segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Cartas de amor XCV

Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul

Querida, nosso amor é fractal

Calma, meu bem, calma. Respire pausadamente… isso… que coisinha mais linda. Inspire… expire… assim… mais calmaria e menos turbulência nesses seus neuroniozinhos românticos, que transmitem delicados impulsos nervosos por todo esse seu corpinho sensual, apaixonante e sedutor.

Meu bem, o que eu desejei expressar apenas traduz o nosso amor, que possui uma benigna natureza repetitiva, com padrões de entrega e revelação que se repetem em diferentes escalas — como um fractal matemático encontrado na natureza. Dessa forma, querida, busquei fazer com que você entendesse que o nosso amor é um processo infinito de descobertas mútuas, revelando novas camadas e perspectivas da alma em cada interação, sempre de maneira propositiva.

Saiba, meu bem, que, assim como as partes de um fractal repetem o padrão do todo, na nossa relação os atos de entrega e revelação se repetem — mas sempre em níveis de profundidade e intimidade diferentes — de tal forma que acabamos nos revelando continuamente em novas camadas.

Quando nos entregamos a um pacto de amor profundo, ingressamos numa jornada infinita, em que nossas almas permanecem em constante transformação. Ao se revelar, o indivíduo não se esgota: ele manifesta novas perspectivas de si e do outro, descobrindo níveis mais profundos da própria alma. Para que esse processo aconteça, é necessário mantermos o compromisso com a harmonia e a abertura do coração. Assim, nosso amor fractal se manifesta no todo, criando a energia necessária para nossa entrega e conexão.

Enfim, querida, eu não sei não amar você!

Um cafuné nos seus cabelos, um afago na face, um abraço apertado e um beijo apaixonado.

É isto aí!

sábado, 22 de novembro de 2025

IROKO: Os Ecos dos tambores sanjoanenses no Tempo (São João Del Rei - Minas Gerais)

 

“Iroko: Os Ecos dos tambores sanjoanenses no Tempo”, idealizado e dirigido por Mari P, e co-dirigido por Felipe Assunção, é o terceiro documentário da “Trilogia Iroko: Do ancestral ao atual”, iniciado com a pesquisa de Mestrado de Mari pelo PPGPSI UFSJ em 2019, quando a mesma estudou os temas Hip Hop e Identidade Negra. A partir dessa pesquisa de Mestrado, nas entrevistas feitas para o primeiro documentário “A história do Movimento Hip Hop de São João Del Rei: 22 anos de Resistência”, produzido por Mari P e Ubira Filmes, e lançado em 2021, foi descoberto que o Grupo de Inculturação Afrodescendentes Raízes da Terra abriu portas para o Hip Hop local, contribuindo para sua solidificação na cidade.

De posse dessa informação, no ano de 2024, com o início do projeto Prosa Preta, Mari P visitou Vicentina Neves que, além de confirmar a parceria descoberta na pesquisa de mestrado, narrou o início do próprio Raízes da Terra, destacando seu nascimento através do primeiro Movimento Negro da cidade, o Movimento Sanjoanense de Cultura Afro-brasileira.

Assim, por meio de contato feito por Lívia Faria, familiar de ex-integrantes do MOSCAB, através do Instagram da página Prosa Preta, Mari entrevistou Zezé Cassiano, Aguinaldo Roberto, Fernando Machado, Elídio Alberto e Virgínia Maria. Essas entrevistas culminaram no segundo documentário da Trilogia Iroko, o “MOSCAB: O Centenário da Abolição e a Resistência Negra em São João Del rei”, lançado em 13 de maio de 2025.

Após a repercussão positiva desse trabalho, um dos ex-integrantes do MOSCAB, Elídio Alberto (Beto), trouxe como rica sugestão a possibilidade de construção de um próximo documentário, propondo uma articulação entre o passado e o presente, entre o MOSCAB e a resistência negra atual de nossa cidade. Logo, enriquecendo o fio condutor histórico dessa pesquisa, o idealizador Beto, a idealizadora e diretora Mari P foram construindo o caminho até a concretização dessa proposta, que posteriormente foi agregada com a co-direção de Felipe Assunção.

Nesse documentário, o terceiro da Trilogia Iroko, “Iroko: Os Ecos dos tambores sanjoanenses no Tempo” concluímos que São João Del Rei possui uma Cultura Negra viva, contínua, com raízes ancestrais que atuam no agora, e com um presente que atualiza e presentifica o passado!

