A estranha obsessão dos atleticanos por serem todos os
torcedores do Cruzeiro as marias do seu íntimo e secreto desejo, causa-me uma
reflexão psicanalítica. Claro que não tenho a bagagem dos grandes mestres, em face da minha formação bageliana, junto ao analista de Bagé, mas arrisco um palpite:
"Enquanto a histérica vai buscar seu desejo no desejo
do Outro, isto é, no que ela imagina ser o desejo do Outro, o obsessivo vai
buscá-lo em um além, o que faz com que ele faça o seu desejo passar à frente de
tudo. Ao buscá-lo além, o que ele visa é o desejo como tal na medida em que ele
nega o Outro. Vemos aí claramente a presença da pulsão de morte, como
sustentação desse desejo puro. Mas o Outro é o lugar do desejo e, para
constituir-se, o desejo do sujeito precisa deste apoio no Outro. A destruição
do Outro representa a destruição do próprio desejo e é nisto que esbarra o
obsessivo, revelando a profunda contradição entre ele e seu desejo. Na verdade,
trata-se de uma contradição que é interna ao próprio desejo, tal como é
abordado nesse caso, nesse mais além que o constitui. Disso decorrem as
constantes idas e vindas do obsessivo, uma vez que a possibilidade de
realização de seu desejo se apresenta como mortal. É desse momento que ele se
afasta, na medida em que alcançá-lo significa matar o desejo. Lacan chama a
atenção para o fato de que, mais do que uma distância do objeto, trata-se na
neurose obsessiva de uma distância do desejo."
Fonte da reflexão:
http://www.interseccaopsicanalitica.com.br/art078.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gratidão!