Os anos obscuros da República de Chumbo desnudavam-se nas Chacretes, aquelas mulheres gostosonas, carnudas e afrodisíacas das tardes de sábado. Dominavam completamente o imaginário masculino infanto, juvenil e adulto. Sentíamos a pulsação mais forte, o coração disparado e tudo florescia em desejo de estar ali e ser abraçado, tocado, beijado e seduzido por todas elas.
Com a crise internacional do Petróleo e o fim da Guerra do Vietnã, o barco da ditadura imposta pela Tradição, Família, Propriedade e outros meios semelhantes em nome de Deus, fazia água. Daí vieram as meninas semi-nuas na TV, as porno-chanchadas, as novelas eróticas, os palhaços de programas cômicos atrapalhados com piadas de duplo sentido, alguns templos salvíficos de características cristãs da idade Média e o brega na moda e na música.
Isso tudo, junto e misturado, apascentou o povo por mais dez anos, permitindo maior controle social pela ditadura. Uma só mocinha semi-nua nos programas de auditório da TV, no Cinema Nacional ou Novelas valia por cem agentes repressores na hora de conter a revolta popular. Os poderosos endinheirados que davam a aparência branca, ética e moral ao regime, desta forma, puderam continuar seus compromissos sociais (das suas sociedades exclusivas e privadas - digamos assim) e dormir tranquilos.
É isto aí!
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