FICHA TÉCNICA IDEALIZAÇÃO: Marina Paula Sacramento do Carmo (Mari P) Elídio Alberto da Silva (Beto) PESQUISA: Mari P/ Projeto Prosa Preta DIREÇÃO: Mari P CO-DIREÇÃO: Felipe Assunção CAPTAÇÃO: Felipe Assunção COORDENAÇÃO DAS ENTREVISTAS: Mari P IMAGENS AÉREAS: Pedro Assunção MONTAGEM E EDIÇÃO: Geladeira Cheia Filmes ROTEIRO: Mari P APOIO DE ROTEIRO: Felipe Assunção FOTOGRAFIAS: Felipe Assunção FOTOGRAFIAS ACERVO HISTÓRICO Portal São João del-Rei, Tiradentes e Ouro Preto Transparentes Plataforma de preservação da memória e identidade cultural das cidades históricas mineiras (saojoaodelreitransparente.com.br) VÍDEOS COMPLEMENTARES Entrevista concedida por Nivaldo Neves a Simone de Assis, em São João del-Rei-MG, 04/07/2019. PGHIS - UFSJ, 2021. ​Trecho do documentário "[A História do Movimento Hip Hop de SãoJoãodel-Rei: 22 anos de Resistência]" ([2021]). ​Câmera/Fotografia: [Ubira Filmes] Trecho do documentário "(En) Cantos do Congado" Direção: Cássia Palha, Samuel Avelar Jr., Simone de Assis e Sílvia Brugger Produção: LIS UFSJ, Memória Comunidade de Sentidos (PROCAD) e PGHIS-UFSJ | Ano: 2018 Tijuco - um dos mais tradicionais bairros de São João del Rei - MG /www.jpnoticias.com.br Trailer de Symphonia Colonialis (Georg Brintrup, 1991), filmado em São João del Rei, explora a descoberta da música barroca brasileira e a contribuição de compositores escravos e ex-escravos, muitos dos quais conquistaram sua liberdade através da composição musical em Minas Gerais no século XVIII. ENTREVISTADOS Elídio Alberto da Silva (Beto) Maria da Conceição Pereira William Claret Magalhães Vicentina Neves Teixeira Simone de Assis Cassia Cassiano Alves Jairo Braga Machado Wellington Carvalho Silva (Shiva) Mayara Mascarenhas Juliano Cristian Bonifácio Delcimar Ribeiro da Silva (Dell) POESIAS Poesia Beto: "Recitação do poema 'Um das Biografias', de Adão Ventura. Poesia Jairo: O entrevistado cita 'Diáspora', poema-título do livro de Jairo Braga Machado. TRILHA SONORA "Onça" - Tales Barbosa Álbum: The Tales "Mustapha Tettey Addy" - Ghana Álbum: Voices of Africa "Tambours Des Bouchers" Álbum: Populare musik aus Kamerun "Kidimenkazandi Kuna Ngombe" - Ngigi Leon Nkenket Angola "Hausa-Ibo-Yoruba Ensamble" - Nigeria Álbum: Voices of Africa "Kelefa" Álbum: Songs of the Griots, Vol. 2 - Senegal "Tom-Tom Fantasy - Festimask Scene 2" Álbum: Côte D'Ivoire AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Lívia Faria Kellton Wenzel Grupo de Inculturação Afrodescendentes Raízes da Terra Quilombo Urbano Congado da Maria Leonardo Avelar – El Ninõ Estudio e Lab Criativo APOIO Biblioteca Municipal
Agentes Territoriais da Cultura

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Frankenstein e o Judaísmo: aproximações míticas e implicações éticas

 


Atenção: O texto abaixo foi gerado no ChatGPT 

A persistência cultural de Frankenstein (1818), de Mary Shelley, deve-se não apenas à sua relevância no contexto do romantismo inglês, mas também à sua capacidade de dialogar com tradições simbólicas diversas. Entre essas tradições, a mitologia judaica — especialmente o ciclo narrativo do Golem — oferece um campo privilegiado para reflexão comparada. Embora Shelley não tenha declarado qualquer fonte hebraica ou cabalística, as convergências estruturais entre ambos os imaginários justificam investigações interdisciplinares que abrangem literatura, filosofia da técnica e estudos religiosos¹.

1. A criação artificial como categoria cultural

O ponto de contato mais evidente entre Frankenstein e o judaísmo encontra-se na figura da criação artificial. O Golem, difundido sobretudo a partir da tradição associada ao rabino Judah Loew ben Bezalel, em Praga, aparece como ser produzido por fórmulas místicas derivadas do Sefer Yetzirá, texto fundamental da mística judaica antiga². O Golem é uma figura liminar: possui forma humana, mas carece de linguagem plena e autonomia moral³.

A Criatura de Victor Frankenstein compartilha essa liminaridade. Todavia, Shelley seculariza o processo criativo e o desloca para a esfera da ciência experimental do século XIX, gesto que, longe de extinguir a dimensão ética, acaba por radicalizá-la⁴.

