Entrou no Templo da Sacra Verità dos Homens de Bem em silêncio. Procurou um local discreto, afastado dos holofotes da Luz Celestial. Ajoelhou-se com extrema dificuldade devido ao excesso de peso e da artrite instalada há muito tempo. Postou os cotovelos sobre o encosto do banco da frente, uniu as mãos e fez sua prece aos homens de bem, em voz alta como manda a tradição da Companhia de Bem:
Oh, Senhor Mestre dos Mestres dos Mestres dos Mestres, Pai de todas as Companhias de Bem, beijo-te a mão e vos imploro:
- Fazei de mim um homem livre dos pecados descobertos, mas acobertai os escondidos.
- Que eu perca só o que foi denunciado, mas preserve o roubo acumulado.
- Que eu seja esquecido pela mídia.
- Que eu não sofra muitos achaques, se sofrer que sejam pequenos e breves.
- Que meus amigos desapareçam e meu inimigos me evitem.
- Que minhas contas em sete paraísos fiscais permaneçam intactas.
e por fim, já que só posso fazer sete pedidos:
- Que a Gildinha seja fiel, além da minha esposa, é claro. Como? Só uma? Que seja a Belinha, então, afinal ela é mais, humm, digamos assim, mais dentro do meu padrão de adiposidade tateável.
Amém!!!!
Assim disse o Mestre dos Mestres dos Mestres dos Mestres, Pai de todas as Companhias de Bem:
Vá, poveraccio, tua fé nos salvou!
É isto aí!
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