domingo, 22 de dezembro de 2013

Eu te amo, eu te odeio, sei lá!



- Eu te amo, falou Marcinho, enquanto franzia a testa, cerrava os olhos e unia os lábios em posição de ataque.

- Ah, está bem, comentou Emilinha, marcando distância com a mão esquerda sobre o ombro direito de Marcinho, com o braço ligeiramente esticado.

- Como assim "está bem"? Eu te amo Emilinha, o que mais espera de mim?

- Ainda pressionando com o braço o corpo teso e inclinado de Marcinho: Nada, não posso esperar mais nada.

- Emilinha, casais que se amam se entregam ao encontro do amor. Onde está sua afetividade?

- Acho que deixei na sorveteria...aquele sorvete de casquinha com cobertura de chocolate...hummm...

- Você não está levando meus sentimentos a sério...

- Marcinho, olha que coisa ridícula nós dois!

- Emilinha, um tal de Fernando Pessoa falou que todas as cartas de amor são ridículas.

- Como você é ridículo, Marcinho.

- Meu amor por você, Emilinha, é o caminho a ser percorrido na busca pela felicidade, pois, é uma única experiência na qual posso obter a mais intensa experiência referente a uma transbordante sensação de prazer.

- Caramba, para de confundir as coisas, Marcinho, que papo é este de prazer comigo?

- Emilinha, desejo que saiba que escolhi a via do amor sexual com e por você como tentativa de encontrar a felicidade.

- Marcinho, isto o fará se tornar dependente de parte do mundo externo de uma maneira bastante perigosa, pois, a dependência do objeto amoroso escolhido, pode causar-lhe um sofrimento extremo caso perca seu objeto.

- Emilinha, saiba que a busca pelo objeto de amor, que é você, representa uma tentativa de recuperar meu narcisismo infantil perdido, a fim de retornar à sensação ilusória de onipotência e completude vivenciada em minha relação primitiva com minha genitora.

- Acabou, Marcinho...

- Emilinha, não, por favor não...

- Marcinho, por favor, acabou...

- Emilinha, eu te suplico...por favor...

- Márcio Antônio Fragoso Fontes, faça o favor de sair desta sala agora. Estou mandando! Seu tempo acabou.

- Detesto quando me chama pelo nome completo...Eu odeio você quando manda em mim e faz isto só para parecer com minha mãe...Emilinha, eu te odeio...tudo bem, tudo bem...eu vou embora...

- Semana que vem, no mesmo horário, Marcinho, não se atrase...

É isto aí!

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