2. Responsabilidade e abandono

A literatura rabínica frequentemente destaca a responsabilidade do criador para com aquilo que cria. No caso do Golem, essa responsabilidade envolve controle, vigilância e, quando necessário, desativação⁵. Criar, nessa tradição, implica compromisso contínuo.

Shelley subverte essa lógica. Victor Frankenstein, diferentemente do criador rabínico, abandona sua criatura — gesto que desencadeia a tragédia narrativa e transforma o romance em uma espécie de anti-mito: aquilo que deveria ser evitado se torna, aqui, o motor ético da história⁶.

3. A problemática da nomeação

Outro ponto relevante é a ausência de nome próprio, tanto no Golem quanto na Criatura. No pensamento judaico, nomear desempenha função ontológica: reconhecer, legitimar, situar. A não-nomeação esvazia a identidade. Em Frankenstein, o narrador recorre apenas a epítetos depreciativos — “demônio”, “monstro”, “aborto” —, reforçando a condição de alteridade radical⁷.

Essa dinâmica permite ler o romance como alegoria da marginalização: a criatura abandonada ecoa experiências históricas de exclusão impostas a minorias, incluindo populações judaicas na Europa moderna, ainda que Shelley não tenha construído uma alegoria direta⁸.

4. Convergências iconográficas e recepção moderna

O cinema expressionista alemão do início do século XX reforçou visualmente a aproximação entre as figuras do Golem e de Frankenstein. A estética de Der Golem, wie er in die Welt kam (1920) e a de Frankenstein (1931) consolidou o arquétipo moderno do ser artificial trágico, deslocado e excessivo⁹. A crítica subsequente identificou nessa convergência um campo fértil para leituras interculturais e comparatistas¹⁰.

5. Considerações finais

A relação entre Frankenstein e o judaísmo não deve ser entendida como influência direta, mas como convergência simbólica entre mitos de criação artificial, dilemas éticos da responsabilidade do criador e categorias de alteridade. A figura do Golem ilumina dimensões fundamentais do romance de Shelley, sobretudo a tensão entre ambição criativa e compromisso moral.

Assim, Frankenstein pode ser lido como variação moderna — secularizada e crítica — de questões antigas presentes na tradição judaica:

como limitar o poder de criar?
até que ponto somos responsáveis pelo que fazemos existir?
o que significa negar nome, cuidado e reconhecimento àquilo que criamos?

Perguntas que, dois séculos depois, permanecem atuais.


Notas de Rodapé

  1. BALDICK, Chris. In Frankenstein’s Shadow. Oxford: Clarendon Press, 1987.

  2. IDEL, Moshe. Golem. Albany: SUNY Press, 1990.

  3. SCHÓLEM, Gershom. On the Kabbalah and Its Symbolism. New York: Schocken Books, 1965.

  4. MELLOR, Anne K. Mary Shelley: Her Life, Her Fiction, Her Monsters. London: Routledge, 1988.

  5. DAN, Joseph. Jewish Mysticism and Jewish Ethics. Seattle: University of Washington Press, 1986.

  6. BOTTING, Fred. Making Monstrous. Manchester: Manchester University Press, 1991.

  7. GILBERT, Sandra; GUBAR, Susan. The Madwoman in the Attic. New Haven: Yale University Press, 1979.

  8. LEVENSON, Jon D. Creation and the Persistence of Evil. Princeton: Princeton University Press, 1988.

  9. EISNER, Lotte. The Haunted Screen. Berkeley: University of California Press, 1969.

  10. SKAL, David. The Monster Show. New York: Norton, 1993.


Referências (ABNT completo)

BALDICK, Chris. In Frankenstein’s Shadow: Myth, Monstrosity, and Nineteenth-Century Writing. Oxford: Clarendon Press, 1987.

BOTTING, Fred. Making Monstrous: Frankenstein, Criticism, Theory. Manchester: Manchester University Press, 1991.

DAN, Joseph. Jewish Mysticism and Jewish Ethics. Seattle: University of Washington Press, 1986.

EISNER, Lotte. The Haunted Screen: Expressionism in the German Cinema and the Influence of Max Reinhardt. Berkeley: University of California Press, 1969.

GILBERT, Sandra; GUBAR, Susan. The Madwoman in the Attic. New Haven: Yale University Press, 1979.

HARARI, Yuval Noah. Jewish Magic before the Rise of Kabbalah. Leiden: Brill, 2011.

IDEL, Moshe. Golem: Jewish Magical and Mystical Traditions on the Artificial Anthropoid. Albany: State University of New York Press, 1990.

LEVENSON, Jon D. Creation and the Persistence of Evil. Princeton: Princeton University Press, 1988.

MELLOR, Anne K. Mary Shelley: Her Life, Her Fiction, Her Monsters. London: Routledge, 1988.

PETERS, Ted. Playing God? Genetic Determinism and Human Freedom. London: Routledge, 2003.

