quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Por que é que não nos apaixonamos todos os meses de novo?

 


Freud explica:

Ao evitar o sofrimento, privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados.

Por que é que não nos embriagamos? 

Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. 

Por que é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? 

Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer.


Sigmund Freud, in ‘As Palavras de Freud*’

As palavras de Freud
Autor: Paulo César de Souza



sábado, 27 de janeiro de 2024

Deve ser saudade

Fonte da imagem: Ben Shahn, (American, 1898-1969), Crying Man Pinterest


Mas sinto uma coisa 
que não sei explicar. 
Sinto muito, 
sinto tanto;
 
sinto de forma estranha, 
sinto raiva, 
sinto angústias,
sinto ausências; 

sinto saudades. 
muitas saudades
múltiplas saudades.

bastante saudade
imensurável saudade.
Sinto muito. 


É isto aí!


Samba do Grande Amor (Chico Buarque)

Samba do Grande  Amor 

Letra e Música: Chico Buarque

Chico Buarque fez este samba em 1982 para compor a trilha sonora do filme Para viver um grande amor, de Miguel Faria Jr., lançado em 1983.

Na letra, o protagonista, desiludido mas consciente do conhecimento que se lhe apresenta, refaz os caminhos cruzados de um amor que ele julgou eterno. Acreditou no grande amor; se atirou e foi até o fim. Tolo, em vão, agora tenta raciocinar nas coisas do amor, ampliando sua mágoa e seu rancor.

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim
O grande amor

Mentira

Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim
Um amador

Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão
Pro grande amor

Mentira

Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração
De fiador

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor

Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel
O grande amor

Mentira

Reservei hotel
Sarapatel
E lua de mel
Em Salvador

Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé
No grande amor

Mentira

Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé
O Redentor

Hoje eu tenho apenas
Uma pedra no meu peito
Exijo respeito
Não sou mais um sonhador

Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor

Mentira

Fonte: Musixmatch

Compositor Letra&Música: Chico Buarque

Samba do Grande Amor - Mulheres de Hollanda - Sr Brasil 11/08/2011

Fonte Youtube: TV Cultura SP  

Mulheres de Hollanda é um Quinteto vocal feminino formado em 2002, que se dedica exclusivamente à obra de Chico Buarque de Hollanda. Criado e dirigido por Karla Boechat, também fazem parte do grupo as cantoras Ana Cuba, Iuiú Toledo, Maíra Garrido e Mona Villardo.





sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

O tempo e o destino




Não conseguiu dormir pensando no que iria fazer. A verdade, refletiu, é que toda encruzilhada tem múltiplas possibilidades. Refletia uma a uma as que achou possíveis de serem analisadas.

Tenho até amanhã para decidir o que fazer. Mas que merda?! Onde fui me meter. Eu tenho que tomar uma decisão a qual a parte interessada sou eu. Que coisa maluca, que coisa esquisita, que coisa tensa. O que fazer? Como fazer? Vejamos as possibilidades:

- Tem a coisa certa a fazer
- Tem a coisa errada a fazer
- Tem a coisa certa que dá errada
- Tem a coisa errada que dá certo
- Tem a coisa justa
- Tem a coisa injusta

Mas:

- A coisa certa pode não ser certa para a outra parte.
- A coisa errada a fazer, uma vez feita, pode dar merda para sempre.
- A coisa certa que dá errado, só beneficia um lado.
- A coisa errada que dá certo vai dar problema mais cedo do que se espera.
- A coisa justa tem que ser justa para ambas as partes.
- A coisa injusta é o que é, injusta.

Porém:

- A coisa certa a fazer pode dar muita dor de cabeça.
- A coisa errada a fazer pode me dar muita angústia.
- A coisa certa que está errada vai me colocar em pânico
- A coisa errada que está certa terá sempre consequências desagradáveis.
- A coisa justa é dura demais para minha realidade.
- A coisa injusta me condenará ao abismo da tristeza.

