quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Os cães ladram e a caravana passa

Primeiro a surpresa de ver que o post de ontem desencadeou dezenas de acessos, muito cima da média, assim, do nada, voltando das férias. Achei legal, esquisito, suspeito, estranho e interessante, tudo junto e misturado. Obrigado aos que por aqui vieram a passeio e aos que vieram a trabalho, não sei bem o que tanto procuram na Pitangueira, mas fiquem à vontade.

Nestes tempos loucos, assustadores e furtivos (opa) passei vinte dias meio desligado, não da vida, mas do abençoado smartphone. Steve Jobs, que descanse em paz, criou este conceito para diferenciar os smartphones dos celulares comuns, que já eram por si só uma enorme revolução de comunicação entre pessoas. Graças a este avanço, temos hoje aparelhos híbridos entre celulares e computadores que englobam as principais tecnologias de comunicação em massa, deixando de ser apenas o elo entre um que fala e um que escuta.

Mas todo Yin tem seu Yang, todo céu tem seu inferno e todo celular tem seu smartphone. Nestes vinte dias de férias recebi dezenas (sendo simplista) de mensagens, whatsapps, chamadas normais de associações supostamente de cunho social, que se apresentam como apoiadores da causa dos que sofrem de oncologias, de nefropatias, de hepatopatias, crianças órfãs, mães doentes, dependentes químicos (que eufemismo, hem ... no fundo no fundo todos nós seres vivos somos dependentes químicos), etc. 

Todos têm o mesmo discurso, a mesma ladainha, o mesmo choro, a mesma cara de pau de achar que a gente é obrigado a ter milhares de reais disponíveis só para subir um degrau ao céu. Ora, direis, ouvir estrelas, se tivesse todo este dinheiro, já estaria num céu particular, privado destas conversinhas baratas de telefonistas treinadas, e mal pagas, para arrancar lágrimas de crocodilo. Aí, quando você perde a paciência é grosso, mal educado, insensível, idiota, miserável, etc. Uma a uma vou bloqueando (melhor função do smartphone) os números, que se multiplicam feito rato (ou baratas) no esgoto.

Além disto existem os agiotas oficiais, supostamente envolvidos na trama que levou um meliante a ocupar o lugar que nunca, jamais, em tempo algum nenhum povo deste planeta mereceria como comandante, a não ser que desejem o naufrágio da sua pátria, aí tudo bem. 

Estas empresas que funcionam de uma forma patológica, oferecendo dinheiro a custos criminosos, juros extorsivos e achaques irritantes, não esgotam suas possibilidades de assédio. É uma armadilha das mais bandidas que conheço. Utilizam da neurolinguistica de uma maneira assombrosa. Algumas vezes vou dando corda para que se enforquem, aí discordo aqui, nego ali, até que uma mulher de voz macia, gostosa e educada vai colocando frases onde estrategicamente o sim e o não são sempre afirmativas pró-golpe. 

Nestes vinte dias recebi (é verdade) cerca de 180 ligações de duas instituições (?) financeiras usando de múltiplos recursos para que eu aceitasse seu dinheiro a juros escandalosos. Bloqueei quase quarenta números, e mesmo assim a merda não desistiu totalmente. Desespero pelo golpe ter dado errado? Ora, nunca vi um banco, neste caso, dois bancos, serem tão desavergonhadamente insidiosos. Pensei em colocar aqui as instituições e seus números da morte, mas depois do espalho que dei ontem, falando as providências que tomaria, imperou o silêncio (coincidência ou chegaram no limite do inferno?). Bando de bandidos - não queriam o golpe? Agora que se quebrem ou se fo...m.

É isto aí!

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Ainda tem as cachorras

Bertolina veste roupas curtas e ousadas tipo mini-saia, top regata ou frente-única expondo o triplex conjugado -  coxa barriga e bunda. Cuidado Bertô - triplex é um troço perigosíssimo, sempre lhe dizia.

Bertô só quer dançar, dançar, dançar, dançar e fica adornada com adereços personalizados, tem chapéu de aba curta, pingolins metálicos descolados e pulseiras, colares e brincos brilhantes. Cuidado Bertô - coisas brilhantes é um troço perigosíssimo, sempre lhe dizia.