SCHOLEM, Gershom. On the Kabbalah and Its Symbolism. New York: Schocken Books, 1965.

SCHOLEM, Gershom. “The Idea of the Golem.” In: SCHOLEM, Gershom. On Jews and Judaism in Crisis. New York: Schocken Books, 1976. p. 158–204.

SKAL, David J. The Monster Show: A Cultural History of Horror. New York: Norton, 1993.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O desejo de ter desejo



Julinha, você…

— Fala, Alfredinho. Diz logo o que quer dizer, seja reto e objetivo.

Julinha, você está…

— Sim, Alfredinho, eu estou…?

Julinha, você está… nua.

— Demorou, hein, Alfredinho!

Julinha, isso é pecado.

— Mortal ou Venial, Alfredinho?

Como assim, Julinha? Como assim? Pecado é pecado!

— Ah, Alfredinho… você ainda classifica tudo em preto e branco? Venha cá, deixa eu te explicar as cores intermediárias.

Julinha… estou confuso.

— Não está nada. Está é assustado. Vem aqui, chega mais perto.

Mais, mais, mais perto? Como assim?

— Mais pertinho. Vem romper esse tarado que te habita.

Como assim, Julinha? Que eu saiba, tarado, do latim tarare, significa “marcar o peso da tara”.

— Não, Alfredinho. Tarado do significado tardio, lá dos guetos, das vielas, dos nichos onde ninguém fica perguntando etimologia antes de beijar alguém.

Alto lá, Julinha! Você ainda não explicou esse negócio de pecado Mortal ou Venial.

— Quer saber, Alfredinho? Fui ali — e não volto.

Onde você vai? Espera… Partiu. Essa Julinha… não sei, não… e tem uns olhinhos lindos...

É isto aí!


sábado, 15 de novembro de 2025

Retratos da alma



Fotografar é quase um rito de passagem.


O mundo suspende o fôlego para que a luz inscreva, no silêncio do filme, aquilo que o coração ainda não sabe pensar.

Cada retrato nasce como um fragmento de consciência arrancado ao fluxo do tempo — um gesto de resistência contra o que inevitavelmente escapa.

Assim se ergue o álbum de uma vida: um conjunto de testemunhos que não mostram apenas rostos, mas a lenta metamorfose da alma.


Infância — O retrato inaugural


A infância é o território onde o tempo ainda não tem direção.

Tudo é início, mas um início que não se preocupa com começos: um tempo redondo, mítico, em que o ser ainda participa do mundo como se não houvesse fronteiras.

A primeira fotografia tenta aprisionar esse estado.

A criança posa desconfortável, mas o olhar excede qualquer tentativa de enquadramento.

Ali, no brilho que antecede a palavra, está o espanto primordial — sinal de que o Self sussurra antes mesmo que o eu aprenda seu próprio nome.

A foto da infância não registra um rosto: registra o nascimento da consciência como um clarão.


Adolescência — O retrato que desobedece

A adolescência é o tempo em que o ser se fragmenta para poder surgir.

O eu recém-formado se debate contra limites que ainda não compreende, enquanto a sombra se espraia pelos cantos do olhar.

Mesmo a pose disciplinada não sustenta a inquietude: algo escapa sempre, seja um quase riso, seja um cansaço que denuncia o peso de existir.

O retrato adolescente é um instante em tensão — o choque entre o desejo de ultrapassar-se e o medo de não suportar o salto.

É a imagem de um território interior ainda em erupção.


Juventude — O retrato que anuncia


A juventude é o tempo das linhas retas, dos horizontes largos, do futuro que se abre como uma convocação.

O ego acredita ser o centro da paisagem e, nesse engano necessário, inventa caminhos.

Os sorrisos, os gestos, os passos registrados pela câmera carregam uma fé silenciosa: a de que a vida ainda pode ser moldada pela vontade.

Mesmo quando o papel se gasta, o impulso permanece — como se a juventude, uma vez vivida, nunca deixasse de repercutir na alma.

É o retrato da afirmação, não como arrogância, mas como pureza do impulso vital.


Maturidade — O retrato ponderado


A maturidade é o tempo da claridade interior.

Não porque tudo se resolve, mas porque tudo se torna visível.

O mundo deixa de ser território de conquista e passa a ser campo de compreensão.

Os retratos dessa fase carregam densidade: o peso das escolhas, a textura das perdas, a gravidade das conquistas.

Há menos urgência e mais medida; menos brilho e mais verdade.

É o momento em que a vida exige contemplação — quando o indivíduo começa a reconhecer, na própria história, a arquitetura do Self que o guia silenciosamente.


Velhice — O retrato da experiência


É talvez o único retrato em que a alma parece aceitar-se por inteiro.