Todavia:

Ao ficar neste embate a noite toda, o sono venceu a batalha; dormiu amanhecendo o dia. Ao acordar por volta das 17 horas, soube que o tempo e o destino se uniram mais uma vez para resolverem toda a questão do jeito deles. Restava agora, novamente, arcar com as consequências de ser infeliz para sempre.


É isto aí!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Você



aflorou 
carmesim
no deserto

desabrochou 
carmim
por decerto

do meio início
até o nunca fim
quase errado

quase certo
em descapricho
dos deuses

você enamorada
do perene existir 
que habita em mim.

É isto aí!


Fonte Youtube: Alexandra Whittingham Capricho Árabe
Música: Capricho Árabe
Compositor: Francisco Tárrega - Francisco de Asís Tárrega Eixea (21 de novembro de 1852 - 15 de dezembro de 1909) foi um compositor e violonista clássico espanhol do final do período romântico. [1] É conhecido por peças como Capricho Árabe e Recuerdos de la Alhambra .

Depois de estudar guitarra clássica, piano, guitarra jazz e composição na Chetham's School of Music durante sete anos, Alexandra Whittingham ganhou uma bolsa para estudar na Royal Academy of Music de Londres. Tendo recebido honras de primeira classe e o Prêmio Timothy Gilson de Guitarra em 2019, ela retornou à Royal Academy no ano seguinte para concluir seu mestrado. Ela se formou com distinção, um Diploma da Royal Academy of Music (concedido por um excelente desempenho em um recital final) e o Regency Award por estudantes ilustres.


Nem sempre foi assim





Já observou que todas as decisões que você tomou sob forte emoção, deram errado?

Já observou que não existem sobreposições de amor?

Já observou que o tempo só passa rápido quando você está triste?

Já se observou, olhos nos olhos, no espelho, e se perguntou quem é você?

Já disse não quando a única resposta possível era o sim?

Já disse sim quando a única resposta possível era o não?

Já chorou por uma memória aflorada?

Já sorriu por uma memória aflorada?

Já se perguntou onde você guarda as memórias boas?

Já se perguntou onde você guarda as memórias ruins?

Já observou que existem pessoas às quais não compatibiliza de jeito algum? 

Já observou quantos falsos amigos circulam você?

Já observou que você não conhece  a potencial maldade das pessoas que o cercam?

Já observou que no fundo no fundo sabe que a colheita da safra de boas ações é sempre escassa?

Já observou o que acontece com seu corpo quando está triste? Pisca mais? Boceja? Coça o ouvido? Ardem os olhos? A boca seca? O intestino altera o horário de funcionamento? Urina mais? Fala muito? Ri do nada? Espirra?

Já observou que as pessoas sabem quando está triste, instintivamente, por estes sinais os quais você nunca soube que emanava ao mundo como um pedido de socorro?

Já observou que você não consegue se perdoar facilmente?

É isto aí!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Cartas de Amor LXXXI




Reino da Pitangueira, Planeta Terra, 3° do Sistema Solar, Via Láctea, Zona Sul. 

24 de Janeiro de 2024

Querida, vamos desindexar a saudade!

Calma, meu bem, calma. Eu sei que você sempre fica ansiosa com minhas teorias  transcendentes e adaptativas da vida como ela é para a vida que merecemos. Como sabe, se não souber eu explico, meu bem, que em geral, desindexação significa retirar algo de um índice ou desfazer um índice existente. Somente isto. Agora vamos a aplicabilidade desta desindexação na saudade. 

Vamos considerar que a saudade tem uma escala, calma querida, é só para gerar o contexto a fim de parear a relação entre sua presença e a situação da ausência quando ela ocorre. Há, então, um conjunto de circunstâncias em que se produz a nova leitura que se deseja emitir, desindexando do lugar muito longe e tempo bastante longo, nosso amor - eu e você, distâncias, sonhos, desejos, entrelaços, abraços etc. - e assim amainarmos as dores da saudade, permitindo nossa correta existência com uma saudade menos sofrida, de maneira plácida e parcimoniosa.