Bertô às vezes usa salto-alto meia pata; maquiagem sem excesso; meia calça meia doida meia sã; Bertô é a rainha do congresso das beldades da comunidade. Cuidado Bertô - rainha de congresso é um troço perigosíssimo, sempre lhe dizia.

Bertolina teve a casa invadida, a vida exposta, a privacidade extinta, por que o moço disse que ela tem triplex conjugado com bunda aparente, e agora tem que responder criminalmente por isto num julgamento viciado de origem. Onde já se viu ter triplex conjugado com bunda aparente, Bertô? - perguntou o astuto homem meio apache meio bugre meio isto meio aquilo, meio honesto meio humano. Havia naquele homem um pouco de muita coisa e pouca coisa de homem.

Agora outro homem cismou com as cachorras da Bertô. Solta as cachorras, Bertô! Solta as cachorras prá cima deles!

É isto aí!


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Férias

Declaro para os devidos fins que em curso de férias a Pitangueira descansa até fevereiro.

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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Devolvi (Adelino Moreira) com Maria Dapaz

Canta e encanta hoje no Cine Teatro Imperial da Pitangueira esta música de Adelino Moreira¹, a talentosa cearense Maria Dapaz²:

Devolvi o cordão e a medalha de ouro,
E tudo que ele me presenteou
Devolvi suas cartas amorosas,.
E as juras mentirosas,
Com que ele me enganou.
Devolvi a aliança e tambem seu retrato
Para não ver seu sorriso
no silencio do meu quarto.
Nada quis guardar como lembrança,
Prá não aumentar meu padecer.
Devolvi tudo
Só não pude devolver
A saudade cruciante
Que amargura meu viver.

Devolvi a aliança e tambem seu retrato.
Para não ver seu sorriso
No silencio do meu quarto.
Nada quis guardar como lembrança.
Para não aumentar meu padecer.
Devolvi tudo,
Sá não pude devolver,
A saudade cruciante,
Que amargura meu viver ...


Adelino Moreira¹ - um dos maiores compositores românticos dos anos 1950 a 1970, autor dentre dezenas de sucessos: Negue; A volta do boêmio (boemia, aqui me tens de regresso ...); Fica comigo esta noite; etc. 

 Maria Dapaz² -  por ela mesmo:

"Eu nasci para cantar..." Sou ariana nasci no dia 25 de março de 1959 em Jaboatão dos Guararapes/PE , mas me criei no sertão, às margens do rio Pajeú, na cidade de Afogados da Ingazeira.



sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

A poloneta da vizinha está presa na gaiola ...

Galinha Polonesa

Minha guru para assuntos feministas, Lola, me deixou mais confuso que parafuso de rosca sem fim, torto. A situação deu-se diante do embate ético, comportamental, fisiológico, filosófico e passional entre duas pessoas cis de sexo oposto, onde a mulher cis, segundo a parte americana e americanófila, não deve aceitar sob nenhum argumento, a investida de um homem cis sobre seu corpo, de qualquer jeito - palavras, olhares, textos e sobretudo toques. A ala francesa, tal qual a americana, diz que é contra o estupro, é contra a violência, é contra o uso do poder para ter a mulher como objeto de consumo, etc, mas defende que as cantadas sejam e continuem livres. Deu pau na rede a discussão que isto gerou. É um assunto que requer cuidado, pois as duas partes estão melindradas e com a certeza da convicção.

Bem, preciso me aprofundar neste tema de uma forma menos traumática, de maneira que versarei sobre outro tema hoje. Vamos lá, mudando de assunto:

Considerando que US$1,00 (um dólar) em 1980 equivale hoje a US$3,00 (três dólares) segundo o Bureau of Labor Statistics consumer price index, uma dívida de US$6 bilhões de dólares em 1980 equivale hoje a uma dívida de $18 bilhões de dólares. Guarde esta informação, vamos precisar dela mais adiante.

