segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Lino e as cabras - Casos do interior



Lino e as cabras

Manhã tranqüila numa cidadezinha lá no interior do interior das Minas Gerais. O dia lá ia amanhecendo meio dourado, meio azul claro, entre as montanhas. O cheiro do mato percorria as ruas do lugar e cada um já se pronunciava para os vizinhos, varrendo a calçada, buscando pão, e falando da vida.

O padre, em frente à igreja, vê passar um garotinho, bem magrinho, destes subnutridos, se tivesse muito, tinha lá seus dez ou onze anos no máximo. Os pés estavam descalços, sofridos e sujos, franzino, meio esquálido, ar assustado de sono com olhos esbugalhados. Chapéu de palha de aba curta, roupinha simples, mas arrumadinha, e vinha lá tocando umas seis cabras, com uma varinha.

A da frente ia com um sinete, alertando e chamando as demais que a seguiam, de maneira que o esforço que o garotinho conseguia era suficiente para manter as cabras reunidas e fazê-las caminhar.

O padre, observando a cena, começa a imaginar se aquilo não seria um caso de trabalho infantil, pois a escola já estava abrindo os portões e aquele menino deveria estar em sala de aula, e ao invés disto estava ali, trabalhando duro.

Compadecido, resolve abordar o pobre menino :
- Olá, meu jovem. Como é o seu nome?
- Lino, seu padre, filho de Nonô, neto de Nhô Chico.
- Ah! Sei quem é a sua família, muito bem, gente boa. Mas o que é que você está fazendo com essas cabras, Lino, que não está na escola?
- É pro bode do Seu Zé de Paula cobrir elas, seu padre. Estou levando elas lá prá fazenda do seu Luiz Carlos, que onde seu Zé de Paula tem um bode bom de cobertura. Deixo lá, corro pra escola e de tarde pego de volta.
- Me diga uma coisa, Lino, seus irmãos mais velhos não poderiam fazer isso?
- Já fizeram seu Padre... Mas num dá cria... aí meu pai falou que tem que ser um bode mesmo!

É isto aí!

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