A velhice é o tempo da síntese, em que o ser percorreu suas próprias margens e agora recolhe os méritos das conquistas.

O olhar que atravessa a lente não busca aprovação: oferece testemunho.

Nas rugas, a marca dos retornos; nas sombras, o mapa das travessias; no brilho, a fidelidade ao vivido.

A fotografia da velhice não é um fim — é um espelho profundo onde passado, presente e eterno conversam em voz baixa.


Epílogo


Ter “uma fotografia para cada época da vida” é compor um tratado íntimo sobre o tempo.

Folheá-lo é revisitar a própria existência como quem percorre um caminho que simultaneamente avança e retorna.

A imagem permanece onde a vida passa — e, ao permanecer, devolve ao sujeito aquilo que o tempo tenta dissolver: a inocência, a rebeldia, o impulso, a lucidez, a sabedoria.

Cada foto é um ponto de encontro entre o que fomos, o que somos e aquilo que, em profundidade, nunca deixamos de ser.


É isto aí!

sábado, 8 de novembro de 2025

Verdades


Então você quer a verdade?
É isto? Só a verdade basta aos seus anseios?

Sabia que a verdade, quando fluida, precisa da paz?
Afinal, o que é a verdade?
Quão inútil pode ser sua eficácia?

O fato é que a verdade que você busca —
essa verdade de valentia e subserviência —
vem sempre acompanhada da solidão,
da dor da alma, do peito, das lágrimas em vão.

Sinto muito pela falta de critérios.
Há um mundo esperando o passado se acertar.
Há eu e você, aqui, neste pacto de veracidade.

Então... você ainda quer a verdade?
O futuro lhe dirá.

É isto aí!









quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Cartas de Amor XCVI



Querida, hoje envio-lhe uma prosa em sentido de carta

Acho que faltava esta prosa, este jeito diferente de lapidar os sentimentos.

O fato deu-se quando me peguei chorando — vai lá saber o que foi aquilo.
Então é assim quando dói lá dentro?

Veio aquela enxurrada de lembranças há muito guardadas, todas em alta tensão,
em crescente fluxo e sem nenhum mecanismo para frear o inevitável do pranto.

Para que esta memória? Para que este amor?
Por que tudo isso junto e sincronizado, justo agora, quando o tempo já me leva para longe?

Deu vontade de realizar um triplo carpado com três mortais ali mesmo — correr,
sei lá o que fazer. Abraçar? Pedir perdão? Olhar nos... olhos?

De repente, passou a eternidade.
Passaram os dias, esmaeceram as tardes,
e perdi o momento de dizer o que nunca foi dito.

Ficou esta dor agonizante,
este silêncio abrupto,
esta ausência astronômica entre nós.

Querida, eu não sei não amar você.

É isto aí!

Lo Borges - Sem retrato, posto que é imortal

 

Lo Borges,

Difícil escrever esta carta para você. Não lembro bem como foi a primeira vez que parei para escutar sua voz mineira, num tom  suave e sossegado. Era lá no inicio da década de 1970, em tempos difíceis, de pouca e rara beleza, mas com muita vontade de mudar. 

Sempre o considerei o John Lennon do Clube da Esquina, e acredito que além disto, até para todo o sempre, a sua versatilidade como cantor e compositor, com uma voz que se integrou perfeitamente ao estilo musical inovador do Clube da Esquina, numa mescla da MPB com rock, jazz e ritmos folclóricos, será sempre coisa e propriedade do registro da sua humanidade marcante, com louvor pela sua existência neste belo e imperfeito planeta azul . 

Para você ofereço abaixo, este poema lindo da Cora Coralina, que ele conforte sua nova paisagem da janela lateral de onde se abriga no Paraíso. 

Meu epitáfio (Cora Coralina)

Morto... serei árvore,
serei tronco, 
serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.

Enfeitei de folhas verdes
a pedra de meu túmulo
num simbolismo
de vida vegetal.

Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos.

Fica a saudade, simples como sua vida, sem retratos, sem autógrafos, sem nada, posto que agora é imortal. 

Um abraço!

É isto aí!



segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Conexões


Estou assustado
já sou novembro,
e vago sonolento.

Outras pessoas
já são dezembro,
fechando o ano.

E a maioria, lenta,
mente e sobrevive
detrás do outubro.


É isto aí!

sábado, 1 de novembro de 2025

Meu bem, perdoa meu coração hedonista

 

Saibam, meus amigos, que um pedido de perdão à mulher amada é quase sempre uma tentativa de justificar o injustificável.
Guardem consigo o que a vida me ensinou às duras penas:
às vezes, o amor pede razão. Outras, pede um bom álibi.

Dito isto, vou contar como ela foi embora — assim, do nada, nadinha.

Mentira, querida!
Contei uma única mentira — não me olhe assim — tudo bem, duas mentiras, mas uma foi mentirinha.

