Milton Campos, político mineiro tinha como marca pessoal uma fina ironia e sempre respondia as perguntas mais desafiadoras com frases bem humorados. Em 1947 foi escolhido para ser candidato ao governo de Minas pela UDN.
A direção do partido considerava certa sua derrota ,mas com sua habilidade política começou a alterar o quadro eleitoral e quando seu favoritismo começou a ser notado, os que desacreditavam em sua eleição quiseram saber dele o que achava da possibilidade de vencer a eleição. Ele tolerantemente respondeu “Corremos o risco de ganhar...”
Foi eleito governador de Minas em 1947,vencendo Bias Fortes, e logo demonstrou a sua grandeza e seu carisma.
Autorizou a volta do carnaval de rua, que foi saudada com entusiasmo. Os cinemas, lotados, provocavam risos, lágrimas e suspiros. E o Plano de Recuperação Econômica e de Fomento da Produção, lançado pelo governador recém-eleito, agitou os meios políticos.
O Estado, dizia o plano em linhas gerais, deveria participar e orientar o processo de crescimento. Essa era a receita para Minas crescer. Ainda que um pouco tímido, começava a entrar em cena o Estado-Patrão. Apesar de ser considerado um homem conservador, o governador Milton Campos era, sobretudo, surpreendente.
A maior ousadia do Plano de Recuperação Econômica não foi apenas planejar o crescimento industrial de Minas Gerais, e nem modernizar a agricultura levando ao campo a irrigação, a drenagem, os adubos e a qualidade das sementes. Tampouco foi apenas criar bases para Minas começar a substituir as importações e mostrar que, para crescer, o Estado precisava de energia elétrica barata. Foi, sim, entregar ao Estado-Empresário, as rédeas do desenvolvimento econômico, através da análise e do diagnóstico.
Em 1947, o potencial hidrelétrico de Minas era invejável, cerca de 6 milhões de cavalos-vapor. Mas somente 2,7% desse potencial eram aproveitados. Foi somente com o Plano que Minas aprendeu que não era preciso somente fornecer energia à população, mas sim oferecê-la o mais barato possível. O Estado, então, começava a mudar. Belo Horizonte começava a sofrer de outra febre muito rentável aos cofres do governo, a febre imobiliária. Surgiam, como por mágica, grandes edifícios.
Durante sua gestão no governo mineiro, no final dos anos 40, Minas Gerais deu os primeiros sinais de progresso efetivo, com a cara da capital BH sendo modificada de forma radical pelos novos imóveis e com o governo, que fomentava a produção, passando a oferecer eletricidade barata. Resultado: alavancados pela expansão desses dois itens, os recordes eram vistos em todos os setores da economia.
Milton Campos tornou-se lendário e exemplo de bom senso foi quando diante de uma interminável greve de ferroviários (dizem que era em Divinópolis) alguns assessores sugeriram-lhe que enviasse soldados da policia estadual, para acabar com a greve. Ele calmamente lembrou-se de alternativa: “Não seria melhor mandar o trem pagador?”
Doutra feita vieram fofocar com Milton Campos que um antigo aliado em certa cidade mineira passara a atacar seu governo, assessores exigiam do Governador uma reação, mas ele lembrou “Falar mal do governo é algo tão agradável que este privilégio não deve caber apenas aos homens da oposição. As vezes, até eu mesmo tenho vontade de criticar esse governo”.
É isto aí!
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