Depois de dois anos de namoro, um ano de compartilhamento de teto e muitas brigas, tapas e desacatos, terminaram de uma forma ridícula. Ele saiu para comprar cigarros e somente no dia seguinte ela deu conta de que nunca fumou na vida.
Era a senha para a liberdade, pensou.
A primeira semana mandou bem, a segunda começou a ficar estranha e já no meio da terceira, num desespero que desconhecia em si, buscou conforto espiritual numa consulente que colocou um cartão no para-brisa do seu carro. Achou que aquilo era uma resposta aos seus apelos.
A mulher, sem adereços ou roupas exóticas como pensara que estivesse, a recebeu candidamente, conduziu-a para uma sala espartana, com uma mesa e duas cadeiras de encosto alto e madeira maciça. Ao lado um jarro com água e gelo, dois copos normais e por sobre a mesa uma toalha branca de renda, já marcada pelo tempo.
Entre lágrimas cortou o Tarot, e enquanto a consulente abria as cartas, trêmula, saiu em disparada solidão pelo estreito corredor, desceu as escadarias em pânico e fugiu em tosca corrida até um ponto de táxi, onde adentrou e com muita dificuldade falou o endereço desejado.
Horas depois atendeu ao interfone, o rapaz se identificou como o motorista do táxi e queria entregar-lhe a carteira esquecida no veículo. Mandou subir, conversaram até a noite envolver o mundo. No dia seguinte lembrou-se que o carro ficara no estacionamento próximo à taróloga. Ligou para ele e foram buscar o automóvel.
No dia seguinte tornou a ligar e ele passou a voltar, a voltar, a voltar até que nunca mais saiu da sua vida.
É isto aí!
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