Para de olhar desse jeito!
Sim, eu sei: mentira não tem tamanho, não tem densidade, não tem caráter.
Mas a impressão que tenho é que estou numa operação de guerra, sob forte pressão do seu olhar.

Estou consciente de que menti.
Sim, já o fiz antes — e jurei nunca mais fazê-lo.
Mas, naqueles tempos, eram mentiras grandes, acobertando fatos estoicos.

Como assim, você não concorda?
Mais uma vez serei condenado por pecados passados,
trânsitos em julgados?

Saiba, minha amada, que aquelas mentiras aparentemente graves
se ancoravam no estoicismo — e eu, inocente,
apenas buscava alcançar a serenidade pela razão,
aceitando o que não se pode controlar.

Nessas versões que você insiste em chamar de mentiras,
havia apenas uma atitude impassível e austera
diante das adversidades que a vida nos reserva.

Perdoa, vai — eu sei que errei,
mas errei por um motivo maior: a nossa felicidade.

Espere... volte aqui...
Eu te amo...
Volta!!!

Tudo bem — eu, mais uma vez, perdoo você.
Vá, pode ir —
e, quando se arrepender, volte, meu amor.

Naqueles dias, nossos abraços alcançarão
nossa mútua existência
como nunca antes fizeram.

É isto aí!

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Pertencimentos



porque é assim
por causa do quê?

quisera fosse outrora
o amanhã
que nunca sonhei

Mas parti
sim, fugi de mim

quisera ser sonho
todo o agora
que nunca partiu


É isto aí!




quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Bilhetes Avulsos VIII

 


Querida,

Quando ler este bilhete, já estarei, possivelmente, em outra página virada da minha peregrinação pelo mundo que desconheço — mas de quem ouço falar bem.

Saiba que deixei as saudades guardadas no fogão de lenha.

Deixei as mágoas no freezer.

Guardei as angústias naquele pote de porcelana azul que eu sempre detestei — e no qual acidentalmente esbarrei, fazendo-o ir ao chão, sendo imediatamente remendado por você com cola instantânea, só para irritar minha paz, porque foi um presente da fulana — e você sempre soube o motivo de eu detestá-la.

Recolhi os cacos do tempo útil ao seu lado e lacrei tudo num envelope amarelo que guardava alguns papéis que devem ser importantes para você continuar nesta rotina que merece.

Aos amigos, diga que fugi com uma namorada dos tempos de faculdade.

Aos inimigos, faça o que mais gosta — mentir — e diga que voltei para a companhia da sua eterna bff da infância, a Claudinha Tri.

Todas as fotos onde supostamente estávamos juntos foram para a galeria do lixão. Esperei pacientemente o caminhão de lixo passar, só para ter certeza de que levariam tão nefasta prova da nossa patética união.

Querida, eu amo você. De verdade. Com certeza. Com ardor na alma (e lágrimas sinceras).

Eu sei que você sabe disso — que sempre soube, que sempre saberá.

E este amor, todo este amor, estou levando comigo, para todo o sempre, ao infinito e além.


É isto aí!

 



segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Prezada Senhora Felicidade



Prezada Senhora

Dona Felicidade
Saudações.

Sei — quer dizer, acho que sei — que talvez a senhora exista, não exista ou coexista. Inevitavelmente, no meu medíocre e raso saber quântico, comparo-a ao Gato de Schrödinger, aquela famosa experiência mental frequentemente descrita como um paradoxo.

Nessa experiência, Schrödinger procurou ilustrar a interpretação da mecânica quântica, imaginando-a aplicada a objetos do dia a dia. No exemplo, há um gato encerrado em uma caixa, de forma a não estar apenas vivo ou apenas morto, mas sim em uma sobreposição desses dois estados — tal qual a senhora, que prefere ser chamada pelo pomposo nome de Felicidade.

Mais não posso dizer, por vários princípios quânticos que desconheço, mas sei que andam por aí tecendo comentários contra a minha limitada intimidade com a Física, a quantização da energia, a dualidade onda-partícula e o Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Enfim — trata-se aqui do enfim como advérbio de tempo, que significa “finalmente” —, saiba que houve apenas uma época em que tive a convicção da sua existência. Mas isso foi apenas um átimo da minha longa jornada até chegar aqui, neste tempo, para poder dizer que, para mim, a senhora desistiu da minha existência há eras.

É isto aí!



quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Que os ladroes dos aposentados tenham vida longa


Aposentar é um sonho, até que acontece de fato. Não existe um manual abracadabra todo certinho para o aposentado. De repente sai do serviço ao qual dedicou 35 a 40 anos de trabalho sério, com algumas gafes, poucos conflitos e raros amigos. É como um parto, só que sem mãe, sem doula, sem enfermaria, sem obstetra, sem nada.