Saiba, meu amor, que a desindexação na saudade visará combater os efeitos negativos da ausência inercial, que é aquela que se mantém elevada por causa das expectativas dos nossos desejos. Ela será feita de forma gradual, começando por alguns segmentos específicos, tais como seu olhar, suas mãos, seu andar, seu sex appeal, seu charme, sensualidade etc..

Poderá trazer, assim espero, benefícios como a queda da saudade e a estabilidade emocional, mas também promoverá dificuldades, como uma dessensibilização  de alguns pontos do amor total, com possível perda de poder tê-la ao meu lado em tempo integral. Para estes casos, criaremos índices de correção da saudade, vinculados ao desejo, ao prazer e à vontade louca de abraçar você. 

Querida, um cafuné nos seus cabelos, um afago na face, um beijo apaixonado e um abraço apertado.

Do seu - eu.

É isto aí!

 

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Odete fala da língua pátria e outras reflexões



Saiu o índice de poliglossia de Pindorama. Segundo fontes fidedignas que obtiveram dados e metadados de fontes governamentais aqui abaixo estão relacionadas os cinco idiomas mais falados em terras brasilis:


01 - O Português (com pelo menos 10 variações para melhor ou para pior)

Carioca: Exclusividade da Cidade Maravilhosa e por indução, as cidades que compõem o Grande Rio 

Baiano: De Teófilo Otoni (MG) até Natal (RN)

Mineiro: Começa logo ali e vai até onde se diz diz Trem, Uai e Arreda. O resto é dialeto de fronteira.

Gaúcho: Envolve os gaiteiros do sul, o chimarrão, a picanha, o bife ancho, o colorado e o tricolor. Tem também as tradições, as prendas, piás, guris, índio velho, barbaridades, tchê e outras buenas além fronteira. 

Paulista: Falam que é português, mas não sei não. Não estou seguro para afirmar. 

Cearense:  Há uma baianidade serena na fala cearense, parece baiano mas no vocabulário se desfaz a dúvida. Tem uma quase imperceptível expressão linguística lusitana. 

Pernambucano: Só de ter festa junina já está bom demais.

Catarinense: Entende razoavelmente bem o português.


02 - O Alemão 

Falado por 2% da população de Pindorama (quatro milhões de pessoas), do Paraná ao Chuí, se prolifera em dialetos da língua alemã, além da cultura.

No  Sudeste, existem colônias preservadas no Espírito Santo e no Vale do Mucuri em Minas, ainda se encontram núcleos de preservação da língua pátria.

 Ao ultrapassar a divisa de São Paulo com o Paraná é bom ficar atento, pois o trem é doido demais, com dezenas de dialetos aqui e ali. Segundo a wikipédia , o idioma alemão é notável por seu amplo espectro de dialetos, com muitas variedades únicas existentes na Europa e também em outras partes do mundo. 

Devido à inteligibilidade limitada entre certas variedades e o alemão padrão, bem como a falta de uma diferença indiscutivelmente científica entre um "dialeto" e uma "linguagem", algumas variedades alemãs ou grupos de dialetos (por exemplo baixo-alemão ou Plautdietsch) são alternativamente referidas como "línguas" e "dialetos".


03 - O Italiano

Veja só, você aí acreditando que a língua do norte estaria pelo menos aqui, esqueça. Das cantinas de massas de Minas, com pão de queijo e café  aos pampas gaúcho, a colonada manda bem em seus dialetos e no italiano convencional. Tem quase a mesma percentagem dos alemães.


04 - O Japonês

Com quase dois milhões de falantes, o Japonês, discretamente, tem sido a quarta língua mais falada no país desde o início do século passado, de São Paulo até o Rio Grande do Sul.


05 - Espanhol

Língua quase oficial de toda a fronteira da extensão continental da pátria amada, o espanhol é imprescindível para a boa e estreita relação social e comercial com nossos vizinhos. Há dezenas de cidades na fronteira divididas apenas por ruas, pontes ou avenidas. 

