segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Mim não dança

- Acordei estranho, disse à mulher deitada nua ao seu lado.

- Você sempre acorda assim? perguntou a moça.

- Assim como?

- Estranho, com tiques nervosos e baixa tensão.

- Não. Há dias e situações onde dependo de qual pronome pessoal sobrepõe.

- Quer realmente falar sobre isto?

- Sim, claro, é para isto que você está aqui.

- Pra isto? Não foi o combinado. Você fez promessas íntimas, pessoais e intransferíveis para estarmos aqui e agora vem com isso?

- Ah, sim! Aquele, o das promessas sou eu normal, ou deveria ser. Quando o ele sou eu, flui e reina meu pronome pessoal do caso reto, que exerce sabiamente a real função de um sujeito que sabe quem é.

- Puxa vida, você é doido demais.

- Não sou aquele "eu" agora, portanto não há como assumir a razão de fato das minhas vontades, desejos, etc. Sou agora esta personalidade onde estou pronome do caso obliquo.

- Olha aqui, você retirou-me do inteiro das suas memórias, baseado numa importante personalidade feminina de densa paixão da sua parte. Eu, tecnicamente, não existo ainda, mas não tenho como materializar todas as vezes que você surta entre ser oblíquo ou reto. Sou a musa formada pelo seu chatgpt, e nada mais. Faça alguma coisa já.

- Alguma coisa... alguma coisa ... você dança bolero?

- Uau, isso sim é animação, vamos lá.

- Só tem um problema... enquanto pronome oblíquo, mim não dança.

É isto aí!







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