto perdeu-se tanto de amor pela musa, que empoderados deram a ela um longo exílio em Viena, com estações de verão em Málaga, sem limite de crédito, até tudo passar.
- Amore, quanta má vontade com esta amiga que te ama mais do que sala vip de aeroporto. Pelo menos um Feliz Ano Novo eu mereço.
- Odete, querida, puxa vida, nem sei o que dizer, Odete, caramba, Odete ...
- Gostei das múltiplas Odetes, amore, sinal de que estou na sua boca de maneira ímpar.
- Não tenho como resistir, querida.
- Então, amore, larga de ser bobo e vem me ter em Brasília. Tem chuva, os palácios ficam desertos e os palacianos vagueiam pela tríade Disney/Miami/Acapulco, enfim, tudo na normalidade. Ah! Vem amore, que lhe custa me ter no Eixo Monumental?
- Uau, Odete, você me deixa sem ar. Mas e aí? O que vai rolar na capital neste ano que se inicia?
- Ai, amore, nem te conto o babado, mas vem, deixa eu te contar muitos segredos bem pertinho, coladinha, juntinha, todo o babado...
- Puxa vida, Odete, já estou ... alô, alô, alô?! Odete? Caramba, caiu a ligação justo quando eu recuperava o fôlego...
É isto aí!