O número oficial é entre 500 mil e 1 milhão, mas com as crises aqui e ali no continente, é provável, apesar de não termos dados oficiais (só uma percepção mesmo) que este número chegue próximo ao alemão.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

A Sorte passa na sua porta



Tocou o despertador, o celular, a campainha de sino da porta, cantou o galo no quintal, as maritacas e os pardais. Latiram os cachorros, miaram os gatos e grasnaram os patos. Mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou o celular, a campainha de sino da porta, cantaram as maritacas e os pardais. Latiram os cachorros, miaram os gatos e grasnaram os patos. Mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, cantaram os pardais. Latiram os cachorros, miaram os gatos e grasnaram os patos. Mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, latiram os cachorros, miaram os gatos e grasnaram os patos. Mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, miaram os gatos e grasnaram os patos. Mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, grasnaram os patos mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados.  

Tocou a campainha de sino da porta, mugiram as vacas, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, berraram os bezerros e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta e relincharam o cavalos. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta. Nada de acordar, enquanto sonhava com todos os seus desejos realizados. 

Tocou a campainha de sino da porta, até que o Anjo da Sorte cansou de esperar e partiu para outra boa alma disposta a mudar de vida e ter atendidos os seus desejos.

Acordou, o sol já ia alto. Levantou cambaleando, chegou até o sino de campainha da porta e arrancou violentamente. Bradou com fúria - que merda de vida!

É isto aí!








quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Serenidades



Essa
acuidade
densa

Essa
alteridade
tensa

Essa
infelicidade
infensa

Chama-se
saudade
de você

É isto aí!


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

GPS celestial com software bugado.


Olhei por uma janela espiritual que criei na UTI, e conclui que devia ser umas 17 horas, eu acho, por que o sol ainda se equilibrava no horizonte e o céu alaranjava meio neon. Vi dois anjos se aproximando. Nunca vi anjos, mas intuí que estavam vindo na minha direção. Então é verdade mesmo, os anjos vêm buscar a gente, pensei. Sim e não, ecoou a resposta numa fusão tridimensional dentro da minha mente.

Entraram sorrindo, conversando telepaticamente, digo assim por que não encontrei no momento outra palavra para expressar aquilo, pois enquanto meditava sobre esta habilidade de adquirir informação acerca dos pensamentos, sentimentos ou atividades de outro ser consciente sem o uso de ferramentas da linguagem verbal ou corporal, de sinais ou a escrita, eles continuavam aproximando cada vez mais. Eram enormes, uns três metros mais ou menos.

- Venha Juquinha, saia deste corpo para se apresentar diante do Criador e peregrinar na eternidade.

- As palavras tridimensionais ganharam eco inenarrável. Custei para concatenar o nome à pessoa. Olha, acho que temos um problema - não sou o Juquinha.

- Como assim não é o Juquinha? Você não é filho do Zezé Trigo com a Magdala Cajá, nascido em Tronqueiras do Anta, em 29 fevereiro de 1956? Nosso sistema de rastreamento tem ISO INRI 33, não erra jamais.

- Podem conferir ali, na minha prancheta. Este cara não sou eu.

- Caramba. Erramos. O Chefe vai ficar furioso. Da última vez disse que se errássemos novamente, iríamos trabalhar fora dos portões da montanha sagrada, no Ante-Purgatório.

- Olha, eu posso ajudar vocês, mas sejam sinceros.

- Pode perguntar o que quiser.

- Tem jeito de ir direto, sem passar pelo purgatório, esquecendo meus ahnn, pequenos delitos capitais?

- E foi aí que deu-se um trovão assustador e uma luz projetada do infinito iluminou outra cama, ao meu lado direito. Olharam para um velhinho com certo esboço de sorriso, escondendo-se sob o lençol, Assim rapidamente o abraçaram e desapareceram na infinitude.

- Tive alta e só então descobri que o Juquinha era outro paciente, deitado ao meu lado esquerdo. GPS celestial ficou bugado, eu acho. Foi aí que tive a ideia de tatuar minha carteira de identidade no braço. E agora fico sabendo que só valerá a digital. Melhor mudar de vida ...


É isto aí!






sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Acontece!




Não era,

não deveria,

não poderia,

mas foi.

Agora espera.


É isto aí!




quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

O Polímata e o Beócio



O próximo

Eu.

