sábado, 24 de abril de 2021

Sobre a Ordem das Estrelas da Via Celestial



Silêncio total no Centro da Libertação Universal, um templo salvífico  da Ordem das Estrelas da Via Celestial. O Pacato, uma espécie de sacristão da ordem, apenas como grau comparativo, subiu lentamente os passos da Rampa do Pantheon.

Aqui cabe uma observação de que o Pacato não poderia ser qualquer um, pois nos Estatutos e Autos da Libertação do Templo, o Pacato era um escolhido ainda no ventre da mãe para ter um passo medindo exatamente 41,5% da sua altura, de tal maneira que ao percorrer os 24 metros da Rampa do Pantheon, deveria ser capaz de fazê-lo naturalmente com 20 passos. Deveria, pois, medir exatamente 1,9277 metros, que era a medida exigida e enviada pelo Supremus Maximus.

Ao chegar no Ápice Místico, o Ponto Magistral, batia 13 vezes no Sino Celestial, despertando aquele que dorme em nove dimensões, o Supremus Maximus, o mais alto, superior ao Superos Máximus, intermediário abaixo do Supremus e acima do Super Máximus, que está logo acima dos mortais, e o único autorizado a conversar com a humanidade através de Cepheus, o Grande Líder, o Mestre Minor Máximus

O Pacato, então batia três palmas e a Horda das Angélicas Tártaras, no total de 21 virgens, entoava o Cântico de Antares, melodia enviada pelos que habitam as nove dimensões. Ao final de 11 minutos, o Pacato batia o segundo Sino Celestial, convocando Cepheus, a Luz que permeia a vida do Planeta.

O Grande Líder, o Mestre Minor Máximus sobe ao altar por um elevador vindo do subsolo. Explodem as luzes,  a Horda das Virgens entoa um canto catártico, as luzes são todas dirigidas para Cepheus, Aquele que Dança sob a Harpa e Cânticos das Virgens do Super Máximus. Cepheus foi assim denominado diante de consagração mística a  Máximus em suas três manifestações. 

Cepheus, em seu terno Lamê dourado com franjas e camisa salmão, acenava para o público em histeria celestial. Levantou a mão direita, a mão dos anéis, abençoando seus fieis. Gritos, desmaios, possessões, elementos do submundo saltitando aqui e ali, transes de várias matizes, palavras estranhas ininteligíveis e muitas outras coisas atingiam o clímax neste ato, até que levantasse  a mão esquerda, a mão nua, que seduzia e apaziguava todos os presentes. 

Quanto à Mão dos Anéis, com exceção do polegar, cada um dos quatro dedos tinha um anel contendo uma pedra rara, que deveria ser beijada somente com sua permissão, no dedo que indicasse. Assim, a Pedra de Ágata, no indicador, seria beijada apenas pelos amigos próximos. A Pedra de Calcita Verde, no dedo anelar era para aqueles perdoados que necessitavam da sua compaixão. A Pedra de Ametista, no dedo mínimo deveria ser beijada pelos que necessitam de cura física ou espiritual e a Pedra da Granada Vermelha, no dedo médio, era exclusivamente permitida somente e apenas para as vinte e uma virgens da Horda das Angélicas Tártaras. 

Depois de três horas de pregação, tocando a todos e todas da forma como devem ser tocados e tocadas, Cepheus olhou para o infinito, viu uma imensa Porta Dourada se abrindo ao fundo do Grande Templo. Aponta com o indicador da Mão Nua, todos olham extasiados para a Porta Dourada. Alguns viram anjos, outros parentes falecidos, outros viram amigos, ex-amores e outros não viram nada. 

Cepheus grita no mais alto tom - corram!!! Corram para a salvação. Os fiéis saem atropelando uns aos outros e ao passar pela Porta Dourada entram no Grande Shopping Supremus, onde compravam tudo que precisavam ou não, para deleite dos deuses.    

É isto aí!





 

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