sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O amor eterno de Laurinha!


Laurinha e Julinho pareciam viver a plena harmonia do casal perfeito. Ele, jovem executivo com futuro promissor e ela uma excelente professora universitária cursando o doutorado em Filosofia Kantiana. Laurinha amava Julinho, melhor, Laurinha entranhou na vida, no corpo e na alma de Julinho. Era uma obsessão.

Ligava o dia todo, mandava e-mail, mandava msn, fiscalizava o Facebook, pagou um detetive para espioná-lo quando suspeitou que Julinho deu dois suspiros em um mesmo final de semana. - Julinho, eu te mato e me mato em seguida, mas sem você não fico! Dizia nas convulsões e nas conversas aflitivas em lençóis de linho egípcio de 400 fios.

Mas Julinho ficava na dele. Achava aquilo tudo natural. Além disto Laurinha era uma amante completa, de cama e mesa, com papo acima da média e cultura invejável, alem de ser linda. Mas a paranoia foi aumentando, aumentando, até que Laurinha obrigou Julinho a passar-lhe todas as senhas que possuía. Algemado, em êxtase plural proporcionado por um frenesi inebriante, cedeu aos caprichos da deusa louca do amor total.

Mas para surpresa de Laurinha, nada encontrava nas páginas eletrônicas, nenhum vestígio de outra pessoa entre os dois. Julinho era metódico em tudo, incluindo horário de sair, de chegar, banho, dormir, etc. E sua vida cibernética era um tédio sem fim. Julinho nem documento carregava, nem celular (um ficava em casa e o o outro no escritório), achava tudo aquilo uma bobagem. Laurinha, de certa forma sentiu-se frustrada com o vazio de informações.

Um dia, e este dia chega, recebe um telefonema de uma assistente social, perguntando se era a esposa de Julinho. Sim, respondeu aflita. Avisaram que ele havia sofrido um acidente, estava grave e necessitava de uma pessoa da família para comparecer urgente ao Pronto-Socorro. Laurinha virou os olhos, tremeu todo o seu corpo escultural, arrepiou toda a extensão de pele, e fez a pergunta apocalíptica:

- Escuta, querida, ele está podendo falar?
- Não senhora, ele está inconsciente.
- Ele tinha algum documento, telefone, alguma coisa que o identificasse, por que pode não ser ele.
- Com certeza é ele, senhora.
- Mas como com certeza?
- É que a moça que o acompanhava quando chegou, Fernanda, foi quem deu seu telefone e os dados iniciais..
- Alô..Alô..Dona Laurinha...

Em poucos segundos Laurinha atravessou a cidade, entrou de rompante pelo Hospital, foi direto onde estava Julinho, e esganando-o, aos berros gritou: "quem é Fernanda??? Quem é esta vaca desta Fernanda???

Correram todos, seguraram a moça, e Julinho, olhando apaixonadamente para ela, deu seu último suspiro. Laurinha desabou, sentiu-se um vaso quebrado em milhares de pedaços, não viu mais nada. Acordou dois dias depois, tendo ao lado um médico que parcimoniosamente a examinava.

Apaixonaram-se...

Laurinha e Carlinhos pareciam viver a plena harmonia do casal perfeito. Ele, jovem médico com futuro promissor e ela uma excelente professora universitária doutora em Filosofia Kantiana. Laurinha amava Carlinhos, melhor, Laurinha entranhou na vida, no corpo e na alma de Carlinhos. Era uma obsessão.

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