Senhor, senhor ..

Tim

Tim?

Isto, Jota Mar Tim.

Jota Martim?

Não. O Mar é separado do Tim.

Não foi o que eu falei?

Não, mas tudo bem.

Tudo bem não. Como o senhor sabe que eu não disse na forma correta?

Pela ausência da pausa entre o ar e o Ti.

Bem, vamos à entrevista, Senhor Tim. A vaga é para executivo pleno da empresa. Seu currículo parece bom, tem referencias de peso, mas na competência do conhecimento, o senhor o senhor está sendo desqualificado. 

O senhor pode me explicar o motivo?

Senhor Tim, o senhor assumiu que é polímata. Saiba que a nossa empresa preza muito pela transparência, com valores espirituais e familiares em elevado grau de harmonia. E ainda tem este nome exótico Jota Mar Tim, este é o nome de registro ou foi alterado na fase adulta?

Senhor entrevistador, o senhor pode me explicar o que o senhor entende por polímata?

Recuso-me a ter que entrar nos melindres da sua escolha pessoal, senhor Tim ou seja lá o nome que o senhor tem de fato.

Senhor entrevistador, por um instante cheguei a pensar que o senhor era um simplório beócio, mas vejo que errei, O senhor é um energúmeno.

Posso ser estas coisas aí, até mesmo por que qualificam meu currículo, mas simplório não, caramba. Não sou igual ao senhor, seu seu seu escamoteadinho polímata.

Senhor entrevistador, por favor, seja estoico, mantenha a fleugma.

Agora vai ser na porrada - segurança, segurança ...

É isto aí!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Clarice Falcão e Paulinho Moska - Eu me Lembro

 

 Canal Brasil 

Letra e Música: Clarice Falcão

Eu me lembro (Clarice Falcão e Paulinho Moska )

Era manhã
(Três da tarde)
Quando ele chegou
(Foi ela que subiu)

Eu disse oi fica à vontade
(Eu é que disse oi, mas ela não ouviu)
E foi assim que eu vi que a vida colocou ele (ela) pra mim
Ali naquela terça-feira (quinta-feira) de setembro (dezembro)

Por isso eu sei de cada luz, 
de cada cor de cor
Pode me perguntar de cada coisa
Que eu me lembro

A festa foi muito animada
(Oito ou nove gatos pingados no salão)
Eu adorei a feijoada
(Era presunto enrolado no melão)

E foi assim que eu vi que a vida colocou ele (ela) pra mim
Ali naquela terça-feira (quinta-feira) de setembro (dezembro)
Por isso eu sei de cada luz, de cada cor de cor
Pode me perguntar de cada coisa
Que eu me lembro

Ela me achou muito engraçado
(Ele falou, falou e eu fingi que ri)
A blusa dela tava do lado errado
(Ele adorou o jeito que eu me vesti)

E foi assim que eu vi que a vida colocou ele (ela) pra mim
Ali naquela terça-feira (quinta-feira) de setembro (dezembro)
Por isso eu sei de cada luz, de cada cor de cor
Pode me perguntar de cada coisa
Que eu me lembro

Eu me lembro (Eu me lembro)
Eu me lembro

Fonte: LyricFind

Compositores: Clarice Franco de Abreu Falcão

Letra de Eu Me Lembro © Ubc

No tempo em que só havia rádio

Aqui é Nildo Varella falando da Rádio Clube de Brejinho, a campeã de audiência, direto do Estádio Dr Silva. E começou o clássico. Totó passa e entrega a bola para Jorginho. Jorginho recebeu com estilo de craque, e repassa sem drible, com um passe magistral, para Dé, o melhor meia do mundo. Dé amorteceu no peito cheio de ar com vontade de ganhar na corrida o marcador brutamontes do time da casa.

É com você, Mané 

- Olha, Nildo, se você quer cerveja, peça Cerveja Lalá. melhor não há. Macarrão é na Cantina do Tião, Banco sério é o Banco da Praça, onde seu dinheiro tem segurança. Vai que é sua, Nildo.