Uma viagem no tempo - 1867, 1937, 1977 e 2017

1867 - As Polacas

No século XIX até meados do século XX, a organização não governamental (?) judaica Zwi Migdal, constituída por pessoas ligadas à comunidade judaica do Leste Europeu, era a maior especialista de tráfico de mulheres destinadas à prostituição, vindas da própria comunidade judaica da Europa Central, principalmente da Polônia.  

Em Bananaland, a chegada das "polacas" consta do ano de 1867. Conhecida pela nata da xochiedade ou xoxiedade nacional como a "Organização para a Ajuda Mútua de Varsóvia" da qual origina o termo polaca, esta ONG judaica passou a controlar por terras tupi-guaranis os bordeis, algumas sinagogas, cassinos e até cemitérios semitas para as pessoas dos seus quadros operacionais, digamos assim. Até o presente momento nunca li, ouvi ou soube que a xoxiedade local, intelectual, rica e globeleza mencionou alguma vez este crime contra a mulher. Tudo tão normal quanto um golpe parlamentar, tipo assim natural e singular.

Só para refletir - você acredita que esta ONG acabou com o fim da segunda guerra mundial? Não precisa responder agora - pense!

1937 - A Polaca

A Polaca, assim ficou conhecia da Constituição de Bananaland de 1937, a princípio produzida pelos juristas nacionais, tendo à frente o juiz Francisco Campos (opa). O golpista da época implantou via judiciário uma lei nazista, copia fiel da constituição polonesa, com a finalidade de manter total controle intervencionista sobre tudo e todos.

1977 - As Polonetas

Polonetas é o nome dado a títulos da dívida pública que o governo da Polônia ofereceu ao governo brasileiro para honrar a dívida que o país tinha com o Brasil. Tal dívida foi criada em 1977 quando o governo nacional, sob a égide militar, abriu uma linha de crédito para financiamento das exportações brasileiras para a comunista Polônia. Tal crédito foi aplicado em produtos e serviços do Brasil em valores superiores a US$ 6 bilhões, financiados a curto prazo.

Só depois de todos os exaustivos estudos diplomáticos e contábeis feitos, o então ministro da Fazenda, Mr. Simonsen, percebeu que os poloneses não tinham como honrar seus compromissos com a pátria amada e aceitou os títulos da dívida pública polonesa (As Polonetas) em vez do pagamento em dinheiro, com deságio de 50%, enfim, deu 50 % de desconto sobre tudo. Hoje seria como dar à Polônia US$18 bilhões de dólares e aceitar receber só metade, pois se enganou com a situação econômica do bravos poloneses.

Muito amigo mesmo, este país. Imagina, doar US$9 bilhões de dólares aos poloneses, via Paris, sem pedir nada, sem reclamar de nada, sem ganhar nada com isto. É de emocionar a gente humilde, honesta e trabalhadora da pátria amada salve salve.

2017: A Polaquiúria 

Em 2017, a Polaquiúria, devido a uma hiperplasia da próstata, fez suscitar a bondade do povo alegre e gentil da pátria amada, salve salve. De maneira a agradar a Matrix e a xoxiedade topline , Dom Fenício, O Velho, deu de bom grado aos bons e fieis amigos do norte a módica quantia de US$3 bilhões de reais para que eles relaxem e gozem. E a xoxiedade local, a nata da nata da nata, vai ao delírio, ao gozo pleno - feliz é esta nação cujo fenício é o senhor - Oh glória, e viva as polacas, as polonetas e as polaquiúrias (com disfunção erétil e tudo mais)

Enfim, as polonetas das polacas valeram muito mais que a polaquiúria golpista. Moral da história - Tudo isto é de uma imoralidade sem fim ... salve as mulatas, as polacas e tudo mais.

Fazendo uma pequena alteração na poesia de Dercy Gonçalves, acho que vou revisar o artigo da Lola:

A poloneta da vizinha tá presa na gaiola! 
Xô, poloneta! Xô, poloneta!
A poloneta da vizinha tá presa na gaiola!
Xô, poloneta! Xô, poloneta!