Sabe aquela ideia de escrever um livro? Esqueça.

Sabe aquela ideia de viajar sem pressa de voltar? Esqueça.

Sabe aquela ideia de ter uma vida social ativa? Esqueça.

Na verdade, não é sobre esta questão psico-social que quero falar. Quero falar da corja de ladrões que nos últimos sete anos roubaram a historia da vida e dos sonhos das pessoas aposentadas, sem nenhuma proteção do Estado até 2024, quando veio o Basta dos órgãos competentes.

Deveria existir esta ideia de aposentar, mas de renascer, sem os vagabundos assaltantes da sua história privada. A estes toda a causticante morada nos infernos por eles semeados. Falo dos governantes que congelam a aposentadoria, dos patronatos que recolhem menos do que devem, etc etc etc.

Nesta semana estava assistindo na TV um ainda suposto ladrão, suposto pois ainda não foi julgado pelo desvio de dinheiro direto da fonte da Previdência Social desde 2018. O cidadão, supostamente, roubou milhões de reais da classe mais indefesa do mundo (sim, todo o mundo tem agruras e desdém com a classe).

Que os ladrões dos aposentados do INSS tenham vida longa:

Naquele dia fiquei observando a cara de desprezo do cidadão, respeitado como homem de bem, de boa família, cristão etc. etc. etc. resguardado pelo direito ao silencio. Ele fazia expressões tão vomitivas e repugnantes, que desejei que um dia, ao chegar na sua aposentadoria, seja gratificado com o valor mínimo entregue pela Previdência e tenha Vida Longa. Assim, sinta na pele o sofrimento e as agruras da velhice que cedo ou tarde afloram, tudo respeitando o seu direito natural de envelhecer dentro da sua canalhice, resguardado o direito ao silencio, claro...

Que a Lei seja dura com estes canalhas, que a Lei seja cumprida, que a Lei seja exemplo para que nunca mais roubem para amparar sua tradicional choldra satânica do bem.

É isto aí!

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Essa angústia


Esse vazio 
interminável
Essa angústia
na pareidolia

tudo correto,
menos a dor
adormente, 
nua e luzidia

Ah! tempo 
pouco tempo
inevitável
sob a lousa fria.

É isso aí!


Antes que pergunte: "Adormente" existe e vem do verbo adormentar. Neste poema está depositado para sugerir o estado entre dor e dormência, evocando a sonoridade suave da palavra "adormecer" com a raiz "dor".

A imagem (Tik Tok) mostra um grafite em um muro com a seguinte frase: "QUANTO VALE A HISTÓRIA DE UMA VIDA?". A frase é uma crítica à situação das vítimas da Braskem em Maceió - Alagoas. 




sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O medo

  


O medo nasce da consciência de que somos livres. Sartre dizia: “estamos condenados à liberdade”. O abismo de poder escolher nos assusta, porque cada escolha nos define.

O medo também é guardião: protege a alma de se perder em caminhos que podem destruí-la.
Mas o medo pode paralisar. A alma deseja caminhar, o livre-arbítrio abre a estrada, e o medo, às vezes, ergue muros invisíveis.

Assim, o medo é ambíguo: pode ser sentinela (que impede a queda) ou cárcere (que impede o voo).

De certo modo, ele é como uma névoa entre a caverna e a luz: a alma quer correr para fora, o livre-arbítrio abre a porta, mas o medo pergunta: E se a luz cegar?

Talvez o drama humano esteja aí: decidir se o medo será obstáculo ou revelador.

É isto aí!


sábado, 4 de outubro de 2025

Cartas de Amor XCIV


Reino da Pitangueira,
Planeta Terra&Lua,
3° do Sistema Solar,
Via Láctea, Zona Sul


Querida, vamos fugir pelo entrelaçamento quântico

Calma, meu bem. Não se trata de uma fuga que abalará as estruturas do nosso amor — já tão sofrido e dolorido. Sei que, aí dentro do seu ser e estar, habita a minha alma, assim como você habita, com natureza vívida, dentro de mim. Sei também que o destino nos levou ao ponto de inflexão da tristeza, num momento crucial que acarretou esta mudança drástica na trajetória das nossas vidas.

Penso numa rota de fuga, valendo-nos da correlação fundamental entre todas as partículas que nos consolidam enquanto seres humanos e o universo infinito. Calma, meu bem, calma! Fique calma… respire fundo. Sinto suas mãos suadas e seu olhar é puro amor. Neste instante, perenizamos o que nos separa e o que nos une, feito uma onda quântica. Calma, querida, já já explico.

