segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A mulher amada


Estava passeando com minha fiel companheira de caminhada, Puma — uma mini lhasa apso com três quilos de fúria ou de sossego, a depender do ambiente e das circunstâncias.

De súbito, na terceira casa depois da minha, um homem saiu pela porta dos fundos, ainda ajustando o blazer Dolce & Gabbana de linho marrom, com lapelas pontudas e mangas longas, enquanto tentava calçar os sapatos Louis Vuitton sobre as meias Versace de coleção exclusiva.

A noite corria lerda, quente e abafada. Dois gatos saíram do Beco Pelado, do outro lado da rua, em alta velocidade, seguidos por três cães ferozes — daqueles bem fortes e malvados. Puma arregou. Escalou minha perna até alcançar um colo seguro.

(O Beco Pelado ganhou esse nome por causa de um morador excêntrico que, por duas vezes, foi milionário e perdeu tudo. Sua história é verídica, longa e ficará para outra ocasião.)

O homem da fuga chegou rapidamente ao carro elegante, passou a mão pelos bolsos, bateu em todo o vestuário e nada encontrou. Levou a mão à fechadura do automóvel: as portas estavam trancadas. Fez sinal para um táxi, entrou e desapareceu de forma quase mágica, já que nunca passa táxi por aqui — vindo de lá, daquele lugar ali, depois da curva do cemitério.

Começou a chover. Apresso o passo para que cheguemos juntos em casa, secos, de preferência. Já no portão, Puma rosna e late, rosna e late, e salta no ritmo da força total. Lentamente, ergue-se por detrás da mureta que contorna o alpendre de ladrilho hidráulico encerado a bela, linda e majestosa Sherazade: a lendária contadora de histórias das mil e uma noites, do reino persa.

Sherazade veio contar-me uma linda história sobre certa mulher amada que, há muito, flutua em meus pensamentos, vestindo um balonê lilás.

Uau!!

Depois eu replico — se, e somente se, tiver o consentimento da moça.


É isto aí!



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