A vizinha é boa praça,
A vizinha é camarada,
Vai soltar a poloneta,
Pra alegrar a garotada!!!

E para vocês um samba de Moreira da Silva para acessar no Youtube - "Judia rara", em homenagem às polacas.

É isto aí!





quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Tiques, táticas e objetivos.

Ele nunca se apercebeu disto, mas trazia na vida a estranha mania de olhar para o lado esquerdo, pressionar os polegares sobre o indicador dobrado em ambas as mãos e morder o lábio inferior quando ia mentir. A esposa, observadora como todas o são, já percebera este proceder ainda na fase inicial do ritual de acasalamento primário, lá nos primeiros beijos quando enamorados e vez por outra o encostava na parede para levantar a possibilidade de ter outra na sua vida ou nos seus sonhos ou nos seus pensamentos.

Um dia, e este dia sempre chega, uma colega de trabalho começou a conversar com ele sobre coisas outras, e dia vai, dia vem, conversa aqui, papo ali, acabou chegando onde queria - foi demovendo-o da mania. Quando teve a convicção de que ele havia perdido o trejeito antigo, partiu para o ataque até arrastá-lo para os seus braços.

E viveram felizes para sempre até que saiu de casa para ser feliz ao seu lado. A conquistadora, observadora como todas o são, já conhecedora dos trejeitos do indivíduo, havia induzido-o a um novo tique, mais discreto, quando mentisse. Este proceder foi instalado na vítima ainda na fase inicial do ritual de acasalamento primário, lá nos primeiros beijos e passou a vez por outra o encostar na parede para levantar a possibilidade de ter outra na sua vida ou nos seus sonhos ou nos seus pensamentos ...

É isto aí!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Cenários estranhos


Nesta manhã organizei minha bagunçada caixa de e-mail. Acordei bem cedo, ainda era cinco horas, fiz o café como gosto de tomar, sentei à frente do computador e resolvi encarar a realidade - 2017 passou. Fui arquivando e-mails que deveriam ser arquivados, deletando os que deveriam ser deletados e lendo os que deveriam nunca terem sido esquecidos.

Fiquei ali, parado, pensando naquilo tudo - lembrando das cartas que ficavam nas gavetas, as pequenas peças de alguma coisa que se alojavam em caixas e vez ou outra sofriam o processo de expurgo. Mas eram coisas materiais, tridimensionais, tangíveis tanto quanto o perfume que ela usou naquela tarde quando a vi passar e a achei linda, desfilando pela Rua São Matheus, até então uma rua normal, de casas e sobrados.

Agora, aqui, separando processos virtuais de coisas reais. É um cenário estranho, estranhíssimo para quem viveu estas duas épocas, quatro, aliás - vi acontecer dentro da minha casa o rádio passar para a televisão preto e branco, esta se transformar numa colorida em caixa de significativo volume, até chegar aqui, num teclado que apenas lembra minha Remington.

Quanta saudade agora presa num ambiente virtual, derivando processos binários que desconheço, numa linguagem cibernética que ultrapassa minha capacidade de perceber a transformação da mente humana em algo interativo com a máquina.  

Enquanto isto, o mundo anda, os golpes e os golpistas se valem do retardamento generalizado e os espertos, ah! - os espertos, sempre acabam caindo no abismo dos próximos espertos. Não tem lugar para bonzinhos, mocinhos e heróis nesta humanidade que está recomeçando a crer que a Terra é plana - mais idiota, impossível, ou não, nunca se sabe.

Falando nos terraplanários, há também esta caça aos assediadores de mulheres. Tem algo aí, por mais  heterodoxo que pareça, tem algo aí, tal qual a terra plana. Dias piores virão! É provável que você nunca tenha ouvido falar na expressão PSYOP - mas cuide-se, ela está em todos os lugares ao mesmo tempo, de várias formas, de várias cores, de várias maneiras diferentes. 

Enquanto isto, na pátria amada idolatrada salve salve, a hipocrisia da vênus platinada propõe trocar o comando da trupe do picadeiro - quer retirar um fenício velhaco e colocar um hebreu hummm, digamos assim ... hummmmm, uma loooooooouuuucura de pau de dar em doido, como diria minha avó, pois por este caminho, quanto pior, pior!