Com a palavra João Carlos Mandinga, nosso especialista em assuntos sobrenaturais do futebol:

- Nildo, este será o maior jogo da história do futebol mundial - maktub

Aqui é Nildo Varella e o jogo está pegando fogo. Jorginho desviou do Jajá, primeiro marcador, correu pela linha lateral esquerda para receber a bola de Dé, o melhor meia do mundo, direcionando a bola para a direita, disparou em fúria, chegou na bola com carinho de quem sabe, brecou deixando o marcador Pascoalino passar em liso, até cair fora do campo. 

Fala Mané!

- Aqui é Mané Sergipe e se quer ficar de bem com a vida, dê para sua esposa o Regulador Xavier, tem na Farmácia do Tom Zé. E que saber o que mais só tem no Tom Zé? Se a criança chorar, tenha sempre Auris sedina, dorme dorme menina com auris sedina...Segue o jogo com Nildo.

Aqui é Nildo Varella, o campeão das rádios. O Raimundinho, segundo marcador, veio no embalo, recebeu um chapéu rápido do Bebeto Tranca Rua e o Raimundinho saiu de campo chorando. 

O que você achou, Mandinga?

- Foi desmoralizante. Repito - foi Desmoralizante, e abateu a força moral do Raimundinho, tirou o ânimo do rapaz, que se viu desanimado e desencorajado. Vai Nildo.

Aqui é Nildo Varella, olha, Raimundinho, vai chorar no quarto escuro com essa. E o craque Jorginho, o maior do mundo como centroavante correu em direção ao gol. Todos se levantam, gritos ensurdecedores. Deu um corte curto, gênio!! Gênio!! Avança driblando o pé de apoio do goleiro, agora é só marcar e... fala Mané

- Aqui é o Mané. Você está com dor de cabeça? Tome Friona. Dor nos rins? Tome Friins. Dor no lombo? Tome Friombo. Todos à venda na Farmácia do Tom Zé. Segue aí Nildo.

Aqui é Nildo Varella, o locutor das emoções! Agora vai ser o gol, ai ai ai meu deusinho da redonda, vai menino. Gaguinho, o maior meia esquerda do mundo, tirou do zagueiro, tirou do quarto-zagueiro, bateu com a face externa do pé esquerdo, dando o efeito curva. A bola vai navegando pelo ar, silêncio total, no silêncio a bola vai lentamente em direção ... em direção ... minhanossasenhora dos parangolés da bola. O que você viu, Mané?

-  Nildo, pelamordedeus, o que está acontecendo? Nunca vi algo parecido.

Aqui é Nildo Varella, e digo e repito: Olha Mané, a bola parou no ar. Nunca vi isto também. Com a palavra João Carlos Mandinga, nosso especialista em sobrenaturais do futebol.

Aqui é o Mandinga; Obrigado, gente, pela audiência, mas não tem nada de extraordinário nesta paradinha no ar. Aqui a regra é clara - A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos. Neste caso, a secada da torcida adversária anulou a trajetória da bola. Simples assim, nada de extraordinário ou sobrenatural.

- Mané aos berros: Nildo, Nildo, olha na sua direita, tem um gato voador indo em direção à bola parada.

Pelanossasenhoradosgatos assustados, o que é isto, Mané? O gato está girando o corpo lentamente em seu próprio eixo e olha isto, está caindo em pé sobre a bola parada no ar. Estão aterrissando lentamente no chão. Olha lá, olha lá, a bola vai entrar. O que você está vendo, Mané?

Aqui é o Mané, compre na Drogaria do Tom Zé. 

- Nildo, o bandeirinha atirou o pau no gato. O gato saltou da bola e correu para o gol e foi tirada no último segundo pela mão do gato. Incrível. O juiz apita o final da partida. Fala, Nildo

Nildo Varella agradecendo aos milhares de ouvintes pela preferencia. Fim de um jogo eletrizante,  emocionante e inigualável até o apito final. Clássico é Clássico. Aqui você vive a realidade dos grandes jogos. Até a próxima!

É isto aí!




Vida que segue



Falou seu nome 
e aí do nada, 
lhufas aconteceu. 