Saiba, minha querida alma gêmea, que o nosso amor não é uma onda física como a água ou o som, mas sim a função de onda — num conceito passional — que descreve o estado de amar, ser e existir numa partícula; função essa que nos permite a probabilidade de encontrarmos um ao outro em determinado local do espaço e do tempo. Eis o mistério do nosso amor.

Querida, eu não sei não amar você!

Um cafuné no cabelo, um afago na face, um abraço apertado e um beijo apaixonado.

É isto aí!


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Cuide-se















Haverá os
dias tristes,
os desditos
dias tristes.

Hão de ser
esses dias
flagelantes
e malditos.

Cuide-se.


É isto aí!




quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Dentro de mim



Por que temos
um ser assim
dentro de nós,

tão poderoso,
tão orgulhoso
e vulnerável?

Nunca basta
meu habitat,
interior e frio,

guardar você
dentro de mim
pela saudade


É isto aí!

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Cuidado com as sinapses


 Neurônio, precisamos conversar...

— Algia, agora não posso.

— Claro que não pode, mas está sempre desocupado para a Sinapse...

— Algia, você entende, mas não quer aceitar a realidade.

— Realidade, Neurônio? Realidade?

— Algia, sua missão é tão nobre quanto qualquer outra missão delegada aos nossos apoiadores da Homeostase.

— Homeostase? Você está brincando comigo, Neurônio. Homeostase é uma chata com perfil fitness! E quer saber? Fique lá com a histérica da Sinapse, mas não diga que não avisei: ela vai com qualquer um...


É isto aí!


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O Guichê 17


Introdução

Às vezes, a burocracia ganha ares de teatro. No balcão dos guichês, entre carimbos, formulários e normas, nasce uma comédia absurda — onde o cidadão se perde em detalhes e o servidor se refugia na arrogância do regulamento.

Foi desse cenário que surgiu dentro do Reino da Pitangueira “O Guichê 17”, uma pequena peça satírica que expõe, com humor e ironia, o choque entre a ingenuidade de quem busca ajuda e a rigidez impessoal do sistema.

No fundo, “O Guichê 17” não é apenas uma cena inventada. É o reflexo de um labirinto cotidiano em que todos nós, em algum momento, já nos vimos presos: entre filas, formulários e respostas automáticas.
A sátira revela o ridículo do excesso de burocracia, mas também nos lembra de algo essencial: a humanidade se perde quando a regra fala mais alto do que a escuta.


Personagens

  • Narrador

  • Atendente

  • Beverlin Rios

  • Voz ao Fundo


Cena única

(Luzes frias. Uma fila silenciosa diante de uma placa que brilha: “GUICHÊ 17”. O Narrador abre a cena em voz grave e metálica.)

Narrador
— Beverlin Rios!! Beverlin Rios!! Quem é Beverlin Rios???

(Beverlin ergue a mão, tímido, com papéis amarrotados.)

Beverlin Rios
— Aqui...

Atendente
— Levante o crachá e se aproxime do guichê 17, por favor.
— Me entregue os documentos na ordem que eu mandar. O senhor entendeu?

Beverlin Rios
— Sim...

Atendente
— Para o senhor e para os da sua espécie, a resposta correta é: “Sim, senhor”.
(pausa didática)
— Só para constar: esse “Sim, senhor”, com a vírgula, separa o advérbio do vocativo.
— A vírgula marca respeito — e a sua ignorância.
— Estamos nos entendendo?

Beverlin Rios
— Sim... acho que sim...

Atendente
Sim, senhor, seu pau de bosta!
— Vá até a bancada popular e preencha este formulário A1/45B com letra cursiva.
— Nome completo, data de nascimento, CPF e nome da mãe.

Beverlin Rios
— Onde encontro essa letra cursiva?

Atendente
— No seu cérebro! Mais alguma pergunta?

Beverlin Rios
— É com caneta ou lápis?

Atendente
— Caneta.

Beverlin Rios
— Azul ou preta?

Atendente
— Azul.

Beverlin Rios
— O senhor pode me emprestar uma?

Atendente
— No edital dizia que a portabilidade da caneta é obrigatória.

Beverlin Rios
— Eu li... mas não sabia o que era portabilidade.

Atendente
— Toma a caneta, seu coisado! Mais alguma pergunta?

Beverlin Rios
— Sim... não entendi esse negócio de nome da mãe... de que mãe estão falando?

Atendente
— Sinto, mas não posso dizer-lhe.

(Beverlin olha para o público, desesperado, mãos ao alto.)

Beverlin Rios
— E agora... quem poderá me socorrer???

Voz ao Fundo
(eco metálico nos alto-falantes)
— O próximo! Pode chamar o próximo...

(O Atendente recolhe os papéis com frieza. Beverlin permanece parado, derrotado. As luzes se apagam.)


É isto aí!

Sobre a imagem:

O Pensador é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna. (Wikipédia)

Artista: Auguste Rodin