É isto aí!




terça-feira, 9 de janeiro de 2018

História para aquecer o coração - Não larga nunca mais da minha mão!


Suspirei em profunda dor, ainda tragando a fumaça do cigarro totalmente amassado na noite anterior, quando jurei a ela nunca mais fumar e joguei os três pacotes no lixo. Mas não tive como manter a promessa. Ela nem ao menos foi original - disse que iria na padaria e partiu sem dizer adeus. O lixo só seria recolhido na quinta-feira. Revirei a lata e consegui resgatar apenas um maço que ainda não fora atingido pelas águas da chuva que derretia o mundo em dilúvio há pelo menos sete dias. 

Sentei na cadeira da varanda que dava para o quintal, coloquei os pés cruzados na mureta, lembrei das garrafas de tequila que havia enterrado quando também jurei nunca mais beber, há cerca de duas semanas, mais ou menos. Busquei na confusa memória o local - era entre a jabuticabeira e a cerca viva que nos separara na infância, quando fomos primeiro vizinhos, depois indiferentes, depois amigos, depois namorados, até que na juventude, no baile de formatura da faculdade, fugimos para uma aventura que durou até o dia que eu soube que meus pais faleceram num acidente.  

Voltei para o lar derrotado, e ela ao lado, como porto seguro. Além da cerca viva ainda residiam os seus pais, que se recusaram a reconhece-la como filha depois de fugir com uma pessoa da minha qualidade. Queriam um médico, um advogado, um engenheiro, mas um poeta? Onde vai dar isto, minha, filha? Vão viver de rimas? Filha, ele é um poeta ... - falava a mãe como se aquilo fosse um crime hediondo. Ele escreve versos sem métrica regular, livres, soltos, sem rima entre si, os malditos versos brancos que destroem a candura da poesia. Como ele vai te sustentar? Como vai dar tudo que sonhamos para você, filha? Abandone-o e nós te perdoaremos.

Não só não me abandonou como também foi não foi perdoada até que ... - bem, um mês depois de nos instalarmos na casa dos meus pais, seus pais partiram na madrugada para uma casa que tinham no campo, herança da avó materna, eu acho. Nenhum bilhete, nenhuma carta, nenhum adeus. Aquilo a fez chorar por dias seguidos. Nunca mais seríamos os mesmos, pensei.

Mas ela, ah! - mas ela era um fenômeno de superação. Sabe de uma coisa? Nunca mais vou chorar por eles, pois não morreram, mas promoveram uma ruptura com uma vida que poderia ser feliz de forma definitiva. Rimos e nos amamos por dias sem fim. Foi então que pensamos em filhos para fazer valer nossa união e gerar a perpetualidade do nosso amor. Muitos filhos, ela dizia e sorria - eu quero pelo menos cinco crianças nesta casa e ria descontroladamente.

Vieram crises financeiras, a fome, a depressão, as brigas fúteis e dois abortos espontâneos, outro de forma trágica e uma gravidez ectópica que quase a levou embora. Fim da história. Não aguentou, não suportou, não desejou entender que eu a amava. Não queria que os pais dela a vissem assim, perdida. Partiu em busca do perdão, fugindo de si mesma para se encontrar de outra forma, achava talvez que eu não a merecesse, talvez a sua mãe estivesse certa, talvez a conspiração da natureza fosse um castigo divino, etc, e olha, eu a amava em qualquer natureza de qualquer dimensão de qualquer planeta.

Passou uns seis meses, numa noite quente e abafada, quatro horas da manhã, cochilando na mesma cadeira, senti o perfume que a identificava. Achei que era um sonho. Fiquei um tempo respirando fundo para reter aquele ardor de saudade, até que ao levar a mão no braço da cadeira para me apoiar com o intuito de levantar-me, dei com a mão dela presa à minha e ela ali, ajoelhada, olhos esbugalhados e com sorriso trêmulo. Murmurou com a voz embargada - não larga nunca mais da minha mão! Trouxe-a ao colo, aninhamos num só vulto e choramos até acabar a vontade de chorar. Não precisávamos dizer mais nada. Era hora de fugirmos juntos dali novamente. 