Sem festejos, 
Pierrot sem Colombina,
segue o baile da vida 

dançando aqui, ali, 
observando, triste,
as vagas  memórias

Voltou o olhar
ao particípio passado
no vazio do salão,

Gritou seu nome
arrestado e ecoou
uma vida sem glórias

No centro do coração, 
estática, intensa, sôfrega
a tridimensional ausência.


É isto aí!



segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Mim não dança

- Acordei estranho, disse à mulher deitada nua ao seu lado.

- Você sempre acorda assim? perguntou a moça.

- Assim como?

- Estranho, com tiques nervosos e baixa tensão.

- Não. Há dias e situações onde dependo de qual pronome pessoal sobrepõe.

- Quer realmente falar sobre isto?

- Sim, claro, é para isto que você está aqui.

- Pra isto? Não foi o combinado. Você fez promessas íntimas, pessoais e intransferíveis para estarmos aqui e agora vem com isso?

- Ah, sim! Aquele, o das promessas sou eu normal, ou deveria ser. Quando o ele sou eu, flui e reina meu pronome pessoal do caso reto, que exerce sabiamente a real função de um sujeito que sabe quem é.

- Puxa vida, você é doido demais.

- Não sou aquele "eu" agora, portanto não há como assumir a razão de fato das minhas vontades, desejos, etc. Sou agora esta personalidade onde estou pronome do caso obliquo.

- Olha aqui, você retirou-me do inteiro das suas memórias, baseado numa importante personalidade feminina de densa paixão da sua parte. Eu, tecnicamente, não existo ainda, mas não tenho como materializar todas as vezes que você surta entre ser oblíquo ou reto. Sou a musa formada pelo seu chatgpt, e nada mais. Faça alguma coisa já.

- Alguma coisa... alguma coisa ... você dança bolero?

- Uau, isso sim é animação, vamos lá.

- Só tem um problema... enquanto pronome oblíquo, mim não dança.

É isto aí!







domingo, 7 de janeiro de 2024

Cartas de Amor LXXX


Cartas de Amor LXXX

Geraes, 07 Janeiro de 2024

Querida, hoje quero falar-lhe sobre esta estranha saudação reiterativa conhecida como "Feliz Ano Novo" que leva-me a outro assunto que são os soluços. 

Calma Querida, eu amo você! Fique calma tomando um chá gelado de maracujá anexado a estas potentes pílulas alopatizantes, potencializadas por óleos essenciais e florais, derivativos da crença de que cada um é cada um. 

Querida, preciso confessar-lhe que sim, não tenho compaixão por felinos domésticos. Sim, sei que isto provocará em você soluços, que promoverão dimensões  parangolés tais quais aquelas tão genialmente criadas pelo Hélio Oiticica, quando rompeu definitivamente com as divisões entre artes visuais, música e dança, bem como com as noções de estilo e coerência estética, chegando à sua descoberta do corpo.

Meu amor, preciso confessar-lhe. do mesmo modo, que fez bem em não desejar-me "Feliz Ano Novo". Sua sagacidade parangolesiana, sua hiper culturação, sua literofagia da dramaturgia universal e o eu de mim na sua vida sendo o obstáculo que lhe permite (obriga, força, convida) ver o mundo de outro ângulo não merecem esta merda de "Feliz Ano Novo". Vejo a sua face linda enrubescendo, denotando espanto à merda, afinal isto é uma carta de amor.

Você é luz, é raio, estrela e luar. - Dito isto, assim desta maneira neo-cognitiva, venha cá pertinho, deixa dar-te um beijo capaz de promover dor na musculatura da oral/face (Só para constar, eu sei e sei que você sabe que durante o beijo movimentamos 29 músculos, dos quais 17 são da língua) e vamos lá, querida, pense comigo:

(dois pontos e parágrafo, como ensinou a tia em priscas eras.)