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Bananaland de volta ao passado dos outros.

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Imagine uma sociedade sendo violentada por processos independentes da vontade popular, governada por uma nobreza corrupta e amoral, que invadiu e tomou de assalto o Estado;

Imagine a formação de um sistema feudalista, com a dominação de uma cultura estrangeira;

Imagine a ruralização da economia, baseada na agricultura, com pouco uso de moedas, formação de pequenos feudos amparados pelo poder central, protegidos pela igreja e pelo sistema judiciário, e com poucos contatos comerciais externos;

Imagine o enfraquecimento do poder político, passando a ser descentralizado e fragmentado, com a força política e econômica apenas nas mãos dos grandes senhores feudais;

Imagine o retorno da sociedade de castas, uma sociedade estamental e hierarquizada. A Sociedade Estamental, como sabemos, ao contrário da Estratificada, representa a estrutura social típica do sistema feudal, dividida nos estamentos (grupos sociais), onde quase não existe mobilidade social, ou seja, a posição do indivíduo na sociedade dependerá de sua origem familiar, por exemplo: nasceu servo, morrerá servo.

Imagine o fortalecimento do neo-cristianismo e crescimento do poder das Igrejas neo-cristãs;

Imagine o empoderamento do Teocentrismo da Prosperidade e enfraquecimento da cultura laica;

Imagine o fim dos direitos individuais, trabalhistas e coletivos, com invasão da privacidade e empobrecimento de várias cidades. 

Pareceu familiar para você?

Pois é ... estas são as principais características, numa versão atualizada, do que a História assinala como sendo a Alta Idade Média, que é o período da história Medieval que tem início na queda do Império Romano do Ocidente (476) até o ano 1000. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

É isto aí!

domingo, 7 de janeiro de 2018

Rio de janeiro, Capital Buenos Aires

Tratado Tordesilhas - 1494

Dia destes subimos o Monte do Oráculo para ouvirmos o Mago da Pitangueira sobre o futuro da pátria amada idolatrada salve salve. Assim disse o Mago:

Do jeito que a coisa vai, em breve, muito em breve, reunir-se-ão em Tordesilhas reis e rainhas dos reinos do norte, que ali estarão para ratificar o tratado anterior, versado em 1494.

Um dos oradores, famoso locutor das multidões globelezadas, trêmulo, emocionado diante do fato histórico, dirá ao microfone aberto:

Bem amigos, senhoras e senhores, ladies and gentlemen, Lords and Knights, my queen and my king - A data de hoje fará jus à história, à nossa história. Falamos aqui de um dos poucos tratados em vigor até a presente momento, este Tratado de Tordesilhas, que estabeleceu a divisão das terras futuramente reveladas ao mundo, mas já descobertas, documentadas e mapeadas nos meados do século XV pelos nossos celtas e pelos malucos dos vikings.

Aqui ao meu lado, na mesa dos trabalhos estarão junto com vocês em tempo integral, o democrático representante apache, com seu indefectível penteado dourado cafona, a rainha dos bretões e seu ar blasé, além de alguns pseudo-nobrezinhos do submundo equatoriano, tais como Dom Michel, o Velhaco Pífio e Dom Maurício, de Portenha Embófia e outros de tão ou menor inexpressiva presença.

Antes de começar o espetáculo, segura só um pouquinho, aja e reaja coração. Saibam que somente o líder máximo, o super poderoso, o nosso representante planetário de peruca laranja, o Apache Louco, terá a palavra e ninguém mais poderá falar. 

Corta para o Apache Louco, que dirá com sua voz rouca e cavernosa: 

Prezados membros deste nobre evento, e aqui me cumprimentando a mim mesmo com este abraço que me dou, considero todos e todas cumprimentados não necessariamente com o mesmo entusiasmo, sigo afirmando e tomando conta de tudo, baseado nos seguinte processos:

1 - considerando que o fenômeno El Niño é a marca da devastação ibérica no novo mundo;

2 - considerando que o Montezuma era nosso aliado contra as forças opressoras do comunismo;

3 - considerando que em todo o século XV o número de anos com dois eclipses foi de oitenta e quatro, o número de anos com três eclipses foi de  dez o número de anos com quatro eclipses foi de apenas seis; 

4 - considerando que eu não tive conjunção carnal com a Brigitte Bardot, nem com a Gina Lollobrigida, nem com a Marilyn Monroe,  nem com as ninfas gregas; 

5 - considerando que foram os celtas que fundaram a Lusitânia, logo ela é nossa;

6 - considerando que  a Lusitânia está até hoje no processo de busca e espera sebastianista;

7 - considerando que a realeza espanhola está para perder a Catalunha, o Messi e o Cristiano Ronaldo;

8 - considerando que a Casa de Habsburgo à qual pertenceu Maria Leopoldina de Áustria, esposa do Imperador Dom Pedro I e mãe do último Imperador brasileiro Dom Pedro II e da rainha Dona Maria II de Portugal nunca contestou o Tratado;

9 - considerando que Pelé e Maradona jamais  jogariam na NFL;

Eu, pelos poderes a mim conferido por esta mesa, declaro como Lei Universal, sem direito a veto e em sã consciência, que:

1 - O Tratado de Tordesilhas de 1454 já incluía nossa pátria amada dos reinos do norte, os apaches e os sioux, 
2 - Em sendo a verdade vista desta forma, determino que tudo aquilo ali embaixo é nosso por que sempre foi nosso, em nome e pela memória do fiel Rei Henrique VI. 
3 - Fica decretado que da Linha do Equador para baixo tudo é Rio de Janeiro e a capital da província doravante é Buenos Aires. 

Já despedindo de nós, concluiu o Mago da Pitangueira a sua visão futurista com um enigma:

Meus filhos, assim falava Tom Zé:


É isto aí!



sábado, 6 de janeiro de 2018

Tragédia Brasileira (Manuel Bandeira)

PS - Segundo a crítica especializada ouvida pela Pitangueira, qualquer semelhança com a midiotizada crace mérdia de Bananaland não é só coincidência, é a merdinha de vida que escolheram imitando a arte em favor da sua mediocridade.

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Tragédia Brasileira (Manuel Bandeira):

Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade,

Conheceu Maria Elvira na Lapa, - prostituída, com sífilis, dermite nos dedos,
uma aliança empenhada e o dentes em petição de miséria.

Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou
médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.

Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado.

Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez
nada disso: mudou de casa.

Viveram três anos assim.

Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.

Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos,
Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua
Clapp,
outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato,
Inválidos...

Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de
inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em
decúbito dorsal, vestida de organdi azul.

É isto aí!

À flor da pele (Chico Buarque)

O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza

Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho

O que será, que será?
Que vive nas ideias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos, dos desvalidos
Em todos os sentidos

Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Tarde demais

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Esperou tensamente
amanhecer
o primeiro de janeiro
para ver o mar.
O ano era um qualquer da infância.
O mar não veio, como disse o pai.
o mar não veio ...

Melhor assim,
meditou,
pois ficaria frustrado
se fosse ele a não ter ido
ao encontro do gigante
que une todos os povos
de todas as nações do planeta.
O mar não veio ...

Numa tarde da juventude
em ocaso,
quase noite de maio,
aguardou ansiosamente pela moça
a qual havia enviado flores,
bombons e
um bilhete apaixonado.
Deu meia-noite
e a moça não veio.
a moça não veio ...

Melhor assim, pensou,
pois ficaria arrasado
se fosse ele ao encontro
do vazio
onde deveria estar o seu amor
bateu um vento frio.
A moça não veio ...

Numa destas tempestades
da labuta cotidiana
por erro de conduta
traiu a companheira
com a amiga
a melhor amiga
agora adúltera.

O perdão não veio.
Melhor assim, filosofou,
agora estava livre
para ver o mar,
esperar a moça na praça,
mas ...
tarde demais
até mesmo para sonhar.
Fugiu com a amiga.

É isto aí!