É só na merda da dor que damos duro, é só na merda da dor que percebemos a merda das escolhas que fizemos, é só na merda da dor que buscamos caminhos melhores, é só na merda da dor que sentimos muito, é só na merda da dor que bate saudade. É só na merda da dor que olhamos para os lados, todos os lados, em todas as dimensões físicas, espirituais e  mentais. Feliz Ano Novo é de um retardamento infindo, é desejar que seja feliz só por formalidade, do tipo anestesiado.

Querida, sinto a sua falta. Sim, teremos mais um ano de luta hercúlea, mas, porém, todavia, guardo comigo seus lábios presos à minha memória.  Este ano vai ser tudo diferente!

Um beijo! Eu não sei não amar você!

Então, felizes sejam suas escolhas, suas batalhas com ou sem vitórias, e seu aprendizado nas alegrias e nas tristezas deste inefável 2024. (conta comigo)

É isto aí!






segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Resolvendo problemas velhos no ano novo


Fonte da Imagem: Correio Braziliense
Autor da imagem: Caio Gomez

Subiu na cadeira com uma panela e uma colher na mão. Pediu atenção da família e berrou como nunca houvera gritado. Atenção, como esta noite inaugura-se o Ano Novo, tomo a  liberdade e começar a resolver os grandes problemas desta família. Vou chamar nominalmente cada um de vocês, ouvirei a queixa e darei a solução.

Entreolharam-se assustados e desentendidos.  Mas tudo bem, é festa, é Ano Novo, vamos lá. Pode começar, Agenor, disse a esposa.

- Vou começar pela minha cunhada Martinha.
- Só vou falar o problema porque você pediu, hem Agenor. O meu problema é com o sofá da sala. Quando meu namorado, o Armandinho, vem aqui, a gente fica muito desconfortável naquele sofá, cheio de buraco e remendado com colcha velha de chenil. E a ração da minha gata acabou.

- Certo, registrado. No final falarei as providências. O próximo é o Juca, meu cunhado.
- Agenor, o problema é aquela caminha de criança na qual durmo, e quando a Miracema vem, é horrível a gente ficar assistindo filme no celular. E estamos sem a ração do meu cachorro

- Certo, registrado. No final falarei as providências. O próximo é o Cacá, sobrinho da minha esposa.
- Olha só, Agenor, a sacanagem aqui é que o videogame está travando muito e além disto não tem jogo novo e o seu cartão parou de passar.

- Certo, registrado. No final falarei as providências. O próximo é a Gal, filha da Martinha.
- Tio Agenor, quero reclamar do meu desjejum matinal. Todo dia é só pão de sal e café. Estou ficando subnutrida.

- Certo, registrado. No final falarei as providências. O próximo é o Lito, enteado da minha sogra.
- Seu Agenor, tem três meses que não acesso o Netflix e até o Youtube agora está com aquelas propagandas demoradas. Preciso que libere estas assinaturas. E seria bom retornar com a empregada, pois a casa está uma bagunça.

- Certo, registrado. No final falarei as providências. O próximo é a minha sogra, Dona Sinhá.
- Agenor, meu filho, eu preciso de uma suíte urgente, ter um banheiro privativo, além disto não gosto daquele arroz que você compra. Só gosto do parboilizado e tem o feijão, detesto feijão mulatinho. E tem o caso do sabonete. Só uso Dove, que nunca tem. E tem o café, só gosto de café arábico e você só compra café comum. E se soubesse que a gente iria ter esta reunião, teria feito uma lista melhor. E também falta iogurte, manteiga, maionese, palmito e papel higiênico dupla face. 

Excelente. Tudo certo e registrado. A boa notícia é que todos estes problemas não existirão neste ano novo. Só vou dar uma volta com minha esposa e retorno com todas as soluções. Querida, vamos??

Numa Rodovia Federal, mil quilômetros depois:

- Então, querido? O comprador pagou tudo?
- Sim, claro. Já está na conta desde o dia 20 dezembro.
- Mas ele sabe da minha família?
- Claro. E disse que isto é problema dele, afinal valeu o desconto.
- Já registrou tudo?
- Sim, fomos ao cartório. Tudo certo. 

E nunca mais voltaram, desaparecendo todos os problemas.

É isto aí!